Médicos
e pilotos:
descubra
as diferenças
Aparentemente são duas profissões sem pontos de contacto mas nos tempos que correm têm muito em comum. São dois grupos privilegiados da sociedade nacional.
Têm rendimentos bastante acima da média dos portugueses, regalias muito próprias, escapam quase ilesos ao desemprego e têm um gosto especial por greves. O protesto e a greve são direitos de qualquer cidadão em democracia. Mas não devem ser gratuitos.
Devem ter justificações fortes porque têm um impacto negativo na vida das outras pessoas. E isto nem sempre acontece. Nos últimos tempos, as razões invocadas parecem birras.
Vamos por partes. A última greve convocada pelos pilotos da TAP foi motivada por questões pessoais. Os pilotos queriam a substituição de dois altos dirigentes.
Não fazendo juízos de valor sobre a competência das pessoas em causa, esta não é a melhor forma. Ninguém percebe uma greve que custa milhões ao país porque a classe não gosta de dois dirigentes. Por isso, não houve apoio social ao protesto dos pilotos.
Pelo contrário, houve uma trovoada de críticas. A greve acabou desconvocada mas parte do mal está feito e é irreversível. Muitas viagens já tinham sido desmarcadas e houve o cancelamento de reservas em vários hotéis. Os pilotos da TAP tiveram um comportamento pouco responsável.
No caso dos médicos, o processo é diferente mas o que está em causa é semelhante. Os médicos convocaram a greve por causa dos problemas com o concurso para os tarefeiros, das mudanças nas carreiras médicas e das grelhas salariais.
O ministro da Saúde já aceitou rever as condições do concurso e avançou com propostas para as carreiras. Havia negociações sobre as alterações salariais precisamente quando os médicos convocaram a greve, sendo obviamente uma questão difícil.
Quando todos os portugueses estão a sofrer cortes nos seus rendimentos e o défice orçamental está longe de ser exterminado, ninguém compreenderia que os médicos tivessem aumentos nas regalias. Assim, uma vez mais, não há razões materiais para uma greve que os médicos teimam em manter.
O descontentamento dos médicos é compreensível.
Como todos, estão a sofrer uma degradação do seu nível de vida. Mas é preciso que sejam mais solidários. A crise obriga a outro comportamento ético e moral. Só os grupos privilegiados é que continuam a protestar porque são os únicos que mantêm algum poder.
Porém, ninguém compreende comportamentos egoístas. É preciso algum pudor nas exigências que se fazem quando Portugal está falido e ligado à máquina da ‘troika'.
Director Executivo
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
06/07/12
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