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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
União Europeia vai impor “restrições severas” às remunerações dos banqueiros
Apesar da oposição de Londres, a União Europeia
está pronta para avançar com legislação para limitar as remunerações dos
gestores da banca. O valor dos bónus não poderá superar o salário.
A União Europeia vai avançar com
legislação para limitar as remunerações dos banqueiros que, de acordo
com o Financial Times, inclui as “restrições mais severas” desde que
teve início a crise com origem no sector financeiro, em 2008.
De acordo com o jornal britânico, as negociações para adoptar uma
maior restrição às remunerações dos banqueiros terá nesta uma semana
decisiva, com Londres aparentemente a ser derrotada num assunto deveras
importante para a City da capital do Reino Unido.
A iniciativa de adoptar esta legislação mais restritiva tem sido
liderada pelo Parlamento Europeu e tem agora o apoio da França, bem como
da Alemanha, que não quer que este tema dos bónus dos banqueiros
comprometa a adopção de regras de capital mais exigentes para o sector
financeiro.
A Irlanda, que tem neste semestre a presidência rotativa da União
Europeia, confia que tem já o apoio da maioria dos países sobre esta
legislação, pelo que pretende passar a proposta de legislação ao
Parlamento Europeu nesta quinta-feira.
Uma das regras propostas passa por limitar o valor dos bónus pagos
aos banqueiros ao valor dos seus salários. O valor do bónus só poderá no
máximo duplicar o salário caso tenha um apoio de uma grande maioria dos
accionistas do banco em causa.
Actualmente grande parte das remunerações dos banqueiros advém de
prémios e bónus. É precisamente isto que Bruxelas pretende contrariar,
impedindo assim os banqueiros de adoptarem uma gestão mais arriscada
para ganharem prémios em prazos curtos.
Na City os banqueiros estão em “pânico”
Londres está contra a imposição deste rácio entre bónus e salários,
argumentando que o resultado será a subida acentuada do valor do salário
fixo mensal dos banqueiros. “Sempre fomos a favor de um regime mais
rigoroso, mas temos que ter a certeza que uma reforma não crie
incentivos involuntários que venha a resultar no contrário daquilo que
se pretende”, refere o Governo britânico num documento sobre esta
proposta, citado pelo FT.
Se neste rácio a probabilidade de Bruxelas ceder a Londres é
diminuta, há outras pretensões britânicas que podem ser acolhidas. Uma
delas passa por não obrigar os bancos europeus a aplicar estas
restrições salariais às filiais que detêm fora da União Europeia.
Na City em Londres a proposta legislativa está a ser muito mal
recebida. “Os bancos estão em pânico”, disse ao FT um diplomata
envolvido nas negociações. “Sempre pensaram que o Reino Unido e a
Alemanha os iriam salvar”, acrescentou.
De acordo com o jornal britânico, Berlim estará ao lado do Parlamento
Europeu nesta temática dos salários dos banqueiros, para garantir que
os deputados não bloqueiam a imposição de rácios de capital mais
robustos ao sistema financeiro.
O ministro das Finanças britânico tem mantido conversações com o seu
homólogo alemão sobre os salários dos banqueiros, mas sem o apoio de
Wolfgang Schäuble, George Osborne não deverá enfrentar sozinho esta
batalha na União Europeia, na qual poderia sair derrotado e com a imagem
de ser defensor dos grandes bónus para os banqueiros.
* Só Jardim Gonçalves continua incólume na indignidade salarial
.
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