Mértola é uma vila portuguesa do distrito de Beja, região do Alentejo e sub-região do Baixo Alentejo, com cerca de 3 100 habitantes.
A vila encontra-se situada numa elevação na margem direita do rio Guadiana, imediatamente a montante da confuência da ribeira de Oeiras.
É sede de um dos maiores municípios de Portugal, com 1 279,40 km² de área e 7 332 habitantes (2009)[1], subdividido em 9 freguesias.
O município é limitado a norte pelos municípios de Beja e de Serpa, a leste pela Espanha, a sul por Alcoutim e a oeste por Almodôvar e por Castro Verde.
IN "WIKIPÉDIA"
HISTÓRIA
Gentílico | Mertolense, Mertolengo |
Área | 1 279,40 km² |
População | 7 332 hab. (2009[1]) |
Densidade populacional | 5,73 hab./km² |
N.º de freguesias | 9 |
Presidente da Câmara Municipal | Não disponível |
Fundação do município (ou foral) | 1254 |
Região (NUTS II) | Alentejo |
Sub-região (NUTS III) | Baixo Alentejo |
Distrito | Beja |
Antiga província | Baixo Alentejo |
Orago | |
Feriado municipal | 24 de Junho |
Código postal | 7750 |
Endereço dos Paços do Concelho | Não disponível |
Sítio oficial | Câmara Municipal de Mértola |
Endereço de correio electrónico |
Nas terras deste concelho existem vestígios de Mértola ter sido um entreposto comercial importante na época dos Fenícios, Cartagineses, Romanos e Árabes, devido à existência de via fluvial e terrestre com ligação ao Sul da península.
A toponímia seria Myrtilis, na época romana, passando a ser posteriormente Mértola.
Os Árabes deixaram uma fortaleza, posteriormente ocupada pelos cristãos, e uma mesquita, que veio a ser transformada em igreja paroquial da sede do concelho. Em 1238, D. Sacho II conquista Mértola aos mouros, doando a vila à Ordem de Santiago para esta a repovoar.
No século XIII, iniciou-se o povoamento definitivo destas terras, facto comprovado pelos achados arqueológicos dessa época.
Em Alcaria Longa existem diversos testemunhos da presença de comunidades pastoris. Recebeu novo foral em 1512, por D. Manuel. No século XIX e ainda no século XX, a economia de Mértola dependia muito da exploração das minas de S. Domingos, que se transformaram num grande centro de extracção de pirite cúprica.
A nível do património arquitectónico, são de realçar o Campo Arqueológico de Mértola, que apresenta um vasto programa museológico, sendo Mértola considerada uma vila-museu com diferentes áreas de intervenção e investigação, organizadas em três núcleos: o Núcleo Romano, o Núcleo Visigótico, que inclui uma basílica cristã, e o Núcleo Islâmico, onde se pode ver uma das melhores colecções portuguesas de arte islâmica (cerâmica, numismática e joalharia).
De destaque ainda é o Castelo de Mértola, medieval, que culmina no morro com duas torres - a torre de menagem, que foi construída em 1292 pelo primeiro Mestre da Ordem de Santiago.
Existem alguns torreões amparando muralhas, em grande parte obra de mouros, mas com muita silharia romana. Referência também para a Igreja de Nossa Senhora da Anunciação, matriz de Mértola, dos séculos XI-XIII e que sofreu alterações no século XVI, em estilo manuelino e renascentista. Destaca-se ainda o Santuário de Nossa Senhora de Aracelis ou Araceles e o património mineiro, como o porto de escoamento do Pomarão, o bairro dos mineiros e as suas infra-estruturas, que constituem marcos importantes da época de exploração mineira.
ECONOMIA
No concelho predominam as actividades ligadas ao sector primário, com a agricultura, pecuária e apicultura, seguidas do secundário, com as indústrias de carpintaria, fabrico de móveis, oficina de ourivesaria, tecelagem, serralharia civil, construção civil e panificação.
No sector terciário destaca-se a hotelaria, actividade ligada ao turismo.
Apesar da sua importância, a agricultura ocupa somente uma área de cerca de 3% da área concelhia, destacando-se os cultivos de cereais para grão, prados temporários e culturas forrageiras, frutos secos, pousio, olival e prados e pastagens permanentes.
A pecuária tem também alguma importância, nomeadamente na criação de ovinos, aves e suínos.
