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Serviços do Estado devem 50 milhões
em rendas a empresa pública
O Estado vendeu os imóveis ao Grupo Parpública, mas vários serviços e organismos públicos não estão a pagar as rendas a horas
A empresa pública que nos últimos anos comprou centenas de imóveis ao
Estado enfrenta agora dívidas crescentes das entidades públicas que
ocupam esses edifícios, sobretudo relativas a pagamento de rendas.
Nos primeiros seis meses, o grupo Sagestamo, que constitui o braço
imobiliário da holding estatal Parpública, tinha dívidas registadas de
54,4 milhões de euros, “respeitando essencialmente a arrendamentos a
entidades do Estado português”. O relatório do primeiro semestre da
Parpública esclarece ainda que as rendas em atraso por parte de
entidades públicas atingem quase 50 milhões de euros. Para além das
rendas por pagar de serviços públicos que passaram a ser inquilinos da
referida empresa pública, há também indemnizações por ocupação de espaço
sem contrato de arrendamento.
Questionada pelo i, fonte oficial da Parpública não indicou as
entidades com mais dívidas, mas o relatório anual da Estamo, empresa da
Sagestamo que comprou os imóveis ao Estado, revela que o sector da
justiça era o maior devedor. No final de 2011, o Instituto de Gestão
Financeira das Infra-Estruturas de Justiça devia cerca de 21,6 milhões
de euros, o que representava quase metade do montante então em falta e
que ascendia a 44,7 milhões de euros.
O relatório de 2011 da Estamo mostra ainda o crescimento da dívida
desde pelo menos 2010, quando o montante em falta era de 31,2 milhões de
euros. No final do ano passado estes valores tinham crescido 43,5%. Em
apenas seis meses, entre o final de 2011 e o primeiro semestre desta
ano, as dívidas dos inquilinos do Grupo Parpública aumentaram quase 10
milhões de euros, o que corresponde a um agravamento de 21,5%.
Na lista dos principais devedores divulgada nas contas do ano passado
estavam ainda um dos centro hospitalares de Lisboa, com 5,8 milhões de
euros em falta. O Ministério da Cultura e o Teatro Camões tinham uma
factura da ordem dos 2 milhões de euros. Em 2010, o fisco
(Direcção-Geral de Contribuições e Impostos) e o SIS (Serviços de
Informação e Segurança) chegaram a estar na lista dos devedores, mas em
2011 a situação terá ficado resolvida.
No ano passado, os proveitos com arrendamento da Estamo ascenderam a
18,3 milhões de euros, bastante abaixo dos montantes em dívida.
Na
altura estavam pendentes de outorga 114 contratos de arrendamento com
renda mensal de 1,4 milhões.
Durante os governos de José Sócrates, a Estamo foi o grande comprador
de imóveis ao Estado, tendo hoje um património imobiliário avaliado em
mais de mil milhões de euros.
Além de gerar receitas extraordinárias de centenas de milhões de euros
por ano, o objectivo era promover a rentabilização do património
imobiliário do Estado. A estratégia passava pela venda a privados e pela
promoção imobiliária, mas também pela exploração comercial do parque
afecto a serviços públicos, designadamente pela celebração de contratos
de arrendamento dos espaços comprados ao Estado, mas que conti- nuaram a
ser utilizados por vários serviços públicos.
Em 2011, a Estamo tinha um património de edifícios arrendados ou
ocupados para arrendar de 425,8 milhões de euros. O atraso na
regularização de rendas tem agravado a já delicada situação financeira
da empresa do Estado.
* Uma maquiavélica "inginharia" de Socrates de que este governo se fez cúmplice!
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