Empréstimos do Estado às empresas públicas disparam 7500% em 2011
Governo teve de emprestar 5,6 mil milhões a empresas públicas, contra os 74 milhões de 2010. Esforço financeiro líquido total do sector saltou 438%
O Estado foi obrigado a emprestar 5,66 mil milhões de euros às empresas públicas em 2011, mais 7468% que os 74 milhões de euros que emprestou em 2010, segundo dados ontem publicados pela Direcção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF). Segundo a mesma fonte, a maior parte dos créditos foram cedidos no último trimestre do ano, período em que o Estado foi obrigado a injectar 3,99 mil milhões num sector público afogado em dívidas e sem liquidez.
Estes créditos foram a forma encontrada pelo governo para garantir que as empresas públicas conseguiam pagar salários, dívidas vincendas e os compromissos com os fornecedores. Os números dão forma ao impacto nas contas públicas da sucessão de cortes de ratings das empresas e a consequente falta de acesso destas ao crédito bancário.
A maior parte do dinheiro emprestado pelo Estado virá das verbas cedidas pela troika, que, contudo, não previam qualquer injecção nas empresas públicas. Essa será uma das razões de o Estado continuar a emitir dívida a curto prazo, pois é preciso compensar o buraco das empresas públicas: no último trimestre de 2011, o Instituto de Gestão do Crédito Público, que gere a dívida, angariou 5,6 mil milhões a curto prazo a uma taxa média a rondar os 5%.
Os números revelados pela DGTF apontam ainda que entre empréstimos, pagamento de indemnizações compensatórias, garantias e, pela positiva, o recebimento de dividendos das empresas, o esforço financeiro líquido dos contribuintes com o sector empresarial do Estado saltou 437,7% de 2010 para 2011, ou seja, de 1,13 mil milhões, para 6,1 mil milhões.
Ainda segundo a DGTF, as empresas públicas pagaram dividendos ao Estado no valor de 240,15 milhões de euros em 2011, menos 47,6% que os 458 milhões de euros recebidos pelo Estado em 2010.
Cultura e saúde pagam caos Foi nestes sectores que o Estado cortou a direito no esforço financeiro que realizou o ano passado. Se em 2010 a cultura representou um esforço público de 211,9 milhões de euros, já em 2011 a verba mal chegou aos 56,2 milhões, menos 73,5%. Já na saúde, o corte foi de 100%, já que o sector teve um custo zero, contra 52 milhões de 2010.
Pelo contrário, os transportes e a comunicação social foram as áreas que mais exigiram aos contribuintes. A comunicação social obrigou a um esforço financeiro de 344,3 milhões de euros em 2011 – mais 507% – e os transportes, sem infra-estruturas, exigiram 1,77 mil milhões, mais 672% que em 2010. Já nas infra-estruturas ferroviárias (Refer) e rodoviárias (Estradas de Portugal) o salto foi bem maior: as estradas precisaram de mais 1211%, para 1,7 mil milhões de euros, e a rede ferroviária exigiu 2,14 mil milhões aos contribuintes – mais 4840%.
* Como não havemos de estar na penúria.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário