HOJE NO
"OBSERVADOR"
Casas de Pizzi, Rafa, Grimaldo
e Lage vandalizadas.
Vieira confirma queixas na polícia. PSP identifica grupo ligado ao ataque
"
Estás avisado", escreveram no muro da casa de Pizzi entre insultos. Rafa, Grimaldo e Lage foram outros dos visados de madrugada. Todos já apresentaram queixa. Zivkovic e Weigl reagem ao ataque.
A casa de Pizzi, um dos capitães de equipa do Benfica, foi vandalizada
depois do empate dos encarnados sem golos frente ao Tondela na Luz, que
impediu que o conjunto comandado por Bruno Lage chegasse à liderança da
Liga. “Pizzi, filho da p***, estás avisado” foram as inscrições deixadas no portão do internacional português.
.
A imagem dessa mensagem já tinha circulado por alguns fóruns não
oficiais do Benfica durante a madrugada. Rafa e Grimaldo foram outros
dos atletas visados, bem como Bruno Lage. Neste caso em específico, e ao
contrário do que se passou nas residências dos jogadores, foi deixada a descrição “NN”,
ligada à claque No Name Boys. O Observador confirmou que os quatro já
apresentaram queixa contra incertos esta sexta-feira. Antes, o Benfica
tinha também apresentado queixa pelo autocarro ao autocarro na noite
desta quinta-feira, no Seixal.
Entretanto, e como tinha sido referido no programa “Tie Break” da Rádio
Observador, a PSP já começou a identificar alguns dos indivíduos ligados
ao ataque ao autocarro, bem como às inscrições nas casas de jogadores e
treinador. Tal como já era referido por algumas fontes ligadas ao
Benfica na madrugada de ontem, os mesmos fazem parte de uma ala mais radical, os casuais,
da claque No Name Boys e podem ter estado ligados a outros incidentes
recentes, como a rixa com adeptos do Sporting em Alvalade ou a emboscada
a um membro da claque Juventude Leonina no Estoril. A maioria desses
adeptos está identificada há muito pelos spotters, que têm como missão monitorizar e recolher informações dos grupos organizados de adeptos e os seus subgrupos.
Em paralelo, a Procuradoria-Geral da República confirmou ao Observador a
instauração de um inquérito a todos os acontecimentos, o qual será
dirigido pelo Ministério Público do Seixal. O processo encontra-se em
investigação.
“Falhada a oportunidade de passarmos para a liderança isolada do
Campeonato, exige-se agora uma resposta imediata da equipa, com a
ambicionada vitória na difícil deslocação a Portimão na próxima
quarta-feira, 10 de junho (…) O regresso aos triunfos é fundamental para
alcançarmos o bicampeonato, numa retoma caracterizada pela necessidade
de nos adaptarmos a toda esta nova realidade de não se sentir o apoio
dos adeptos no Estádio. Mas infelizmente a noite também ficou marcada
pelo cobarde e criminoso ato de apedrejamento de que
foi alvo o autocarro que transportava os nossos jogadores à saída da A2,
quando se deslocava para o Benfica Campus no Seixal”, começou por
condenar o Benfica, desta vez através da newsletter oficial.
“São situações que se têm repetido com maiores ou menores
consequências, sendo a mais grave, recorde-se, a que vitimou o nosso
adepto Bruno Simões, quando o autocarro de adeptos do Benfica foi
apedrejado no regresso a Barcelos, após um Benfica-Sp. Braga na Luz,
para além das diversas situações que têm sido recorrentes no futebol
português. Em todos estes casos, sem exceção, importa e exige-se que as
autoridades atuem com o máximo rigor, e identifiquem e punam os
responsáveis destes atos criminosos, verdadeiros delinquentes que devem ser erradicados do futebol
e que mancham a imagem de todos os clubes sem exceção. Estão a mais no
futebol e devem ser punidos de uma forma exemplar”, acrescentou o texto
oficial dos encarnados esta sexta-feira.
Já esta tarde, também Luís Filipe Vieira, presidente dos encarnados,
reagiu a toda a situação através de um comunicado. “O Benfica manifesta o
seu total apoio e solidariedade para com o nosso treinador Bruno Lage e
os nossos jogadores Rafa, Pizzi e Grimaldo, vítimas, esta madrugada, da
vandalização das suas residências privadas com diversas inscrições
intimidatórias e ameaçadoras. Do ocorrido, foi de imediato dado
conhecimento às autoridades, a quem apelamos o máximo de rigor e
exigência na identificação e punição exemplar dos responsáveis por estes atos delinquentes, conforme queixas já apresentadas”, começou por referir.
“O Benfica reitera o seu profundo repúdio e condenação por estes
comportamentos inaceitáveis e inqualificáveis, a que recorrentemente
temos assistido no futebol português, e que deverão ser tratados com
total intransigência por parte das entidades competentes. Aproveitamos
também para reforçar e manifestar igual apoio e solidariedade para com os jogadores Julian Weigl e Zivkovic,
ontem [quinta-feira] atingidos pelos estilhaços dos vidros partidos ao
autocarro dos jogadores e que felizmente se encontram a recuperar bem”,
acrescentou.
