HOJE NO
"PÚBLICO"
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Comandante confessa que se enganou
. no combate ao fogo no Algarve
O comandante operacional das Operações de Socorro, Vítor Vaz Pinto,
admitiu que terão existido falhas no combate ao incêndio deflagrado na
quarta-feira na serra do Caldeirão, no Algarve, e que só foi dominado no
domingo.
Recusou, no entanto, as acusações de falta de
coordenação operacional e institucional. Reagindo a estas declarações, o
presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Soares, disse que Vaz Pinto
deveria colocar o lugar à disposição.
“Naturalmente que houve
falhas e que os meios, em algumas situações, chegaram tarde. Isso é
evidente. Era impossível chegar a todo o lado a todo o momento”, disse
Vaz Pinto em declarações à TSF. “Nós pensávamos que na quinta-feira de
manhã o incêndio estaria dominado. Eu enganei-me, essa avaliação foi
minha”, disse o responsável máximo pelas operações, que só chegou ao
Algarve no sábado à noite, quando o incêndio estava dado por controlado.
Quem
esteve a dirigir as operações, a partir dos centros de comando montados
em Tavira e São Brás de Alportel, foi o responsável pelo Centro
Distrital de Operações de Socorro (CDOS), Abel Gomes, e o 2.º comandante
nacional da Protecção Civil, José Codeço. Mas, se as coisas não
correram bem no diz respeito à táctica que foi adoptada, bem pior foi o
que se passou no terreno. Os bombeiros chegaram a estar parados a cerca
de 400 metros do fogo, com as chamas a ameaçar casas, a aguardar por
“ordens superiores”. Uma dessas situações ocorreu na Tareja, já perto de
São Brás de Alportel, o que levou o vice-presidente da Câmara, Vítor
Guerreiro, a denunciar a “falta de coordenação” na estrutura de comando.
O
fogo começou no sítio da Catraia (Tavira), descreveu, pela serra de
Caldeirão, um círculo com cerca de 75 quilómetros de diâmetro. O combate
às chamas foi organizado por cinco sectores, cada um dos quais com o
seu comandante, com responsabilidade para adoptar a melhor táctica de
combate ao foco, em cada local e circunstância. Porém, houve ocasiões em
que os bombeiros – oriundos de quase todo o país –, desconhecendo a
zona, ficaram à espera de ordens para intervir, ao mesmo tempo que as
populações reclamavam ajuda. Em São Brás de Alportel, Idalina Dias,
ex-dirigente da Associação Voluntária de Bombeiros da cidade, em
declarações ao PÚBLICO, afirmou: “Vi, literalmente, as chamas entrarem
pela minha casa”. Reside no sítio Almargens, próximo do Centro de
Reabilitação de Medicina do Sul, uma povoação que foi poupada às chamas,
por um triz. “Na sexta-feira, à noite, telefonei, em aflição, para o
CDOS – prometeram ajuda, mas não chegou”.
Diariamente, no
Algarve, estiveram, em média, mil bombeiros a combater as diversas
frentes de fogo activas, conforme foi anunciado no próprio site da
Protecção Civil.
Reagindo às declarações de Vaz Pinto e à
polémica entretanto levantada, o presidente da Liga dos Bombeiros
declarou que a solução mais lógica passaria por o comandante operacional
dos bombeiros colocar o lugar à disposição. “O presidente da Autoridade
Nacional de Protecção Civil [Arnaldo Cruz] já tem informação suficiente
para se pronunciar”, adiantou. O PÚBLICO tentou obter a opinião de um
dos responsáveis do Ministério da Administração Interna, tendo sido
informado que, para já, não será feito qualquer comentário. Entretanto, o
primeiro-ministro assinou uma nota de imprensa onde expressa o seu
agradecimento aos bombeiros envolvidos nos incêndios e onde elogia a
actividade do MAI.
O secretário-geral do PS, António José Seguro,
que nesta segunda-feira percorreu parte da zona sinistrada, disse à
Lusa que haverá tempo para analisar o que se passou em termos de
coordenação dos meios de combate ao incêndio, salvaguardando que, agora,
o mais importante “é apoiar as pessoas que foram afectadas”.
* Apesar de reconhecer apenas parte dos erros cometidos, devia pôr o lugar à disposição, a culpa não pode morrer solteira!
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