18/05/2012

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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"

"Spot" publicitário gera 
controvérsia nas redes
A campanha publicitária de uma empresa 
que preserva células estaminais está a gerar controvérsia nas redes sociais.

 Uma empresa que vende serviços de preservação de células estaminais de recém-nascidos, a Crioestaminal, está a dar que falar nas redes sociais, em Portugal. Tudo por causa de uma campanha publicitária, onde a empresa utiliza a imagem de uma criança para demonstrar que a preservação das células estaminais do cordão umbilical é imprescindível para salvar a vida de um filho. A campanha tem gerado muitos comentários entre especialistas de comunicação em rede, estudiosos do marketing e profissionais de saúde, com o presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, Miguel Oliveira da Silva, a chegar mesmo a dizer, ao Expresso, que a campanha é "vergonhosa", pois "comunica falsidades científicas, jogando com o sentimento dos pais".

 No spot, é possível ver uma criança num hospital, enquanto uma voz off diz que há uma grande hipótese de ser, um dia, diagnosticada uma doença ao seu filho que possa ser tratada com recurso a células estaminais deste ou de um irmão. O anúncio termina com a criança a dizer "Mãe, pai, guardaram as minhas células?", uma pergunta que é precedida pela interrogação da voz off: "Está O vídeo da campanha foi partilhado pela empresa há seis dias no Youtube e está pejado de comentários negativos. Também a valoração deste vídeo, por parte dos utilizadores, é negativa, com a "barra" de feedback a pender bem mais para o vermelho ("desgostos") do que para o verde (gostos). No Facebook, o vídeo tem sido partilhado e comentado por muitos, quase sempre com indagações sobre uma potencial "chantagem emocional" da empresa aos pais. Na página da empresa, os comentários negativos multiplicam-se, bem como as acusações e as "ameaças" de queixa à Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) e ao Instituto Civil de Autodisciplina da Comunicação Comercial (ICAP). "Quando o meu filho nasceu, optei pela Crioestaminal. Hoje, certamente não o faria. Não me identifico minimamente com o tipo de campanha que apresentam. Chantagem emocional principalmente nos tempos que correm, é não apenas vergonhoso como desumano", diz uma utilizadora, num dos posts sobre o assunto na página Crioestaminal. "Campanha repugnante, de uma violência psicológica extrema e criminosa! Para além disso, fornece dados imprecisos.Vergonhoso", partilha outro.

A empresa já respondeu à onda negativa que acompanha o spot publicitário, dizendo que o objetivo da "campanha de sensibilização" era mesmo esse. "Era essa a nossa intenção", garantem os responsáveis, acrescentando que pretendiam, desta forma, "informar e educar sobre a importância de guardar as células estaminais do cordão umbilical", combatendo as estatísticas, que demonstram que "em mais de 85% dos partos, o cordão umbilical é ainda descartado e as células estaminais são perdidas para sempre". A Crioestaminal é uma das empresas privadas que fornece o serviço de preservação de células estaminais do cordão umbilical em Portugal.

No entanto, existe um banco público e gratuito de sangue do cordão umbilical, o LUSOCORD, que de âmbito recebe "as dádivas de sangue do cordão umbilical (SCU) de todas as mães que o queiram doar para uso em transplantação e investigação". Este banco situa-se no Porto, no Centro de Histocompatibilidade do Norte, mas recebe dádivas de todo o país. Neste local, também é possível que um adulto se torne dador de medula óssea, assunto que tem estado em destaque nos últimos tempos, com o jogador de futebol português Carlos Martins a apelar ao aumento de dadores para salvar a vida do filho. O jogador conseguiu, no entretanto, encontrar um dador compatível com o pequeno Gustavo.

 * Quando a fragilidade das pessoas é um grande negócio para alguns...




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