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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Um terço dos homicídios ocorre
em contexto conjugal
Um terço dos
homicídios registados anualmente ocorrem em contexto conjugal, um
"número muito significativo" que o diretor nacional adjunto da Polícia
Judiciária defende que tem de ser reduzido através de estratégias que
passam pela sensibilização da sociedade.
"Se porventura
estivéssemos mais atentos, se os sinais fossem mais rapidamente
percebidos, se a atuação fosse mais célere e eficaz talvez esta morte
pudesse ser evitada", afirmou Pedro do Carmo, no seminário "Morrer no
feminino: da Prevenção à Intervenção", promovido pela Escola de Polícia
Judiciária e que está a decorrer em Loures.
O crime representa um
"número muito significativo" no total da percentagem de homicídios que
acontecem em cada ano, representando cerca de um em cada três, frisou.
"Tenho
a perceção de que estes crimes ocorrem em casais com idades cada vez
mais jovens. Não é raro termos notícias de homicídios em namorados,
ainda na semana passada tivemos um desses casos", comentou.
Pedro
do Carmo salientou a importância do seminário para tentar identificar
estratégias que possam reduzir estes números e "sensibilizar a sociedade
para este fenómeno que deve preocupar e envergonhar-nos enquanto
cidadãos e sociedade".
Elizabete Brasil, da União de Mulheres
Alternativas e Resposta (UMAR), revelou no seminário que, este ano, já
foram registados 33 homicídios e 31 tentativas de homicídios. Em 2011
foram assinaladas 27 mortes e 44 tentativas de homicídio.
O
observatório da UMAR contabilizou ainda um total de 66 vítimas
associadas (diretas e indiretas), 14 das quais nos homicídios e 52 nas
tentativas de homicídio.
Ressalvando que estes dados têm como
fonte as notícias publicadas na imprensa, Elizabete Brasil adiantou que
poderá haver muitas outras situações que não reportadas.
Os meses de maio a novembro são os que registam o maior número de homicídios, com maior predominância nos meses de verão.
Entre
2004 e 2011, foram assassinadas 278 mulheres, continuando os distritos
de Lisboa (56), Porto (41) e Setúbal (29) "a assumir taxas de incidência
preocupantes", observou.
Em 2011, o grupo etário entre o 36 e os
50 anos foi o que registou mais homicídios. Mais de metade (52%) dos
homicídios foram praticados com arma branca, 33% com arma de fogo,
setepor cento com outros objetos, como pás e machados, enquanto oito por
cento das mulheres foram assassinadas por asfixia e estrangulamento
(quatro por cento cada).
A residência continua a ser o espaço onde
a maior parte dos homicídios foram praticados em 2011 (93%), seguidos
pelos crimes praticados na via pública (sete por cento).
"Continuamos
a assistir a uma passividade da sociedade e da família" que só depois
do crime ocorrer é dizem que tinham conhecimento da situação, lamentou
Elizabete Brasil.
A responsável defendeu o reforço das medidas
policiais nas situações de violência doméstica, a aplicação de "forma
sistemática" de instrumentos de avaliação de risco e o desenvolvimento
de estratégias que visem a penalização dos agressores de modo a evitar
mais sofrimento à vítima.
Presente no seminário, Dalila Cerejo,
do Observatório Nacional de Violência e Género, afirmou que "os custos
da violência contra as mulheres são inúmeros".
A investigadora
adiantou, citando um estudo de 2004, que uma mulher vítima de violência
doméstica tem um custo acrescido com a saúde de 140 euros por ano, sendo
90% dos custos suportados pelo Serviço Nacional de Saúde.
Dados mais recentes do Conselho da Europa, que têm como base o Reino Unido, afirmam que esse custo pode atingir os 555 euros.
* Quem anda a impingir a ideia de os portugueses são um povo de brandos costumes???
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