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HOJE NO
"PÚBLICO"
Consumidores pedem facturas
em nome de Passos Coelho
Trata-se de uma forma de protesto, depois da sugestão feita pelo movimento cívico Revolução Branca. Dados do primeiro-ministro circulam em SMS, emails e nas redes sociais.
O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Em protesto contra a nova
legislação que penaliza com multas até 2000 euros quem não pedir
facturas, muitos consumidores começaram a pedir facturas com o número de
identificação fiscal de Pedro Passos Coelho. Os dados do
primeiro-ministro estão a ser divulgados em SMS e emails que se tornaram
virais. As redes sociais estão a propagar o protesto.
Segundo o Correio da Manhã,
deram entrada no sistema e-factura "milhares de facturas" com o número
de contribuinte do primeiro-ministro, passadas em restaurantes,
cabeleireiros e oficinas de automóveis – totalizando milhões de euros em
despesas. Foi o movimento cívico Revolução Branca que primeiro sugeriu,
nas redes sociais, uma "desobediência cívica irónica" dos contribuintes à nova medida, através do pedido de facturas em nome de Passos Coelho.
O
número de contribuinte do primeiro-ministro não é, contudo, o único que
está a ser difundido através das redes sociais. Também o NIF dos
ministros Vítor Gaspar e Miguel Relvas estão a ser divulgados e
partilhados no Facebook e no Twitter com a sugestão de que sejam usados
para o mesmo fim.
Ao semanário Sol,
Amândio Alves, do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, explicou
que a nova medida aumenta o risco de fraudes, como está a acontecer
neste caso: “O comerciante põe o NIF que lhe é dado pelo consumidor
final e não tem competência para fiscalizar se o número pertence, de
facto, àquela pessoa.” A lei obriga-os apenas a emitir factura com os
dados que lhe forem fornecidos.
Um especialista em direito fiscal contactado pelo Sol
alertou para o facto de pedir facturas em nome de outra pessoa
configurar um “crime de falsas declarações”. Tiago Caiado Guerreiro
sugeriu antes uma outra forma de protesto, mais simples: não pedir
facturas.
Em teoria, Passos Coelho pode até ser investigado pelas
Finanças, por ter gasto um valor superior aos seus rendimentos. Vários
serviços do Fisco contactados pelo Correio da Manhã – que dizem
estar a par do que se está a passar – admitiram a possibilidade de o
primeiro-ministro poder vir a ser alvo de uma investigação das Finanças,
uma vez que existem “mecanismos de fiscalização automáticos que
disparam quando um contribuinte gasta em facturas mais do que aquilo que
declara como rendimento”.
Em Janeiro a emissão de facturas passou
a ser obrigatória e as multas para os contribuintes que não respeitem a
medida podem ir até aos 2000 euros. Uma medida que tem sido muito
contestada. Já ninguém se esquece do que escreveu Francisco José Viegas, ex-secretário de Estado da Cultura, a esse respeito.
* O povo tem graça...
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