Grande parte dos terrenos concelhios, cerca de 12 001 ha, corresponde a área florestal.
IN "MÉRTOLA ON LINE"
CAMPO ARQUEOLÓGICO DE MÉRTOLA
Desde a sua criação em 1978, o Campo Arqueológico de Mértola procurou desenvolver uma investigação científica multidisciplinar no âmbito das ciências sociais e humanas. Além de um interesse directo pela História e Arqueologia, os seus grupos de trabalho têm vindo também a dedicar-se à História Local, ao património histórico, à herança artística e cultural, à Museologia e à Antropologia Física.
No que diz respeito à Arqueologia assinalamos as escavações, quer de emergência quer anteriormente programadas (Alcáçova do Castelo de Mértola, Rossio do Carmo, Mesquita de Mértola, Castelo de Mértola, Achada de S. Sebastião, Cine-Teatro Marques Duque, Hospedaria Beira Rio, Biblioteca Municipal, etc.) na vila de Mértola e em outros locais da região; o levantamento da Carta Arqueológica do Concelho; e a conclusão dos seguintes projectos:
" Investigação em Arqueologia Medieval e Islâmica" (1987-1990), "Estudo Arqueológico do Bairro Islâmico da Alcáçova de Mértola" (1993-1996), "Mértola Islâmica. Recursos económicos e quotidiano" (1997-1999), e "Mértola. História e arqueologia da Alta Idade Média" (2001-2003), financiados pela FCT do Ministério de Ciência e do Ensino Superior (MCES), assim como os projectos "Escavações arqueológicas em Mértola, 1999-2002" e "Mértola e o seu Território na Antiguidade e na Idade Média. Trabalhos Arqueológicos em Mértola 2003-2006", no âmbito do programa PNTA do Instituto Português de Arqueologia.
No âmbito do estudo e valorização do património, podemos citar os projectos seguintes: "Imaginária Religiosa do Concelho de Mértola - Inventário, estudo e organização museografia" (1991-1994), "O Casco Urbano de Mértola - Vectores Históricos de Organização Funcional" (1991-1994) e "Património edificado e tecnologias tradicionais de construção" (1997-2000) apoiado pelo MCES.
Sobre a actividade científica em Antropologia Cultural os trabalhos mais relevantes consistem no levantamento e revitalização da tecelagem tradicional e nos projectos de investigação "Poejo, Mantas e Pão - um estudo de etno- tecnologias" (1992-1994) e "Mudança social e práticas alimentares no Concelho de Mértola (1960-1990)" (1997-2001), apoiados pelo MCES.
No que se refere à investigação museológica e museográfica, destaca-se o "Projecto de Museologia Local" (1997-1990) financiado pelo MCES e a concepção e a montagem dos núcleos do Museu de Mértola : "Castelo" (1991), "Basílica Paleocristã" (1993), "Tecelagem" (1998), "Ermida e Necrópole de São Sebastião" (1999), "Oficina do Ferreiro" (2001), "Arte Sacra" (2001) e "Arte Islâmica" (2001).
As actividades científicas do CAM permitiram organizar os seguintes acontecimentos científicos de âmbito internacional: IV Conferência Internacional "A Cerâmica Medieval no Mediterrâneo", Lisboa, 1987; "Hábitos alimentares e formas de habitar na Idade Media", Mértola, 1993; "Lisboa, encruzilhada de Muçulmanos, judeus e Cristãos", Lisboa, 1997; "Portos Medievais do Mediterrâneo", Mértola, 2001 e "Al-Ândalus Espaço de Mudança", Mértola, 2005.
O programa editorial do Campo Arqueológico de Mértola ultrapassa neste momento uma vintena de títulos, de que se podem destacar a revista "Arqueologia Medieval" (9 números publicados), actas de colóquios e seminários, monografias científicas, uma série dedicada a estudos e documentos, os catálogos do Museu de Mértola e de exposições itinerantes e outras publicações de divulgação.
Para além da sua actividade científica, o CAM, motivado pela sua vocação de serviço público, tem colaborado em diversas acções de desenvolvimento local.
MÉRTOLA VILA MUSEU
Um projecto cultural de desenvolvimento integrado
por Cláudio Torres
Quando em finais dos anos setenta do século passado foi iniciado o projecto que hoje chamamos Mértola Vila Museu, os seus objectivos não eram muito diferentes daquilo que agora, felizmente, é já um lugar-comum: envolvimento da população,numa tentativa de lhe devolver a sua identidade e contribuir para o desenvolvimento local.
