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OTI «trava» euforia do PGR
sobre combate à corrupção em Portugal
'Trabalho ineficaz',
Pinto Monteiro considera que nunca se investigou tanto, como agora, a corrupção em Portugal. Associação rejeita esses dados.
A ministra da Justiça anunciou, ontem, que o Banco de Portugal e Comissão de Mercado de Valores Mobiliários vão disponibilizar ao Ministério Público meios para agilizar e melhorar a realização de perícias na investigação dos grandes crimes económico-financeiros.
Falando numa conferência sobre o combate à corrupção, Paula Teixeira da Cruz adiantou que o seu Ministério encetou diligências junto do BdP e da CMVM, para garantir que estas entidades disponibilizem ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) os meios necessários para o efeito. 'Basta de impunidade. É preciso um combate sem tréguas à criminalidade que mina a qualidade da democracia', disse Paula Teixeira da Cruz.
Quem também esteve presente na conferência «Ministério Público e o Combate à Corrupção» foi o Procurador-Geral da República (PGR), que defendeu que 'nunca a corrupção foi tão detetada e investigada em Portugal', e refutou a tese de que a economia portuguesa funciona mal por culpa dos tribunais e deste tipo de crime. 'Se a economia não funciona bem em Portugal a culpa não é dos tribunais e de haver corrupção', disse Pinto Monteiro.
O PGR disse não partilhar da ideia daqueles que afirmam que 'a economia portuguesa seria das mais prósperas da Europa se não fosse a corrupção', notando que 'não são os tribunais que têm culpa de a economia não funcionar', 'Não podemos empurrar para os tribunais mais responsabilidade do que aquela que têm', frisou.
Para a diretora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, Maria José Morgado, o topo da pirâmide deste crime está a 'corrupção de Estado', e dos partidos políticos, sendo esta mais difícil de investigar devido ao seu grau de sofisticação.
Em reação a estas declarações, o presidente da Organização Transparência Internacional, Paulo Morais, disse à TSF que, apesar do otimismo do PGR, não há resultados. 'Fico um pouco perplexo com essas afirmações. As declarações de Pinto Monteiro fazem-me lembrar a história do estudante que diz que estuda sempre muito, mas acaba por chumbar', afirmou, sublinhando: 'o povo português precisa de resultados. Se, eventualmente, o Ministério Público anda a trabalhar muito na área da corrupção e os resultados são nulos, então é sinal de que o trabalho tem sido ineficaz.', 'Aliás, eu tomo a liberdade de perguntar se alguém conhece, em Portugal, quem esteja preso por crimes de corrupção?', rematou.
* Mas há "gajos" presos por roubarem "pasteis de nata".
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