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HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Risco de “pobreza envergonhada” preocupa autarca de Rabo de Peixe
O presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe está preocupado com o aumento das carências criadas pela paralisação da economia, devido ao surto do novo coronavírus, e alerta para o risco de uma “pobreza envergonhada”.
Rabo
de Peixe, a maior comunidade piscatória dos Açores, é frequentemente
apontada como a freguesia mais pobre da região – uma consequência da
demografia, diz Jaime Vieira.
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“As pessoas
geralmente apelidam esta vila de ser uma vila pobre… Logicamente que
possuímos nove mil e tal pessoas e teremos mais pessoas a viver no
limiar de pobreza. Seremos tão afetados como serão as outras freguesias,
quer dos Açores, quer do país”, afirmou.
Ao
autarca preocupa um fenómeno que pode dificultar a ação das entidades
competentes: “Poderá também existir uma pobreza envergonhada e, no
silêncio, devido à vergonha, poderão ficar numa situação extremamente
complicada, se não tivermos conhecimento”.
“Aquilo
a que se apela é a que todos esses casos de alguma pobreza
envergonhada, ou de outras pessoas que possam estar a passar por
dificuldades, possam entrar em contacto com a Junta de Freguesia, a
Câmara Municipal ou o Serviço de Ação Social local, para que se possa
dar alguma resposta”, referiu.
Com o surto
do novo coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela doença respiratória
covid-19, “de uma forma transversal, tudo o que são atividades
económicas têm vindo a ser prejudicadas”, notou o também deputado da
bancada do PSD no parlamento regional.
O
encerramento de várias atividades “tem sido para a população,
nomeadamente a de Rabo de Peixe, uma grande preocupação, porque até
agora não se sabe exatamente que tipo de apoios e que tipo de resposta
vai haver para essas atividades ou pessoas”, afirmou.
O presidente da Junta de Freguesia não tem dúvidas de que “o nível de pobreza irá acentuar-se”.
“Já
fiz chegar junto das autoridades competentes este alerta do que poderá
ser o futuro. Não podemos estar descansados, quando sabemos que há
fracos rendimentos e muita gente que poderá não estar a trabalhar nesta
altura”, adiantou Jaime Vieira.
Numa vila
“onde as pessoas levaram algum tempo a perceber a dura realidade que aí
vinha”, o social-democrata diz estar “claramente satisfeito” com a forma
como a população está a cumprir as regras de confinamento, mas espera
que “os 3% ou 4% que continuam a estar na rua venham a perceber que,
nesta altura, é importante permanecerem nas suas moradias.
“Quanto
mais depressa todos perceberem a importância de estar em casa, mais
rápido virá também o dia em que podemos sair novamente e viver uma
normalidade, que será reposta gradualmente”, acrescentou.
A
Junta de Freguesia tem uma equipa que presta apoio a idosos e aos mais
carenciados, entregando compras em casa, e está a apostar em campanhas
de sensibilização junto da população.
Até
ao momento, foram feitas duas desinfeções da vila, que passarão a ser
semanais, “periodicidade que poderá aumentar, caso se venha a registar
casos positivos”, atestou o presidente da Junta.
* A pobreza envergonhada e até descarada deve ser uma preocupação de todos os presidentes de Juntas de Freguesia do país.
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