Depois de algumas dificuldades iniciais o ponto de viragem aconteceu com o
reconhecimento externo: quando os mertolenses verificaram que o trabalho lento e minucioso dos arqueólogos e museólogos era reconhecido no exterior. Entre outras notoriedades a Secretaria de Estado do Ambiente e a Secretaria de Estado da Cultura atribuíram em 1989 ao Campo Arqueológico de Mértola o Prémio Nacional de Conservação da Natureza e do Património Histórico-Cultural; em 1990 é o Ministério do Planeamento e Administração do Território a conceder o Prémio Nacional para o melhor Plano de Salvaguarda para um núcleo histórico; em 1998 o Ministro da Cultura atribui ao Campo Arqueológico de Mértola a Medalha de Mérito Cultural.
A grande opção de fundo deste Projecto Integrado foi a aposta sobretudo na musealização em vez de investir apenas nas publicações de carácter científico. Por um lado, a qualidade científica do trabalho arqueológico e a sua divulgação nos canais apropriados é, não só natural em toda a actividade que se pretenda credível e digna dessa condição como, por maioria de razão, se torna vital para qualquer projecto sediado fora dos circuitos universitários ou institucionais. Por outro lado, a musealização ou divulgação local, em linguagem acessível e pedagógica, é a única forma convincente de justificar localmente os trabalhos em curso, capaz de identificar as mais fortes referências culturais e, por conseguinte, dinamizar potenciais endógenos. Na dinâmica museográfica não só se difundem os resultados de uma forma mais eficiente pelo público em geral, sobretudo o local, como se torna possível atrair visitantes, desde que esta oferta seja devidamente divulgada. Assim se constituiu Mértola como um destino de turismo cultural de importância nacional e, até, internacional.
TORRE DO RIO |
De facto, o número de visitantes dos museus foi aumentando até que, ultimamente, foram ultrapassados os 25 000 por ano. Destes, cerca de 20% são visitas de estudo de escolas. Há ainda um número residual de grandes grupos de outro tipo (excursões em autocarro de idosos, grupos culturais e recreativos, etc.). Além destes visitantes que utilizaram directamente o posto de informação, devemos referir uma percentagem significativa - avaliada em dez mil ao ano - que entra na Vila Velha, sobe ao castelo e á igreja matriz sem registar a sua presença.
Estes visitantes procuram mais do que majestosos monumentos, um projecto dinâmico e ambicioso que, numa zona isolada e longe dos grandes centros, conseguiu envolver a população local, construindo propostas científicas e museológicas de grande qualidade.
Todo este esforço de investigação, investimento e divulgação tem sido maioritariamente conduzido pelo Campo Arqueológico de Mértola de colaboração com a Associação de Defesa do Património e com o apoio da Câmara Municipal.
TORRE DO RELÓGIO |
Mais recentemente juntaram-se a este projecto a delegação local da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, que se "especializou" na formação nas áreas do turismo e do património, e o Parque Natural do Vale do Guadiana, naturalmente vocacionado para a gestão ambiental de um vasto território com cerca de 70 000 hectares.
O tecido urbano do centro histórico de Mértola, apresenta-se como um conjunto de alto valor histórico, patrimonial, plástico e mesmo vivencial. Assim, tem sido parte fundamental do trabalho da equipa do CAM incentivar, apoiar e desenvolver actividades e projectos de valorização patrimonial a ele associados.
Um trabalho mais aturado nesta área conduziu a projectos de intervenção arquitectónica, assumindo particular relevância o cruzamento das informações provenientes dos trabalhos de investigação arqueológica e documental, nomeadamente no caso da recuperação de alguns troços das muralhas da vila, da Basílica Paleocristã, do edifício da Cadeia, hoje Biblioteca Municipal, das ruínas seiscentistas dos antigos celeiros da Casa de Bragança (onde se encontra instalada a colecção de Arte Islâmica do museu) e de algumas casas de habitação. Procura-se, assim, que determinados espaços (edificados ou de outra natureza) possam ser componentes integráveis no conjunto museológico, dando-se também resposta às necessidades sociais e de usufruto quotidiano que o local contém em si.
