HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Paula Teixeira da Cruz:
“O Diabo esconde-se nos detalhes”
Ministra defende que é preciso trazer responsabilidade e objectivos para
dentro do sistema para manter a autonomia e garantir a todos o acesso à
Justiça e aos tribunais.
Os operadores judiciais devem ser mais
responsabilizados e ter objectivos específicos. Só assim é possível
também conseguir mais autonomia num sistema de Justiça “com mais
fiscalização” e onde “não pode haver entropias” porque “o Diabo
esconde-se nos detalhes”.
Paula Teixeira da Cruz participou hoje no debate “Estado Social. Que
Futuro?” organizado pela Antena 1 e deixou uma mensagem clara: “A
igualdade no acesso ao Direito tem de estar garantida mesmo em tempo de
crise” e tem de estar garantida para todos incluindo, por exemplo,
cidadãos estrangeiros. Porém, essa igualdade também passa pela
utilização dos meios, pelo que “temos de pensar não só que meios temos,
mas também que profissionais forenses queremos”, salientou a ministra.
Uma das reformas em curso, a do código Administrativo e estatuto dos
tribunais administrativos e fiscais, foi dada como exemplo: “estamos a
mexer na relação cidadão / Estado, na responsabilização do Estado
perante o cidadão, no coração da coisa, e aí dói”, salientou.
Sublinhando que as reformas em curso, como o novo mapa judiciário ou o
código de processo civil, já “implicam uma maior cultura judiciária” de
todos os envolvidos, a ministra defendeu igualmente que “têm a vantagem
de trazer responsabilidade e objectivos para dentro do sistema”, bem
como mais justiça material. Como? “responsabilizando os magistrados pelo
cumprimento de prazos”, ou responsabilizando algumas profissões em
concreto, como foi o caso dos agentes de execução ou dos administradores
de insolvência, que sofreram alterações significativas nos respectivos
estatutos, exemplificou.
“A Justiça é uma função de soberania e não há Estado Social sem que
essa função seja plena e os seus agentes sejam autónomos”, sublinhou
Paula Teixeira da Cruz. “Sou partidária do aprofundamento muito grande
da separação de poderes”, afirmou, salientando também outro aspecto que
considera fundamental: “a segurança é uma coisa, a investigação criminal
é outra” e assim devem continuar.
“Há sempre onde cortar”
Se vão ou não haver mais cortes na Justiça, Paula Teixeira da Cruz
não especificou, muito embora tenha garantido que “há sempre onde
cortar”. Em declarações aos jornalistas, já à margem da conferência, a
ministra voltou a recordar as poupanças que o seu ministério já
conseguiu com a renegociação de rendas dos imóveis espalhados pelo País,
e também as revisões ao nível das parcerias público-privadas na
Justiça.
Além disso, há ainda procedimentos para racionalizar, onde é possível
fazer poupanças, disse, dando como exemplo a alterações em torno das
custas judiciais em que se procedeu a uma uniformização que permite uma
poupança de tempo e trabalho aos funcionários judiciais.
* Os querubins escondem-se no governo!
.
Sem comentários:
Enviar um comentário