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Obstetra do bebé de Setúbal que nasceu com malformações expulso da Ordem
Da decisão do Conselho Disciplinar Regional do Sul, o médico obstetra Artur Carvalho pode recorrer para o Conselho Superior da Ordem dos Médicos e para os tribunais administrativos.
O obstetra do bebé de Setúbal que nasceu com malformações, Artur
Carvalho, foi punido com a pena máxima prevista nos Estatutos da Ordem
dos Médicos, ou seja, a expulsão
.
"No caso do bebé Rodrigo [que
nasceu com malformações no rosto], o Conselho Disciplinar Regional do
Sul da Ordem dos Médicos determinou a suspensão por cinco anos do
médico. O mesmo Conselho Disciplinar tinha em fase final de instrução
outros cinco casos que foram apensados num único despacho de acusação. A
decisão deste foi a pena máxima prevista nos Estatutos da Ordem", afirmou fonte da Ordem dos Médicos à agência Lusa.
Segundo
os Estatutos da Ordem publicados em Diário da República, as sanções
disciplinares são advertência, censura, suspensão até ao máximo de 10
anos e expulsão.
Da decisão do Conselho Disciplinar Regional do Sul, o médico
obstetra Artur Carvalho pode recorrer para o Conselho Superior da Ordem
dos Médicos e para os tribunais administrativos.
Rodrigo
nasceu em 07 de outubro de 2019 no Hospital de São Bernardo, do Centro
Hospitalar de Setúbal, com várias malformações graves, como falta de
olhos, nariz e parte do crânio, sem que o médico Artur Carvalho, que
realizou as ecografias de acompanhamento da gravidez, tivesse detetado
ou sinalizado aos pais qualquer problema.
O obstetra que
realizou as ecografias numa unidade privada, a Ecosado, tinha já queixas
em curso na Ordem dos Médicos, algumas desde 2013.
Nesse mês de outubro, no dia 18, o bastonário da Ordem dos Médicos,
Miguel Guimarães, anunciou que iria apresentar queixa ao Conselho
Disciplinar Regional do Sul sobre este caso e "solicitar com urgência a
abertura de um processo".
Quatro dias depois, a 22, o obstetra
comunicou ao bastonário que decidiu suspender a realização de ecografias
na gravidez até à conclusão dos processos em análise no Conselho
Disciplinar do Sul, que nesse dia determinou a suspensão preventiva do
clínico por um período de seis meses.
O caso do bebé sem rosto levou à abertura de um inquérito por parte do
Centro Hospitalar de Setúbal, para apurar se foram efetuados
corretamente todos os procedimentos no parto do bebé.
Segundo esta unidade hospitalar, o acompanhamento da gravidez da mãe do bebé Rodrigo não foi feito no Hospital de São Bernardo.
Já
o Ministério da Saúde anunciou que iria pedir à Ordem dos Médicos
esclarecimentos sobre os processos que envolvem o médico obstetra.
Por
seu turno, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
(ARSLVT) esclareceu não ter qualquer convenção com a clínica Ecosado,
onde o obstetra Artur Carvalho fez as ecografias do bebé que nasceu com
malformações.
O presidente da ARSLVT, Luís Pisco, adiantou haver
indícios de irregularidades na clínica que realizou ecografias à mãe do
bebé que nasceu com malformações graves em Setúbal.
Em dezembro, o bastonário da Ordem dos Médicos disse no parlamento que Artur Carvalho tinha 14 queixas em averiguação no Conselho Disciplinar do Sul.
Em 14 de maio último, o advogado do clínico disse à Lusa que o
obstetra só não estava a exercer a profissão por decisão própria uma vez
que a suspensão preventiva tinha terminado em abril.
Miguel
Matias admitiu que o médico já tinha sido notificado de uma nova
proposta para que lhe fosse aplicada uma pena de suspensão de cinco
anos, mas sublinhou que era "apenas uma proposta" e que então ainda não
tinha terminado o prazo de contestação no âmbito do processo disciplinar
instaurado pela Ordem dos Médicos.
* Hoje, num canal de televisão português o bastonário da OM afirmou que a execução da decisão carece de tempo de recurso para a própria Ordem e se o visado assim o entender ainda pode recorrer para tribunais administrativos. Referiu também que uma decisão de expulsão de outro médico há quatro anos aguarda decisão de tribunal para ser executada e que este médico continua a exercer clínica. Estamos feitos!
.
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