Neste contexto, o Projecto de Museologia Local de Mértola insere-se numa filosofia de intervenção que visa, antes de tudo, projectar a recuperação social e patrimonial do centro histórico, conhecido por Vila Velha.
VISTA DO CASTELO |
É que, embora os vectores mais importantes de expansão da vila estejam hoje extramuros, o núcleo primitivo permaneceu, a imagem de marca dos registos do passado e, de certa forma, o símbolo e motor do seu próprio desenvolvimento.
Este quadro ajuda a perceber como o museu é a própria vila. De facto, historicamente tão importantes como os achados arqueológicos que enchem os expositores, são as ruas, a organização dos espaços públicos, a estruturação e usufruto das fachadas, volumes arquitectónicos, materiais e as técnicas de construção, assim como uma sustentada requalificação habitacional.
A museologia, aqui, não podia alhear-se da reabilitação urbana. Assim, facilmente se apercebe o princípio que tem presidido ao projecto da Vila Museu: o da polinuclearização, isto é, o de organizar/instalar em pontos distintos do centro histórico espaços museográficos organizados de forma temática e sempre que possível no próprio local do achado arqueológico ou relacionado directa ou indirectamente com o objectivo pedagógico pretendido.
Desta forma, proporciona-se a leitura e o conhecimento de conteúdos históricos específicos, evitando-se a concentração expositiva e sobrecarga informativa, ao mesmo tempo que se faculta o acesso a um percurso histórico de visita que se interpenetra com os espaços e traçado urbano da vila, ela mesma entendida como espaço de fruição estética. Um dos objectivos deste percurso museográfico, e que tem sido coroado de êxito, é incentivar a variação dos circuitos, levando o turista a aumentar o tempo-visita, com benefício evidente para os serviços de restauração e alojamento.
PRATO ISLÂMICO |
Aqui chegados, encontramo-nos agora num ponto de viragem: os recursos, incluindo os turísticos, têm de ser planeados e geridos, sob pena de não serem devidamente acautelados. É necessário definir objectivos e estratégias. E estes parecem apontar para uma melhor gestão das visitas acompanhadas organizando mais circuitos temáticos para crianças, adolescentes e idosos, diversificando a oferta, nomeadamente para a vertente do turismo etno e antropológico e de natureza.
Para além destes aspectos estamos agora empenhados em melhorar a qualidade do serviço prestado dando formação aos que mais directamente trabalham com o visitante, envolver a população de uma forma mais participada na actividade turística e, sobretudo, que o planeamento, para além de permitir uma melhor operacionalidade, reduza ao mínimo os impactos negativos. Estamos conscientes que a qualidade do factor turístico está directamente relacionada com a qualidade do serviço, com a informação disponibilizada e, também, com a qualidade da animação existente.
Todos estes aspectos, devidamente estruturados e interligados, podem ser um obstáculo ao crescimento desregrado e incontrolado que, mais tarde ou mais cedo, pode levar à agonia e morte por massificação dos destinos turísticos mais procurados.
O MUSEU DE MÉRTOLA
1 - Centro de acolhimento e informação
Este espaço, logo à entrada da Vila Velha funciona como centralizador das actividades de divulgação e atendimento turístico que estão sob a responsabilidade do CAM e da Câmara Municipal. Por um lado, aqui ficam instalados equipamentos informáticos onde pode ser consultada a base de dados turísticos e logísticos.
Dotada com um sistema de projecção em ecrã, a sala pode ser usada como espaço para uma conversa introdutória com os visitantes, explicando algumas das componentes do projecto.
A sala funciona também como local de visionamento de pequenos filmes produzidos pelo CAM, pela ADPM ou outros relacionados com aspectos da cultura e do património de Mértola. Este local será ainda o local de venda de bilhetes, de publicações e guias de visita.
Esta centralização permitirá uma eficaz gestão e controlo de todo o serviço de apoio turístico em torno dos núcleos e sítios arqueológicos.
Neste local estará sempre de serviço um funcionário de atendimento, que organiza e faz a distribuição dos fluxos de visitantes, bem como vendas e alugueres; também aqui será o local de congregação dos visitantes com guia, caso seja este o tipo de visita (previamente) solicitada.
Todo o tipo de informações que se prendem com outros aspectos logísticos ou outros serviços, podem também ser facultados neste espaço.
A concentração do fluxo de visitantes neste local, como ponto de partida para qualquer percurso de visita, permite manter um registo de visitantes, assim como a sua profissão, origem social e nacionalidade, dados esses preciosos para gerir com maior agilidade todo o processo.
2 - Castelo
Ocupando o local de antigas construções romanas e de um pequeno bairro fortificado de época islâmica, o castelo domina todo o povoado e serve de referência ao fragor de antigas batalhas, à memória de outros feitos.
A torre de menagem, ainda imponente no seu formidável volume, assinala a época em que Mértola foi durante um século, a sede nacional da Ordem de Santiago. Na sala de armas abobadada estão reunidos alguns elementos arquitectónicos recolhidos na vila e nos arredores e atribuíveis a um período de transição entre o séculos VI e IX.
É uma época dominada pelas formas decorativas ao gosto visigótico. Esta mostra, além de um catálogo temático, ostenta um painel didáctico referindo a implantação topográfica dos objectos expostos. Na sala superior, recentemente recuperada está prevista a montagem de um outro programa expositivo dedicado à história da própria fortaleza. No recinto do castelo, cujas muralhas foram recentemente consolidadas o acesso está actualmente condicionado por obras de reabilitação e musealização ainda não concluídas.
3 - Acrópole romana e bairro islâmico
A arqueologia abriu as primeiras portas do passado. Ano após ano são descobertas outras formas e objectos que valorizam os museus e respondem a muitas dúvidas de uma história por vezes ainda mal contada. Interrompendo a vertente norte da encosta do Castelo, o possível forum da cidade romana cria uma plataforma artificial, suporte do mais imponente conjunto monumental da velha Myrtilis.
Toda esta antiga praça pública assentava numa galeria subterrânea - o criptopórtico - com cerca de 30 metros de comprimento e 6 de altura que serviu de armazenamento alimentar e mais tarde de cisterna. Em época islâmica, no decurso dos séculos XI e XII, toda esta zona é ocupada por um bairro habitacional que, depois da conquista cristã de 1238, é completamente arrasado e transformado em cemitério. Este recinto, agora de acesso reservado, pode vir a ser visitado futuramente percorrendo um passadiço metálico que levará o visitante aos locais de maior interesse.
Entre estes conta-se um importante baptistério do século VI, na altura rodeado por um belo conjunto de mosaicos policromos de que restam alguns fragmentos significativos.
4 - A igreja-mesquita
Inserida directamente no recinto da acrópole e integrando-se no seu circuito monumental, ergue-se a Igreja matriz (antiga mesquita) -
No local onde teria existido um templo romano e depois paleocristão e onde, em finais do século XII, foi construída de raiz uma mesquita, situa-se hoje a igreja matriz de Mértola. Da antiga mesquita almóada restam dois capiteis, reutilizados nas obras quinhentistas, quatro portas de arco ultrapassado e o mihrab. Neste pequeno nicho, é ainda claramente perceptível a linguagem decorativa dessa época. Logo após a conquista, a mesquita é cristianizada e a Ordem de Santiago impõe na fachada o seu símbolo. Em meados do século XVI a igreja é completamente reconstruída. As suas 5 naves, inicialmente cobertas por madeiramento policromo, são substituídas por um belo conjunto de abóbadas com destaque para o tramo polinervado do altar mor.
Ao contrário da abobadagem e dos pináculos exteriores que se submetem ao gosto mudéjar do último gótico, a porta principal da igreja segue os modelos do Renascimento italiano. No adro do templo, um painel didáctico, além de prestar algumas informações históricas, indica os horários de abertura do monumento.
A caminho do conjunto monumental localizado na ponta sul da Vila Velha, a descida deve ser feita pela rua da Afreita onde se localizava uma antiga oficina de ferreiro.
5 - Forja do Ferreiro
Esta oficina já desactivada, pretende guardar uma das muitas profissões do nosso passado que não conseguiu resistir às novas tecnologias.
Além da bigorna e da forja com o seu fole, são expostas todas as ferramentas necessárias à moldagem do ferro. Um painel explicativo descreve o local e as principais operações desenvolvidas pelo artesão.
6 - Colecção de arte islâmica
Aproveitando os espaços e volumes dos antigos celeiros da Casa de Bragança, um moderno projecto arquitectónico e museográfico abriga, ao longo dos seus dois pisos, a mais importante colecção de arte islâmica do nosso País. Destaca-se o espólio cerâmico e nomeadamente um excepcional conjunto de artefactos decorados com vidrado em "corda seca".
