HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Tribunal de Contas culpa
administradores por situação
da Parque Expo - Gestão Urbana
A situação financeira deficitária da Parque Expo- Gestão Urbana é da
responsabilidade da gestão da empresa e da sua accionista, a Parque
Expo. O Tribunal de Contas também não isenta de culpas os governos que
tutelam a empresa.
O Tribunal de Contas aponta o dedo às
várias administrações da Parque Expo pela situação de debilidade
financeira da subsidiária Parque Expo – Gestão Urbana (PE-GU) e por
nunca terem conseguido resolver os litígios com as autarquias de Lisboa e
Loures. Mas também não deixa de fora as críticas aos governos que
tutelaram a Parque Expo.
Numa auditoria à Parque Expo – Gestão Urbana (empresa do universo
Parque Expo que faz a gestão urbana do Parque das Nações), o Tribunal de
Contas não tem dúvidas de que “a responsabilidade pela situação
económico-financeira da PE-GU só pode ser apontada directamente à
actuação dos órgãos da empresa e ao respectivo accionista único, a
Parque Expo, na medida em que foi assumida a continuidade da gestão
urbana do Parque das Nações sem a participação dos Municípios de Lisboa e
de Loures e, bem assim, as consequências desta continuidade nas
respectivas contas”.
Desde 2008, ano em que a PE-GU foi constituída (com o voto contra do
município de Lisboa e sem posição de Loures), que “nada foi concretizado
pelo conselho de administração da PE-GU e pelo seu accionista único”,
acrescenta o Tribunal de Contas, lembrando que em todos estes anos o
revisor oficial de contas da PE-GU referia a situação na sua
certificação legal de contas.
Além dos administradores da PE-GU, o Tribunal de Contas aponta o dedo
à Parque Expo, accionista único da PE-GU, que nas várias assembleias
gerais anuais “nunca tomou posição sobre a situação, comprometendo,
assim, a sustentabilidade do serviço público de gestão urbana pela PE-GU
e, uma gestão eficiente da despesa pública”.
Para o Tribunal de Contas não apenas as administrações foram
responsáveis por não terem sanado a situação, como também o foram pela
constituição de uma empresa, a PE – Gestão Urbana, por conta e risco,
sem terem acautelado, logo, a participação dos municípios.
Mas o Tribunal de Contas não fica por aqui. E fala também do papel
dos governos nesta situação. “Os membros do Governo que tutelaram a
Parque Expo e a PE-GU até 2011 tiveram conhecimento do desenvolvimento
da situação da PE-GU ao longo dos anos sem porem um termo à situação”.
As culpas estão atribuídas, ainda que o Tribunal de Contas assuma que
os municípios também não foram capazes de chegar a acordo para pagar as
dívidas pelos investimentos em infra-estruturas e pela gestão urbana
suportadas pela PE-GU.
A estas conclusões do Tribunal de Contas, a actual administração da
Parque Expo sai em defesa dos seus antecessores, garantindo que foram
promovidas pelas administrações da empresa “várias diligências,
designadamente reuniões com representantes das autarquias versando esta
temática”.
A PE-GU foi criada em 2008 para gerir as infra-estruturas urbanas do
Parque das Nações, tendo, na altura, ficado estabelecido que essa gestão
seria transferida para os municípios de Loures e Lisboa. No entanto, as
autarquias não reconheceram a dívida. A PE –GU teve de assumir os
encargos, sem que os municípios devolvessem as verbas, pelas taxas que
cobram aos munícipes, para esses serviços urbanos.
“Os Municípios de Lisboa e de Loures recusaram sempre a assunção da
responsabilidade da gestão urbana do Parque das Nações, não permitindo
uma repartição equitativa dos encargos entre a Parque Expo, PE-GU e os
Municípios. Tal como é explicitado no corpo do relatório, as receitas
inerentes à gestão do território do Parque das Nações foram, na sua
maioria, recebidas directamente pelos Municípios, através da cobrança
das taxas e impostos devidos, mas nunca reverteram directamente para o
financiamento da prestação de serviços de gestão urbana do Parque das
Nações”.
Com isso, a PE-GU foi obrigada a endividar-se para cobrir os défices
de exploração. E chegou ao final de 2011 com um passivo financeiro de
20,341 milhões de euros, sendo 15,471 milhões de euros relativos a
empréstimos bancários e os restantes 4,870 milhões de euros a um
empréstimo accionista. “Ou seja, para manter a continuidade da gestão do
espaço urbano do Parque das Nações, a sociedade recorreu ao crédito
bancário e a suprimentos”, acrescenta o Tribunal de Contas, lembrando
que existia, ainda, dívidas a fornecedores, no final de 2011, de 3,6
milhões de euros.
A PE-GU sempre foi imputando, no seu balanço, a dívida às duas
autarquias. O que resultou que, de Julho a 2008 a Julho de 2012, Lisboa
surgia com uma dívida para com a empresa de 24,6 milhões de euros e
Loures com um ”débito” no valor de 6,2 milhões de euros.
Entretanto foi alcançado um acordo com o município de Lisboa, que já
está, aliás, desde 1 de Dezembro último, a assumir a gestão urbana do
Parque das Nações e assumiu a existência da dívida a 2008. “Já quanto à
Câmara Municipal de Loures, não se dispõe de evidência de que a
respectiva dívida tenha sido reconhecida por aquele Município”.
Na auditoria o Tribunal de Contas reafirma que “embora se aproxime a
resolução definitiva da assunção das responsabilidades da gestão urbana
do Parque das Nações, o Tribunal sublinha que, no cômputo final, o
défice da empresa pública PE-GU é relevante e teve origem na actuação
inadequada dos órgãos sociais da PE-GU e nas opções do seu accionista
único, a Parque Expo”.
* Imbróglios criados pelos boys partidários...
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