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Governo substituiu contrapartidas
dos submarinos por dois
investimentos alemães
O Governo substituiu esta semana 19 projectos das contrapartidas da
compra dos submarinos por outros dois desenvolvidos pelos alemães MPC,
na energia e no turismo, cujo impacto é “superior a 800 milhões de
euros”, disse à Lusa fonte ministerial.
Fonte do Ministério da Economia e do Emprego
afirmou à agência Lusa que o grupo alemão MPC, que comprou a Ferrostaal,
à qual o Governo português comprou dois submarinos em 2004, vai
investir em Portugal com estes dois projectos, através da MPC Capital.
“Combinados,
[os projectos] terão um impacto superior a 800 milhões de euros, sendo
que o investimento será no mínimo de 150 milhões”, havendo depois
encomendas, facturações e vendas, disse a fonte oficial. A tutela estima
que sejam criados aproximadamente 1200 postos, directos e indirectos, e
que os projectos estejam “concluídos num prazo de aproximadamente três
anos”, o que significa que “o investimento estará concluído” nesse
período e que a criação de postos de trabalho “é imediata”, embora as
vendas e a facturação sejam mais dilatadas no tempo.
Relativamente
aos projectos da energia e do turismo, estão a ser ultimados os
“detalhes operacionais” e, assim que estejam concluídos, será feita uma
comunicação pública com mais informações sobre estes investimentos, o
que deverá acontecer “dentro de dois meses”.
Evitar decisão do tribunal
A
mesma fonte explicou ainda que, se os contratos das contrapartidas dos
submarinos não fossem agora substituídos, caberia ao Tribunal Arbitral
determinar daqui a três anos quanto é que o consórcio não realizou em
termos de contrapartidas, bem como aplicar a garantia associada ao
incumprimento.
Esta situação implicaria “dois grandes
problemas”, disse a fonte: Por um lado, “a garantia é residual”, de
apenas 10%, e, por outro, “só pode ser accionada em sede de Tribunal
Arbitral”, o que significa que o Estado não pode accionar
unilateralmente esta garantia, que só pode ser atirada um ano após o
termo do contrato, ou seja, daqui a três anos”. Resultado: “o Estado
receberia um valor residual daqui a três anos”, explicou.
A isto
acresce “uma divergência” entre os valores que o Estado e o consórcio
consideram como realizado como contrapartidas, que teria de ser decidida
pelo Tribunal Arbitral. Neste caso, o problema é que, disse a fonte, “o
consórcio acha que o Tribunal diria que faltam executar 240 milhões, ou
seja, o Estado português receberia 24 milhões daqui a três anos”, ao
passo que “o Estado português acha que esse valor seria mais elevado,
mas está ciente do risco de que pode haver uma decisão arbitral que não
lhe dê razão”.
Por isso, explicou, “o interesse público
determina, quase que obriga, a que se trabalhe no sentido de encontrar
projectos em que o grupo MPC tenha interesse e que façam sentido para o
país”, de modo a “trazer para Portugal, no longo prazo, um grande grupo
alemão que interessa ter como parceiro, tanto nestes projectos como
noutros”.
A versão original da compra dos submarinos, adiantou a
fonte, incluía 39 projectos de contrapartidas, em áreas como a cortiça
ou a construção de estádios de futebol na África do Sul. Dezanove destes
investimentos “nunca saíram do papel e foram agora substituídos por
dois grandes projectos”.
Além das áreas da energia e do turismo,
o grupo MPC manifestou interesse no sector da construção naval, mas já
fora da renegociação dos contratos das contrapartidas, de acordo com a
mesma fonte. O Governo está em negociações com este grupo alemão “no
sentido de garantir encomendas à indústria naval portuguesa à escala
mundial”, acrescentou. O processo de compra dos dois submarinos pelo
Governo português em 2004 está actualmente em investigação em Portugal,
por suspeitas de corrupção.
* Esta notícia pode ser a boa face da moeda mas a outra face, a da vigarice, tem muitas carantonhas...
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