Esta técnica decorativa oriental, apurada nas olarias do Al Andalus, será mais tarde difundida pela azulejaria quinhentista. Os motivos decorativos animais e vegetais passam a geométricos ou epigráficos, atingindo um forte barroquismo ornamental.
A arte dos metais especializa-se na fundição de bronzes e aperfeiçoa a sua tecnologia no fabrico de armas. O sistema monetário é sobretudo em prata, embora por razões de prestígio, alguns pequenos reis locais cunhem moedas de ouro. A ourivesaria em ouro, prata ou bronze, nas suas técnicas de repuxado, encastoado, fundido e cinzelado parece ser oriunda de oficinas locais que aproveitavam os metais extraídos nas cercanias. Todas estas técnicas e formas decorativas estão representadas nos expositores do museu.
8 - Centro de Estudo islâmicos e do Mediterrâneo
Fronteiro ao Núcleo Islâmico, num belo edifício, parcialmente recuperado, encontram-se instalados vários organismos dependentes do Campo Arqueológico de Mértola. Um Centro de Formação Superior, uma biblioteca especializada na Civilização Islâmica, a sede da associação Multiculti; a sede da Rede portuguesa da Fundação Anna Lindh para o Diálogo de Culturas e um Centro de Exposições temporárias.
9 - Arte sacra
Porta da Ribeira, Construída no século XVI sobre a porta de acesso ao porto antigo e medieval, a igreja da Misericórdia hoje parcialmente desafecta ao culto, guarda um interessante acervo de arte sacra cristã.
O corpo da igreja, a sacristia e outros anexos, servem hoje de espaço expositivo. A colecção de estatuária, pintura e alfaias religiosas, foi durante os últimos vinte anos, recolhida em algumas igrejas do concelho, dada a pouca segurança e o abandono a que tinham sido votadas. Entre um conjunto de três dezenas de peças esculpidas em madeira policroma, algumas pertencem a grandes escolas europeias do século XVI e a grande maioria foi trabalhada em oficinas regionais.
A primeira parte da exposição permite uma visita virtual a todas as igrejas paroquiais, assim como uma visão fílmica da procissão anual do
Senhor dos Passos. Estão expostas também algumas peças da antiga Misericórdia e três tábuas monumentais que pertenceram a antigos altares quinhentistas da igreja matriz. Entre as alfaias litúrgicas expostas destacam-se três importantes peças em prata cinzelada do século XVI: uma arqueta-ostiário, uma cruz processional e uma custódia. Do século XVIII, sobressai um conjunto de cálices e outras pequenas alfaias litúrgicas.
10- Percurso da Beira Rio
Saindo pela Porta da Ribeira em direcção ao rio e partindo das antigas muralhas romanas (indicadas por sinalização local), alinham-se ainda imponentes os pegões de um pontão que dava acesso em época tardoromana à Torre do Rio. Além de permitir o acesso à água sem sair das muralhas, esta construção era um importante ponto de apoio na defesa do porto, não só por poder abrigar uma guarnição militar, como também por controlar uma corrente de ferro que, de uma margem à outra impedia as embarcações inimigas de subir o rio. Poderosos talha-mares resistiam à violência das águas invernais. Pela sua técnica construtiva e funções, é um monumento único no nosso país.
A zona envolvente destas imponentes ruínas foi consolidada e ajardinada. Um caminho calcetado leva o visitante a visitar um sistema de túneis e poços que em épocas antigas introduzia as águas do rio no interior das muralhas. Subindo a escadaria da Torre do relógio chega-se ao largo da Câmara.
11 - Casa romana
Sob o edifício dos Paços do Concelho encontra-se instalado o núcleo romano do Museu. Antecedendo obras no subsolo, uma intervenção arqueológica pôs a descoberto as ruínas de uma habitação romana. A musealização deste sítio, permitiu instalar um conjunto de fragmentos arquitectónicos sugerindo formas e funções da época em que a casa foi habitada. São expostos objectos encontrados no próprio local, alguns outros associados ao mesmo contexto cultural e finalmente a reprodução de vidros e esculturas dessa época que, desde os finais
do século XIX, foram depositadas no Museu Nacional de Arqueologia. Este pequeno museu de sítio embora integrado no edifício dos Paços do Concelho, segue os horários dos outros núcleos museológicos.
12 - Oficina de ourivesaria
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