Desperdício Alimentar
No mês de Outubro, mais concretamente a 31 de Outubro, assinala-se o Dia
Mundial da Poupança. Nos tempos que correm esta expressão não poderia
ser mais pertinente. e conceito não poderia estar mais em voga. Gostaria
de falar sobre o desperdício alimentar não só pelo esbanjar financeiro
mas também pelos efeitos que tem no Ambiente.
O desenvolvimento económico dos países tem levado à concentração da
urbana, metade da população mundial vive em cidades. Este
desenvolvimento leva a um maior desperdício de alimentos que nunca
chegam a ser consumidos.
Os locais de produção dos bens alimentares estão cada vez mais
afastados da maioria dos consumidores, uma vez que as zonas rurais estão
cada vez mais afastadas dos centros urbanos. É necessário transportar
grandes quantidades de alimentos de zonas rurais, o tempo e distância
entre a produção e o consumo são cada vez maiores. Por este motivo, é
necessário criar embalagens que os conservem de forma longa e adequada,
de modo a evitar o desperdício ao longo do caminho, ou seja, até ao
consumidor. Quanto mais longa for a distância, mais importante se torna a
embalagem, de modo a não desperdiçar alimentos desnecessariamente,
porque senão todos os recursos utilizados na viagem teriam sido
completamente inúteis.
As habitações, em países desenvolvidos, desperdiçam cerca de 30% dos
alimentos que compram. As razões mais frequentes para este hábito são:
adquirir superfluamente, os restos que ficam após as refeições, o prazo
de validade que termina antes do consumo e os refugos resultante da
preparação.
Deitar fora alimentos é um tremendo desperdício mas significa também, em
termos ambientais, um consumo desnecessário de matérias-primas, água,
energia e embalagens.
Na área da Braval (Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro,
Vieira do Minho e Vila Verde), segundo os estudos de composição anual
dos elementos de caracterização física dos resíduos indiferenciados,
cerca de 40% dos resíduos depositados em aterro correspondem a resíduos
alimentares! Este valor era de 39% em 2007 e chegou aos 42% em 2009,
tendo estabilizado nos últimos dois anos, possivelmente devido à
diminuição do consumo provocada pela crise económica.
Nos centros urbanos podemos aceder a uma grande variedade de produtos, durante todo o ano, às vezes até 24 horas por dia
Os desejos do consumidor crescem e os retalhistas satisfazem-nos. No
entanto, todos os alimentos que não obedecem a determinados critérios de
imagem ou aspecto, ainda que estejam em condições de ser consumidos,
são retirados das prateleiras e deitados fora. Muito do desperdício
alimentar ocorre no mercado grossista, antes ainda de ser vendido.
A redução do desperdício alimentar para metade teria o mesmo impacto no
clima que a redução do número de carros nas estradas em 25%.
Quando se debate a questão das alterações climáticas, muitos defendem
que se deveria optar por alimentos produzidos localmente, o que é
efetivamente bom em termos ambientais, se atentarmos apenas na questão
do transporte, mas nem sempre é assim tão linear. O transporte não é o
fator que mais gases com efeitos de estufa emite, esse valor é, em
média, de 20 a 30% do total dos gases emitidos. A maior fatia
corresponde à própria produção agrícola. Por exemplo: cultivar tomates
numa estufa aquecida no norte da Europa gera mais emissões de dióxido de
carbono do que transportar tomates de Espanha, onde crescem ao ar
livre.
Aqui, gostaria de abrir um parêntesis, o nosso país tem excelentes
condições para revitalizar a agricultura biológica, seria muito
importante para a nossa microeconomia e para o Ambiente.
Retomando a questão, o transporte ou produção local devem ser ponderados
e analisados. Mais do consumir produtos locais, muitas vezes, a melhor
solução passa por um transporte energeticamente eficiente, com cargas
preenchidas e embalagens bem concebidas.
O propósito da embalagem é poupar recursos e não desperdiçá-los, ou
seja, proteger os alimentos dos danos físicos. Calcula-se que a
utilização de embalagens permite evitar um volume de desperdício 10
vezes superior à quantidade de resíduos gerados pela própria embalagem. E
se pensarmos que a embalagem pode ser reciclada e voltar ao mercado, o
desperdício ainda será menor.
Seria importante apostar, antes de mais, na prevenção do desperdício na
fase de produção, só depois apostar na reciclagem e valorização
energética através da valorização do biogás, produzido pela decomposição
dos alimentos e outros resíduos orgânicos. Quanto as embalagens,
colocá-las num ecoponto para que possam ser recicladas e evitar o
desperdício!
Ajude-nos, ajudando-se!
IN "CORREIO DO MINHO"
03/10/12
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