HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Voluntários há um ano a dar comida quente aos sem-abrigo
Equipas de voluntários dedicam muito do seu tempo a "aconchegar o
estômago" e a "distribuir alguma esperança" a sem-abrigo de Viseu que,
um ano depois do início do projeto "Colher de Esperança", aumentaram de
11 para 40.
"Em
junho de 2012 iniciámos uma atividade de apoio social aos sem-abrigo,
tendo servido 11 refeições logo na primeira saída. Atualmente, este
número está perto de 40 e só não é maior porque fazemos um levantamento
criterioso do que é um sem-abrigo", revelou Diana Costeira do grupo
"Colher de Esperança".
Ao todo, são nove as equipas,
constituídas por seis ou oito pessoas, que todos os sábados e domingos
do último ano têm saído às ruas de Viseu para distribuir um "kit" de
comida quente a quem nada, ou quase nada, tem.
A estes 63 voluntários juntam-se ainda elementos do Grupo Bora-Lá, que colaboram dois sábados por mês.
Em declarações à agência Lusa, Diana Costeira admitiu que a
tendência é para que o número de sem-abrigo aumente, como consequência
da crise que o país atravessa.
"Sem-abrigo não é só aquele que não
tem teto, é um pouco mais do que isso. E consideramos que existe muita
pobreza envergonhada da qual não se tem conhecimento", sustentou.
Ao
longo deste primeiro ano de atividade, os grupos de voluntários
acompanham de perto alguns casos de vida em pobreza extrema, como o caso
de dois homens que partilham uma casota de madeira de pouco mais de
três metros quadrados e "onde chove por todo o lado".
"Há também
um senhor que vive dentro de uma caixa de papelão ou um casal, que teve
recentemente um filho, a viver numa casa abandonada", descreve.
A
também diretora da Associação Social, Cultural e Espiritualista de Viseu
evidenciou ainda o caso de uma idosa de 90 anos, que apareceu pedindo
comida para duas pessoas de rua que acolheu na sua casa.
"A sua
reforma é pequena e não dá para os alimentar. Cito este caso, não tanto
pela extrema pobreza, mas pela lição de vida, pois quem menos tem é quem
mais quer ajudar", acrescentou.
Diana Costeira informou que para
além da distribuição de refeições quentes aos sem-abrigo, é ainda dado
apoio alimentar a 72 famílias carenciadas.
O trabalho dos
voluntários "vai muito para além do dar um saco de mercearia
mensalmente, já que também promove sessões com as famílias que apoia",
no âmbito da toxicodependência, higiene em geral, educação para a
sexualidade, gestão e economia doméstica, entre outros.
"Não damos
só o peixe, mas pretendemos dar a cana para ensinar a pescar. Outro
ponto positivo prende-se com o facto de muitos daqueles que vão buscar a
sua refeição acabam por ficar um pouco mais para conversar connosco e
desabafar", alegou.
Diana Costeira sublinhou que, para que todo
este auxílio chegue a quem mais precisa, conta com a ajuda de mais um
grupo de voluntários, a "Caravana Francisco de Assis", que sai à rua um
domingo por mês, batendo de porta em porta, com o intuito de recolher
alimentos, roupa e outros bens. Só não aceitam dinheiro.
Para o
próximo ano, o objetivo passa por "continuar a servir refeições, já que é
uma forma de detetar situações de extrema pobreza".
No entanto,
avança que pretendem "conseguir um espaço, que já está pedido à
autarquia de Viseu, para que a equipa de técnicos possa fazer um outro
tipo de trabalho com os sem-abrigo, em articulação com a Segurança
Social e outras instituições".
* Um belo exemplo no Dia de Camões.
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