Angola
Ex-primeiro-ministro critica
Eduardo dos Santos
Marcolino Moco acusa família do Presidente de querer controlar a comunicação social e aquele de agitar o espectro étnico para manter o poder.
O Presidente José Eduardo dos Santos "manipula" dignitários católicos para consolidar o seu poder político, acusou em entrevista à Lusa o antigo primeiro-ministro angolano Marcolino Moco, entre 1992 e 1996.
"Eu vou dizer isso claramente e pode escrever: os clérigos quimbundos [região de Luanda e norte de Angola] da Igreja Católica estão a ser manipulados pelo Presidente, que diz: 'se vocês deixarem que a Rádio Ecclesia vá para todo o país, depois nós vamos entregar o poder aos nossos inimigos'. O inimigo é a UNITA, são os ovimbundos, etnia do centro-sul de Angola, disse Marcolino Moco.
Em causa está a continuada impossibilidade legal da emissora católica angolana emitir em todo o país.
"Eu fui educado na Igreja Católica. Os bispos todos me conhecem. Estamos a passar essa pouca vergonha de aceitar que o [Presidente] José Eduardo [dos Santos] impeça a Rádio Ecclesia de ser transmitida em todas as províncias do país enquanto as rádios da sua filha estão a expandir-se pelo país. Tem uma televisão também, a TV Zimbo", acrescentou.
Marcolino Moco referia-se à Rádio Mais e à TV Zimbo, órgãos que integram o maior grupo editorial angolano, o Media Nova.
"Alguns são parentes do Presidente. Mas pode mesmo escrever isso. Eles são familiares, são parentes, e depois querem impor o seu modelo, que ninguém está contra. Eu não sou contra ninguém que seja quimbundo", acrescentou Marcolino Moco, nascido em 1953 no Huambo, planalto central de Angola, sendo por essa razão um Ovimbundo.
Defensor de que não devem existir tabus, designadamente os de ordem étnica, Marcolino Moco classifica como "gravíssimo" que se queiram impor "idiossincrasias" a outros povos.
"É um problema que as pessoas não querem debater. Por exemplo, os bispos de outros grupos étnicos em Angola têm receio de abordar isso abertamente por causa das hierarquias. Mas é uma realidade e é perigoso em relação ao futuro, porque é adiar problemas", defendeu.
* A verdade sobre a ditadura de ZEDU é bem conhecida de todos e a complascência do governo português para com ela é bem visivel.
Marcelino Moco foi até há pouco tempo um "serviçal" de ZEDU, perdeu a sua confiança foi p'rá rua e agora despeitado põe a "boca no trombone", oxalá que revele boa informação mas isso não lhe retira a cumplicidade com o ditador angolano.
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