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IN "VISÃO"
29/'6/20
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Princípios e valores, “mas”…
Há comentadores que entendem não haver hoje em Portugal uma oposição à altura e se entendem à altura de ser
1 O Dia Mundial do Refugiado foi no passado dia 20 e
o Presidente Marcelo assinalou-o sublinhando que “os refugiados são
pessoas como nós, o humano é universal e todas as vidas contam”, sendo
“Portugal um país aberto aos outros. De valores humanistas, de
solidariedade e justiça, que fazem dos portugueses um exemplo mundial no
acolhimento e integração dos refugiados”. Muito bem, temos até das
legislações mais avançadas nesse domínio e na proteção dos emigrantes.
Não fazemos, aliás, mais do que a nossa obrigação, atendendo inclusive à
diáspora de milhões de portugueses ao longo do tempo.
Muito bem, “mas”… Na prática, muitos “mas”. Desde logo, o
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Que esteve e está
tragicamente em foco, no banco dos réus, com a morte nas suas
instalações, vítima de tratamento bárbaro, de um cidadão ucraniano. E
que foi agora uma vez mais referenciado, em relatório de uma
credível instituição internacional, por em 2019 ter detido nas suas
instalações, para além do tempo previsto em convenção internacional que o
País subscreveu, um total de 77 menores. O SEF justifica,
“mas” (mais um…). Há anos, aliás, que há críticas e recomendações da
Provedoria de Justiça, as últimas da atual provedora, mormente sobre o
“isolamento excessivo” dos detidos, a que não é dado qualquer
seguimento.
Não pode ser. Além da urgente posição, que já aqui reclamei, sobre o
caso do ucraniano assassinado, impõe-se fazer muito mais do que o MAI já
anunciou. Que Governo e Parlamento assumam as suas responsabilidades; e
que o Presidente também intervenha e quando fizer declarações
“comemorativas” como aquela não esqueça realidades que negam os
princípios e valores que se proclamam.
2 Como se já não bastasse a Covid-19 a
infernizar-nos a vida, para além da abundante indispensável informação
sobre a pandemia, suas manifestações e consequências, somos fustigados
por chusmas de comentários e variações, a seu respeito, que não
interessam nem ao Menino Jesus. E que só servem, muitas delas, para nos
dar um certo retrato, não muito lisonjeiro, dos seus autores. Incidindo
em particular sobre o que Presidente da República e primeiro-ministro
fazem e não fazem, dizem e não dizem. Trata-se do exercício da liberdade
de opinião, tudo bem. No entanto já é difícil suportar tanta repetição
por um lado e contradição por outro, tanta divagação de mais e coerência
de menos.
O que muitas vezes julgo acontecer, e me penaliza pela ideia que
tenho da responsabilidade de opinar ou comentar nos média, sobretudo em
circunstâncias difíceis como as atuais, é uma certa tendência para uma
infundada crítica fácil, com falta de capacidade de análise (ou de
seriedade?) e em alguns casos de respeito pelos outros. Fazendo amiúde
juízos com base no que já se sabe quando se escreve ou fala, e não com
base no que se sabia quando se tinha de tomar, ou mesmo arriscar, uma
decisão. Além disso, há comentadores que entendem não haver hoje em
Portugal uma oposição à altura e se entendem à altura de ser essa
oposição. Outra conversa…
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29/'6/20
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