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Adolescentes alcoólicos.
Proibir venda a menores ajudaria
A procura de ajuda para enfrentar problemas alcoólicos está a aumentar entre os menores de 18 anos. Especialistas são favoráveis a alterações na lei
O fenómeno do consumo excessivo de álcool por menores está a preocupar os especialistas e as autoridades e as possíveis alterações na legislação, para proibir a venda de álcool a menores de 18 anos são bem vistas. “Estamos surpreendidos, abrindo a porta a jovens de 17 anos com problemas de alcoolismo. Não era normal”, diz ao i António Dantas, dos Alcoólicos Anónimos (AA). “Tudo o que sirva para adiar o acesso dos jovens ao álcool pode ser bom, apesar de não ser suficiente para combater a doença”, explica António Dantas.
A intenção do governo, anunciada pelo secretário de Estado da Saúde, Fernando Leal da Costa, de aumentar para os 18 anos a idade mínima para a compra de álcool, é vista como uma medida que poderia contribuir para travar a tendência. Em entrevista à Antena 1, Leal da Costa avançou ainda que, para enfrentar este problema, está a ser também ponderada a diminuição da taxa máxima de alcoolemia (TAS) para os recém--encartados e para os condutores mais jovens. Dos 0,5 permitidos passar-se-ia para os 0,2.
Francisco Henriques, médico especialista em adictologia na Unidade de Alcoologia de Lisboa, ressalva que nos últimos anos se tem verificado alteração do padrão de consumo. “Bebem-se três ou quatro ‘shots’ pelo efeito imediato. E este tipo de consumo tem aumentado entre os jovens e adolescentes”, lamenta. “Todos nós estamos preocupados com o consumo de álcool como factor de risco na mortalidade prematura”, sublinha ao i o director-geral de Saúde, Francisco George. Uma preocupação justificada, já que um em cada quatro portugueses não atingem os 70 anos, “um fenómeno que está ligado ao consumo de álcool e tabaco”, acrescenta.
Francisco Henriques alerta porém para um aspecto que considera mais importante: “não é a alteração da lei, mas a sua aplicação, que limitaria o fenómeno“. Quanto à proibição da venda de álcool a menores de 18, considera que deste modo seria dificultada a tendência dos adolescentes, numa fase normal de reposicionamento de autoridades, de aceitar a influência dos pares. “A pressão do grupo é,nestas idades, muito forte e condiciona enormemente os comportamentos”, lembra o especialista da Unidade de Alcoologia de Lisboa. Mas nem tudo é fácil quando se pretende mexer nestas leis. “Não nos esqueçamos que há lóbis muito fortes que não estão interessados em condicionar o consumo de álcool”, destaca ainda o médico. Dados do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML) revelam que um quarto dos condutores vítimas de acidentes rodoviários que foram autopsiados pelo instituto em 2010 apresentavam níveis de alcoolemia acima do legalmente permitido por lei. Estudos feitos sobre a influência do consumo de álcool na condução demonstram que os jovens com menor experiência de condução e também menos experientes no consumo de álcool apresentam subidas nos índices de sinistralidade a partir das 0,2 g/l de álcool no sangue.
Como a europa lida com o álcool? Aumentar a exigência da lei no que diz respeito à TAS é aliás uma medida que já em 1988 havia sido proposta pela Comissão Europeia. Mas as alterações não foram adoptadas. A intenção avançada por Leal da Costa insere-se na tendência crescente para a harmonização da regulamentação sobre a circulação rodoviária na União Europeia e assim da TAS autorizada aos condutores no território dos diversos estados-membros. A TAS está limitada a 0,8 mg/l no Reino Unido e a 0,5 na maioria dos países. E há outros que proíbem qualquer indício de álcool no sangue durante a condução. É assim na Eslováquia e Hungria. Na Polónia, o limite da taxa de alcoolemia para os condutores é de 0,2 gramas de álcool por litro de sangue.
Em Portugal, a proposta da Comissão Europeia colheu o apoio da Prevenção Rodoviária e Automóvel Clube de Portugal (ACP), que pediram ao governo que o novo código da estrada baixe para 0,2g/l o limite da TSA para a faixa dos 18 aos 24 anos. Na Bélgica a mesma proposta idêntica está actualmente na mesa do secretário de Estado da Mobilidade, Melchior Wathelet.
* Este problema social é fruto duma grave negligência familiar. São os pais responsáveis pela educação social dos filhos baseados no respeito e na liberdade como sinónimos de cultura. A dependência do alcool é até aos 18 anos responsabilidade parental, se precisarem de ajuda peçam-na, se taparem o sol com a peneira que sejam penalizados pesadamente.
Ou têm os pais muito modernos medo dum adolescente???
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