HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Noronha quer sancionar empresas
que entopem tribunais
O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Noronha do
Nascimento, defendeu hoje sanções para as empresas que entopem os
tribunais com ações tendentes à recuperação de crédito malparado.
Noronha de
Nascimento referiu à agência Lusa que "o lixo tóxico tem de ser tirado
dos tribunais" e sustentou que "tem de haver medidas legislativas, para
que essas ações não possam vir a entupir os tribunais".
O juiz conselheiro, presidente do STJ até 12 de junho, preconizou "sanções às empresas, por exemplo, com sede em crédito".
"Já
houve algumas medidas que foram tomadas, mas acontece que o lixo tóxico
permanece nos tribunais", disse Noronha do Nascimento, orador no ciclo
de conferências "Cidadania e Desenvolvimento: a governação e a
organização do sistema de justiça", promovido pelo Centro de Estudos
Sociais, no Auditório do Centro de Informação Urbana de Lisboa.
O
juiz, que afiançou que "há uma pressão muito grande por parte das
empresas credoras para não haver medidas para acabar com o lixo tóxico",
lembrou que existem "três hipóteses possíveis", a primeira das quais o
modelo holandês.
"Devia haver, como na Holanda, tribunais específicos para aquilo e os outros tribunais funcionavam normalmente", salientou.
As
outras duas soluções apontadas são "as empresas credoras, com crédito
malparado, não poderem cobrar a partir de certo montante" ou "não
poderem cobrar até certo montante".
Noronha do Nascimento
ressalvou que a ação executiva "é um dos maiores cancros da Justiça
portuguesa" e observou que, apesar de alterações em 2003, "para o
cidadão foi uma catástrofe".
O presidente do STJ alertou também
para a "divergência de jurisprudência" com a revisão do código
administrativo, questionando "por que não se pode julgar tudo no mesmo
processo".
Como exemplo, Noronha do Nascimento aludiu a um
processo de negligência médica, em que um médico seria julgado nos
tribunais comuns pelo ilícito criminal e nos admnistrativos para fixação
de indemnização compensatória à vítima.
"Esta questão não foi solucionada por motivação estritamente corporativista", disse.
Noronha
do Nascimento salintou também que "o grande problema do tribunais não
tem a ver com problemas de legitimidade política, mas com a sua
organização", e afirmou que "a legitimação social tem de ser assegurada
nas dificuldades do nosso quotidiano".
* Que existam tribunais específicos para cobrança de dívidas concordamos, mas penalizar empresas por quererem que lhes paguem o que devem é outra história, iria beneficiar o caloteiro.
Não nos parece que as empresas entupam os tribunais, falta drenagem em condições, demoram-se anos a julgar um caso de pedofilia ou um crime de colarinho branco.
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