15/07/2012

GUIDA VIEIRA

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Maldita austeridade 


Não foi para isto que andamos tantos anos a lutar e a trabalhar para ter uma vida melhor 

Estou cansada de ouvir os mesmos comentadores e fazedores de opinião, que defenderam este governo até ao impossível, agora, apenas passado um ano de governação, estarem a descobrir que afinal a austeridade não traz desenvolvimento nem progresso para as pessoas, bem pelo contrário, só traz mais pobreza, desemprego, menos consumo, menos pagamentos de impostos o que equivale a menos receitas para o Estado.
Não é preciso ser economista para perceber que, se uma pessoa tem menos dinheiro, vai gastar menos e se não tem dinheiro nenhum vai ter que pedir esmola para viver.
Não é preciso ter uma licenciatura, nem que seja tirada num ano, para perceber que, se existem cada vez mais pessoas desempregadas e empresas a fecharem vai entrar menos IRS e IRC nos cofres do Estado assim como menos descontos na Segurança Social.
Tudo isto era previsível e os partidos anti-austeridade e anti-Troika chamaram a atenção para as consequências da austeridade que na Grécia já tinha demonstrado ser totalmente errado. Diziam eles que não havia outro caminho porque precisávamos de pagar as nossas dívidas aos credores e se a divida era do Estado todos/as tínhamos que a pagar. Na verdade maior parte da divida era dos bancos e do sector privado e não do Estado mas esta separação nunca foi feita de propósito porque interessa jogar com a ignorância das pessoas para justificar o injustificável. Espanha está aí para demonstrar a desfaçatez de quem pede dinheiro para a Banca e põe os cidadãos em austeridade…
Se tivesse sido feita uma audição rigorosa à divida e tivesse sido negociado o pagamento da divida do Estado a juros mais baixos e por mais tempo não estaríamos na situação de agonia onde nos encontramos. Os chamados mercados, que não são mais do que agiotas ao serviço dos Bancos dos países mais poderosos, fazem pressão sobre os mais pobres e endividados para conseguirem sugar o máximo através dos juros altíssimos que os países têm que pagar.
A Troika aparece a falar em ajuda mas é preciso que se diga que essa chamada ajuda só em juros da divida, este ano vai custar a módica quantia de mais de 86 mil milhões de euros. Só a Troika vai receber mais de trinta mil milhões pela sua "ajuda". E quem paga somos nós.
Esta política de austeridade defendida por tanta "gente importante", que se fartaram de criticar quem se recusou a nela participar, está a sugar-nos direitos que levaram quatro décadas a conquistar pois cortar os subsídios de férias e de Natal é tirar-nos o direito a gozar férias e a festejar a Festa com a família, podermos viajar e oferecer uma prenda e assim fazer o dinheiro girar e a economia a funcionar assegurando muitos postos de trabalho.
Aumentar o IVA da forma violenta como foi feita, na Madeira foi ainda pior, é fazer recuar a história em muita coisa pois muitas pessoas já não conseguem manter o seu nível de vida dos últimos anos e estão a renunciar a bens e serviços que tinham sido um avanço nas suas vidas. Ainda há dias vi umas mulheres a voltaram aos lavadores públicos, porque não conseguem manter as máquinas de lavar, como se fossem um grande luxo. O mais grave é que isto é acenado como um grande exemplo contra a crise ou uma forma de a vencer. Daqui a dias ainda voltam as velhas "cozinheiras a petróleo" para substituir os fogões a gás e tudo isto aparece como grande exemplo contra a crise.
Não gosto de ver estes retrocessos. Não foi para isto que andamos tantos anos a lutar e a trabalhar para ter uma vida melhor. Não gosto desta maldita austeridade que só alimenta os agiotas e os idiotas que nos andam a governar. Não gosto das abstenções violentas do maior partido da oposição que acaba sempre por fazer o jogo a esta política. Outro caminho é possível, com responsabilidade mas sem austeridade.



IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
13/07/12

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