Passos Coelho defende governo económico europeu e retira culpas de Merkel e Sarkozy no caso português
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou hoje, no Porto, que a crise portuguesa “não é culpa do senhor Sarkozy ou da senhora Merkel”, apoiando os dois líderes europeus na defesa de um reforço da liderança económica europeia.
“Quando os países são indisciplinados e colocam em risco outros, é natural que os que geriram bem as suas economias e emprestam dinheiro queiram receber garantias em como o que emprestam será bem utilizado. Esse governo económico que precisamos de construir na Europa é essencial para que a Europa possa ser solidária”, sustentou o primeiro ministro.
Passos Coelho falava aos jornalistas, no final da sessão evocativa em memória de Francisco Sá Carneiro, no Porto, respondendo ao líder do PS, que pediu no sábado que o primeiro ministro não esteja sentado em São Bento à espera das decisões de Merkel e Sarkozy.
O primeiro-ministro lembra que “Portugal perdeu parte da sua soberania pois teve de pedir muito dinheiro emprestado porque geriu mal as suas finanças e economia”, frisando que o atual Governo quer “resgatar essa autonomia” para ter “mais liberdade”.
Revelando ter uma “expetativa positiva” relativamente ao Conselho Europeu da próxima semana, o primeiro-ministro admitiu que a moeda única tem problemas que precisam de ser resolvidos.
“Somos 27 países na União Europeia, dos quais 17 com uma moeda em comum. Só esse facto, de estarmos numa mesma economia com a mesma moeda, traz desafios e alguns problemas. Desde julho que andamos a tentar encontrar uma resposta que traga estabilidade financeira à Europa. Esse é o grande risco que enfrentamos e é a grande expetativa que temos para o Conselho Europeu”, afirmou.
Se a solução não for encontrada, “é a própria União Europeia e o euro que estão em causa”, alertou, revelando esperar “que isso não aconteça porque seria absolutamente desastroso para o espaço da zona euro e para toda a economia”.
Durante o discurso, Passos Coelho já tinha deixado claro que a culpa da crise portuguesa não é de Merkel ou Sarkozy, mas de quem conduziu Portugal até aqui.
“Era bom que, aqueles que contribuíram por ação ou omissão para esta dívida e esta ilusão, tivessem a humildade de reconhecer que a culpa do que se está a passar em Portugal não é do senhor Sarkozy, nem da senhora Merkel, nem da Europa. Foi de todos quantos prosseguiram um modelo de desenvolvimento que não era realista nem ajustado nem justo”, afirmou Passos Coelho.
Lembrando que, em 2012, o custo dos juros da ajuda externa a Portugal será de “nove mil milhões de euros”, o governante destacou que “vergonha não é ter dívida quando alguma coisa corre mal”, mas sim achar “que não é uma prioridade pagar” o que se deve.
“E ainda há quem pense que é preciso pôr a economia a crescer para o Estado gastar dinheiro. Isso não é aceitável. Bastava que tivéssemos metade da dívida que Portugal seria hoje um país mais justo”, lamentou.
Passos Coelho sublinhou ainda que o que está no memorando da troika “não esgota” o que Portugal tem de fazer por si próprio.
“Andam para aí a dizer ‘estes senhores são mais troikistas do que a troika, porque não fazem os serviços mínimos’. Mas o que andamos a fazer não é empurrados, é convencidos de que este é o caminho que teria de ser feito de qualquer forma”, defendeu.
* Claro que a culpa é dos portugueses que insistem em eleger estes políticos sanguessugas, mas cá para nós Passos Coelho anda a ageitar-se ao lugar de Durão Barroso.
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