23/07/2012

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HOJE NO
"PÚBLICO"

Comandante confessa que se enganou
. no combate ao fogo no Algarve 

O comandante operacional das Operações de Socorro, Vítor Vaz Pinto, admitiu que terão existido falhas no combate ao incêndio deflagrado na quarta-feira na serra do Caldeirão, no Algarve, e que só foi dominado no domingo. 
Recusou, no entanto, as acusações de falta de coordenação operacional e institucional. Reagindo a estas declarações, o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Soares, disse que Vaz Pinto deveria colocar o lugar à disposição.

“Naturalmente que houve falhas e que os meios, em algumas situações, chegaram tarde. Isso é evidente. Era impossível chegar a todo o lado a todo o momento”, disse Vaz Pinto em declarações à TSF. “Nós pensávamos que na quinta-feira de manhã o incêndio estaria dominado. Eu enganei-me, essa avaliação foi minha”, disse o responsável máximo pelas operações, que só chegou ao Algarve no sábado à noite, quando o incêndio estava dado por controlado.

Quem esteve a dirigir as operações, a partir dos centros de comando montados em Tavira e São Brás de Alportel, foi o responsável pelo Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS), Abel Gomes, e o 2.º comandante nacional da Protecção Civil, José Codeço. Mas, se as coisas não correram bem no diz respeito à táctica que foi adoptada, bem pior foi o que se passou no terreno. Os bombeiros chegaram a estar parados a cerca de 400 metros do fogo, com as chamas a ameaçar casas, a aguardar por “ordens superiores”. Uma dessas situações ocorreu na Tareja, já perto de São Brás de Alportel, o que levou o vice-presidente da Câmara, Vítor Guerreiro, a denunciar a “falta de coordenação” na estrutura de comando.

O fogo começou no sítio da Catraia (Tavira), descreveu, pela serra de Caldeirão, um círculo com cerca de 75 quilómetros de diâmetro. O combate às chamas foi organizado por cinco sectores, cada um dos quais com o seu comandante, com responsabilidade para adoptar a melhor táctica de combate ao foco, em cada local e circunstância. Porém, houve ocasiões em que os bombeiros – oriundos de quase todo o país –, desconhecendo a zona, ficaram à espera de ordens para intervir, ao mesmo tempo que as populações reclamavam ajuda. Em São Brás de Alportel, Idalina Dias, ex-dirigente da Associação Voluntária de Bombeiros da cidade, em declarações ao PÚBLICO, afirmou: “Vi, literalmente, as chamas entrarem pela minha casa”. Reside no sítio Almargens, próximo do Centro de Reabilitação de Medicina do Sul, uma povoação que foi poupada às chamas, por um triz. “Na sexta-feira, à noite, telefonei, em aflição, para o CDOS – prometeram ajuda, mas não chegou”.
Diariamente, no Algarve, estiveram, em média, mil bombeiros a combater as diversas frentes de fogo activas, conforme foi anunciado no próprio site da Protecção Civil.

Reagindo às declarações de Vaz Pinto e à polémica entretanto levantada, o presidente da Liga dos Bombeiros declarou que a solução mais lógica passaria por o comandante operacional dos bombeiros colocar o lugar à disposição. “O presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil [Arnaldo Cruz] já tem informação suficiente para se pronunciar”, adiantou. O PÚBLICO tentou obter a opinião de um dos responsáveis do Ministério da Administração Interna, tendo sido informado que, para já, não será feito qualquer comentário. Entretanto, o primeiro-ministro assinou uma nota de imprensa onde expressa o seu agradecimento aos bombeiros envolvidos nos incêndios e onde elogia a actividade do MAI.

O secretário-geral do PS, António José Seguro, que nesta segunda-feira percorreu parte da zona sinistrada, disse à Lusa que haverá tempo para analisar o que se passou em termos de coordenação dos meios de combate ao incêndio, salvaguardando que, agora, o mais importante “é apoiar as pessoas que foram afectadas”.


*  Apesar de reconhecer apenas parte dos erros cometidos, devia pôr o lugar à disposição, a culpa não pode morrer solteira!

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