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FCTUC desenvolve seringa a laser
A seringa a laser é uma alternativa a agulhas ou a injeções no uso de alguns medicamentos e cosméticos, que espera apenas por certificação e novo design.Share Submit Story to Digg Icon_twitter
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu uma seringa desprovida de agulhas ou de dor. A tecnologia desenvolvida pela “LaserLeap” utiliza o laser e ondas de pressão para administrar cosméticos ou medicamentos através da pele. Os investigadores do departamento de química apresentam esta tecnologia como “algo absolutamente não evasivo, indolor e reversível”.
De acordo com o diretor executivo da ‘startup’ “LaserLeap”, Carlos Serpa, o “passo inventivo nesta tecnologia foi desenvolver o material que absorve a luz do laser e a converte numa onda de pressão”. Simplificando é um “conversor de luz em pressão”. É essa onda que interage com a pele, com a camada córnea. A onda de pressão afasta essas células, muito compactas entre si, por alguns momentos, “para a passagem do medicamento ou cosméticos”, explica o investigador. Após a utilização da seringa laser, “as células vão juntar-se outra vez”e retomam “a sua função protetora”, aponta Carlos Serpa.
“Se quisermos tomar um analgésico que tenha efeito local, que não tenha efeito sistémico, usamos cremes que têm dificuldades em passar a pele”, exemplifica o docente, que descreve o “LaserLeap” como uma “ajuda” na eficácia destes produtos. O mesmo fala com cautela sobre algumas aplicações da seringa: “alguns medicamentos para o tratamento de cancro podem ter vantagens em passar pela pele”, contudo, “o método tradicional é o comprimido”.
A base de comercialização desta tecnologia inclui o laser, um cabo de fibra óptica e um pequeno aplicador descartável, que assenta no modelo de negócio da “lâmina de barbear”, designação atribuída por um membro do júri da sociedade internacional de óptica e fotónica. Isto é, continuar a vender a peça descartável depois de comprar o kit inicial.
Na conferência que reuniu 20 mil especialistas da área da fotónica, em São Francisco, nos Estados Unidos da América, realizou-se uma pequena prova de três minutos de apresentação de tecnologias desenvolvidas nas universidades com possibilidade de negócio. O “Laserleap” convenceu os presentes e venceu o desafio proposto. Carlos Serpa destaca a importância do evento no reforço à viabilidade do projeto, e pelos “contactos interessantes” que estabeleceram, dado que “a sociedade americana é mais dinâmica que a portuguesa”.
O projeto “LaserLeap” começou em 2008/2009 e já atingiu uma “fase madura”, possuindo uma patente desde abril de 2011. Era “uma tecnologia que podia sair dos laboratórios da universidade”, com interesse comercial, afirma o investigador da FCTUC.
No prazo de um ano, a ‘startup’ da UC pretende obter certificação junto das autoridades reguladoras e tornar o design mais atraente, mais próximo de um protótipo industrial. “Seria lógico termos um instrumento que é segmentado do ponto de vista do mercado, que serve só para um cosmético, mas não segmentado em termos geográficos”, defende Carlos Serpa, otimista em relação às negociações que decorrem com fabricantes de outros países, embora seja muito cedo para saber se haverá investimento para a produção: “são passos que não dependem inteiramente de nós”, finaliza.
* Esta é uma notícia de Março mas a sua importância levou a que a editássemos agora. Viva a ciência portuguesa.
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