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Os negócios mais afetados são os de pequena dimensão. Nas microempresas, a percentagem de negócios parados atinge os 27%, dos quais 3% já não contam voltar a abrir. Nas pequenas e médias empresas, o peso dos negócios com atividade paralisada é já um pouco menor – 16% e 15%, respetivamente – tal como nas grandes empresas, com 14% de encerramentos.
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HOJE NO
"DINHEIRO VIVO"
Pandemia já fechou portas a perto
de um quinto das empresas
Perto de dois terços dos negócios em funcionamento estão com pessoal reduzido, sobretudo, devido a lay-off, apontam dados do INE e Banco de Portugal.
A pandemia e o estado de emergência ditaram
já a paragem de perto de um quinto das empresas do país, aponta um
primeiro inquérito do INE e do Banco de Portugal à situação dos negócios
nacionais divulgado esta terça-feira. Os dados reportam-se à última
semana e apontam que são os pequenos negócios e o sector de alojamento e
restauração que sofrem um maior golpe na atividade.
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Segundo o estudo, que terá atualizações a cada semana durante este
período excecional, entre 6 a 10 de abril 82% das empresas portuguesas
mantinham-se em funcionamento, ainda que parcial. Outras 16%
encontravam-se temporariamente encerradas, e 2% tinham fechado portas
definitivamente.
Os negócios mais afetados são os de pequena dimensão. Nas microempresas, a percentagem de negócios parados atinge os 27%, dos quais 3% já não contam voltar a abrir. Nas pequenas e médias empresas, o peso dos negócios com atividade paralisada é já um pouco menor – 16% e 15%, respetivamente – tal como nas grandes empresas, com 14% de encerramentos.
Por sectores, o grande golpe para a atividade atinge o alojamento e a
restauração, onde quase dois terços das empresas tiveram de parar. O
inquérito dá conta de 62% de negócios fechados, 7% dos quais para não
voltarem mais.
O segundo maior impacto é sentido na área de serviços, com 18% de
paragens, dos quais 1% são encerramentos definitivos. Segue-se o
comércio, com 16% de paragens, e 2% de fechos sem regresso previsto. Na
indústria e na energia, a paragem atinge 15% do tecido empresarial, com
1% de encerramentos sem retorno, e nos transportes e armazenagem chega
aos 14% (1% de fechos definitivos). Na informação e comunicação, as
paragens reportadas são todas temporárias e atingem 10% dos negócios.
Por fim, a construção e o imobiliário são as áreas menos penalizadas,
com 9% de negócios parados, 1% dos quais para sempre.
Os dados deste primeiro inquérito apontam também que 80% das empresas
portuguesas reportam perdas no volume de negócios devido à pandemia.
Outras 15% não reportam qualquer impacto. Mas há também 5% dos negócios
portugueses que viram a faturação aumentar, e os dados detalhados
apontam que são as grandes empresas do retalho as que conseguem ainda
assim beneficiar da crise, com ganhos sentidos por 9% dos
estabelecimentos comerciais.
São apesar de tudo uma minoria. As perdas de faturação atingem quase em
pleno o alojamento e a restauração (98%) e atravessam a generalidade dos
sectores com quebras sentidas sempre, pelo menos, por três quartos dos
negócios em cada área.
Quanto ao volume das perdas sentidas, 37% dos empresários inquiridos dão
conta de reduções de pelo menos metade do volume de negócios habitual,
mas são naturalmente mais expressivas, se não totais, entre quem já
fechou portas. Para esses negócios, a quebra de faturação é no mínimo de
75%. A falta de encomendas e as restrições do estado de emergência são
as principais razões que ditam estas reduções.
Só 3% dizem ter mandado pessoal embora
Relativamente ao número de trabalhadores ao
serviço, seis em cada 10 empresas reportam uma redução do número de
trabalhadores. Mas, inversamente ao que sucede em termos de impacto
negativo da pandemia, é nas grandes empresas que mais se concentra a
diminuição de pessoal ao serviço: verifica-se em sete em cada 10 grandes
negócios.
Já nas microempresas, há redução de pessoal em apenas cinco em cada 10.
No entanto, a proporção dessas reduções é mais profunda, com mais casos
de quedas de pessoal superiores a 75%.
Por sectores, são alojamento e restauração e os transportes e
armazenagens que conhecem as maiores reduções de pessoal.
O recurso ao lay-off simplificado – ao qual terão recorrido já mais de
40 mil empresas, segundo os dados do governo – é a principal causa para a
redução do número de trabalhadores ao serviço, justificando quase
metade das situações (48%). Noutros 31% de casos esta deve-se a faltas
do pessoal, por doença ou para acompanhar familiares. Só 2% dos negócios
dizem não ter renovado contratos a prazo, e 1% admite ter despedido
pessoal dos quadros.
Para além do recurso às regras de acesso facilitado à suspensão ou
redução da prestação de trabalho (lay-off), é baixa a percentagem de
negócios que se socorreram até aqui de outras medidas avançadas pelo
governo para lidar com a pandemia. Só 2% diziam na passada semana ter
acedido a linhas de crédito, 6% a moratórias de crédito, e 8% à
suspensão do pagamento de impostos e contribuições sociais.
Muitas empresas planeavam ainda aceder a estes apoios, mas é grande a
percentagem das que não pensam fazê-lo. Cerca de seis em cada 10
negócios não pensa procurar linhas de crédito públicas ou moratórias da
banca. Já o adiamento de obrigações fiscais, está nos planos de perto de
metade dos negócios.
Entretanto, 12% das empresas terão recorrido a crédito adicional em
condições semelhantes às de que gozava antes, indica o estudo do INE e
BdP.
Para a frente, os empresários continuam à espera de medidas adicionais
de liquidez para sobreviverem. Perto de metade admite não resistir além
dos dois meses de duração da atual crise em apoios extraordinários. Há
ainda assim 27% preparados para resistir até seis meses, e 24% capazes
de aguentar os efeitos da pandemia para além de meio ano.
O inquérito dá ainda conta das tendências de evolução dos preços
praticados, com 90% dos negócios a darem conta de que não mexeram nos
preços. Outras 7% reportaram diminuições.
* Portugal económica e socialmente vírico e o antídoto não está nas mãos dos portugueses.
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