Weigl e Zivkovic reagem nas redes: “Houve uma linha que foi ultrapassada”
Entretanto, Weigl e Zivkovic, os dois jogadores que receberam
assistência hospitalar depois do ataque a um dos autocarros do Benfica
no regresso ao Centro de Estágio, mais concretamente à saída da A2 para o
Seixal, já reagiram ao sucedido esta manhã, depois de terem passado
pelo Hospital da Luz e de voltarem por volta da 1h30.
“Só quero dizer-vos que estou ok. Tivemos todos muita sorte! Todos
cometemos erros mas houve uma linha que foi ultrapassada! Atirar pedras a
um autocarro sem se preocupar se magoa alguém? Sei que os verdadeiros
fãs do Benfica não são assim! Especialmente estas últimas semanas e dias
deviam ter mostrado que a melhor solução é sempre ficarmos juntos em
vez de literalmente estarmos a atirar pedras uns aos outros! Obrigado
por todas as mensagens que me enviaram, agradeço a todos”, escreveu o
médio alemão no Instagram.
“Gostávamos de informar que estamos os dois bem. Infelizmente, não
conseguimos justificar este comportamento. Apesar de tudo, garantimos
que vamos continuar a lutar pelo Benfica e vamos continuar a dar tudo!
Muito obrigado por todas as mensagens de boa recuperação e pelo grande
apoio”, destacou Zivkovic na mesma rede social, com uma imagem onde é
visível o penso na vista do esquerdino, que sofreu ferimentos na cara.
Federação condena em comunicado, Gomes liga a Vieira
A Federação Portuguesa de Futebol reagiu também ao sucedido em
comunicado, sendo que, segundo apurou o Observador, Fernando Gomes,
presidente do órgão, telefonou a Luís Filipe Vieira, número 1 do
Benfica, e enviou também uma mensagem ao próprio treinador dos
encarnados, Bruno Lage.
“Foi com enorme tristeza e indignação que tomei conhecimento do
inaceitável ato de violência que atingiu o Benfica e os seus atletas. A
FPF confia que as autoridades policiais encontrarão, no mais curto
espaço de tempo possível, os responsáveis pelo ato bárbaro e cobarde de
ontem [quinta-feira] – o apedrejamento do autocarro do Benfica em
andamento – e exige que os autores deste crime não passem impunes.
Atacar, pela calada da noite, com a mão escondida, atletas, equipa
técnica, staff e dirigentes de um clube exige uma resposta à altura de
todos os que amam o futebol e que se sentem revoltados por este tipo de
comportamentos”, destaca.
“O futebol, ao longo de semanas, uniu-se e sacrificou-se para
conseguir garantir a retoma de uma parte essencial da sua atividade.
Exemplares na forma como seguiram todas as indicações das autoridades
sanitárias e governamentais, os clubes nacionais voltaram a proporcionar
uma enorme alegria aos seus adeptos que ansiavam, porque o futebol
também é importante nas suas vidas, o regresso a uma competição que é,
em si mesma, crucial para a recuperação desportiva, financeira e
económica e social de todos os agentes do futebol. Os atos ocorridos
ontem, sejamos claros, mancham, de novo a imagem do futebol. Mas, no
essencial, responsabilizam aqueles que arremessaram as pedras, motivados
pelo ódio. Essas pessoas não são do futebol, não gostam do futebol e
têm de ser expulsas do futebol”, acrescenta a missiva publicada no site oficial da Federação.
“Como já afirmei em outros momentos infelizes, o futebol precisa da
ação implacável do Estado nestas ocasiões. O futebol precisa da vossa
ajuda para se poder regenerar e cumprir de forma plena as suas vitais
funções desportivas, sociais e económicas. Dirijo uma última palavra de
solidariedade aos técnicos e particularmente aos atletas duramente
atingidos pelos incidentes de ontem. Envio-vos, em nome da FPF e de todo
o futebol português, os meus votos de que rapidamente possam recuperar
das agressões que foram alvo para que voltem a fazer aquilo que mais
gostam de fazer e que tanto significa para nós – jogar futebol”,
conclui.
Também o Sindicato dos Jogadores manifestou “o maior repúdio perante
os atos de violência registados ontem [quinta-feira], designadamente o
apedrejamento do autocarro do Benfica e os atos de vandalismo que,
entretanto, foram sendo noticiados”. “Este comportamento é inqualificável,
uma afronta perante todo o esforço que foi feito pelas organizações
desportivas, e em particular pelos jogadores, para assegurar a retoma do
futebol em Portugal. Face a estes acontecimentos e tendo em
consideração os meios criados na última revisão à lei de combate à
violência no desporto, o Sindicato junta-se ao apelo para uma
coordenação das autoridades competentes no sentido de investigar,
identificar os autores destes atos e agir em conformidade”, frisou em
comunicado.
“Comportamentos criminosos como este não podem continuar a ser associados ao futebol português. Quem os promove ou executa deve ser identificado e responsabilizado.
Finalmente, ao plantel do Benfica e, em particular, aos jogadores
Weigl, Zivkovic e aos que viram as suas casas vandalizadas, o Sindicato
deixa uma mensagem de força e total solidariedade”, completou a missiva
divulgada ao início da tarde.
* E querem os dirigentes abrir os estádios a estes bárbaros, construam-se galés para os pôr a remar.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário