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Manifesto diz que estratégia do Governo para o hidrogénio é um "erro"
Manifesto assinado por diversas personalidades, defende que a aposta do Governo no hidrogénio é um "erro" e que "aumenta os custos de produção". Documento critica ainda a política energética nacional.
O manifesto “Tertúlia Energia”, assinado por diversas
personalidades, defende que a aposta do Governo no hidrogénio é um
“erro” e que “aumenta os custos de produção”, lê-se no documento,
divulgado esta quinta-feira.
A eficiência energética da cascata do hidrogénio é muito baixa, o seu manuseamento reveste-se de alta perigosidade, e a dependência destas tecnologias de metais preciosos (platina), torna problemática a sua massificação”, defenderam os signatários, no manifesto.
De acordo com o documento, a política energética nacional nem sempre seguiu o melhor caminho.
O maior erro foi a introdução de tecnologias ainda imaturas, como as eólicas em grande escala e a solar em menor escala, de forma maciça, sem criação de valor acrescentado nacional e emprego”, lê-se no documento.
“Infelizmente,
a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2) mantém as graves
consequências do regime da Produção em Regime Especial que apoiou
precocemente tecnologias renováveis intermitentes e imaturas,
continuando a apostar em tecnologias emergentes e muito arriscadas para
armazenar eletricidade à custa dos consumidores”, lamentaram os
signatários.
O manifesto recorda que o projeto, aprovado pelo Governo e em
discussão pública, “pretende instalar até 2030,2 GW [gigawatts] em
eletrolisadores para produzir hidrogénio, com um custo de 7 mil milhões
de euros, destinados apenas ao consumo interno”.
Para estas
personalidades, “a única justificação económica apontada é a
substituição de importações de gás natural”, que “para um pequeno país
de economia aberta não faz qualquer sentido” e “mesmo assim só teria
mérito se reduzisse o custo para o utilizador final”.
No entanto, alertam, “não é isso que acontecerá; o custo do
hidrogénio injetado, apesar de utilizar a energia solar, custará entre o
dobro ou o triplo do gás, pelo que o consumidor final verá a sua fatura
do gás subir entre 15 e 30%”.
Por outro lado, “a utilização para
abastecimento de automóveis movidos a hidrogénio apontada a EN-H2 não
tem base tecnológica”, indica o manifesto, salientando que “o grau de
imaturidade
tecnológica revelado é bem evidente na confusão entre a
utilização do hidrogénio misturado com metano na rede de gás natural, e a
utilização do hidrogénio em células de combustíveis de veículos
rodoviários”.
O documento alerta ainda para elevados custos e
riscos de segurança na armazenagem e para o facto de a localização
prevista em Sines não ser apropriada, porque o processo de produção
exige muita água, que não existe no local.
“Para a produzir seria necessário instalar uma fábrica de
dessalinização da água do mar, a um custo adicional de cerca de 20 euros
por MWh [megawatts/hora], que acresceria ao preço final”, segundo os
signatários.
“A EN-H2 refere a utilização de águas residuais, que
não só também não existem na região, como a sua destilação exigiria
acrescidos custos”, segundo o documento.
“Não se compreende uma
estratégia deste tipo num país com cerca de 20% de pobreza, e a
necessitar de um forte investimento produtivo para poder aumentar o seu
rendimento per capita“, lê-se no manifesto.
O documento é assinado por personalidades como Abel Mateus,
ex-presidente da Autoridade da Concorrência, o ex-ministro Mira Amaral, o
empresário Henrique Neto, e Ribeiro e Castro, antigo líder do CDS.
O
Governo aprovou, em 21 de maio, a estratégia nacional para o
hidrogénio, que prevê investimentos de 7.000 milhões de euros “no
horizonte 2030”, levando a uma redução da importação de gás natural de
300 a 600 milhões de euros.
A EN-H2 contempla um grande projeto em
Sines, que custará entre 4 a 4,5 mil milhões de euros dos 7 mil
milhões, sendo o restante valor dividido por unidades mais pequenas.
* O jornalista José Gomes Ferreira denunciava há cerca de 3 semanas perante as câmaras da SIC esta negociata que se transformarão em acrescidas "CMEC's" da EDP.
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