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HOJE NO
"DINHEIRO VIVO"
"DINHEIRO VIVO"
Desigualdade obriga portuguesas a trabalhar mais 54 dias do que os homens
Dia da Igualdade Salarial assinala-se em 8 de novembro, porque marca o número de dias em que as mulheres não são pagas face ao que é o seu rendimento.
Portugal mantém-se um país com “telhados e
paredes de vidro” em matéria de igualdade salarial, onde as mulheres têm
de trabalhar mais 54 dias para ganhar o mesmo ordenado de um homem,
apesar da evolução positiva dos últimos anos.
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Em entrevista à agência Lusa, a propósito do Dia Nacional da Igualdade
Salarial, que se assinala hoje, a presidente da Comissão para a
Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) destacou que nos últimos
quatro anos Portugal tem evoluído de forma positiva na diminuição das
desigualdades salariais entre mulheres e homens.
“Sobretudo porque com a retoma da economia o
salário mínimo aumentou e nós sabemos que o maior grupo de pessoas que
recebe salário mínimo são mulheres, o que significa naturalmente que a
disparidade diminuiu”, apontou Joana Gíria.
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Outro fator que contribuiu para essa diminuição foi a “desvalorização do
salário dos homens durante o período de crise e que ainda não foi
totalmente retomada”.
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A presidente da CITE explicou que em Portugal o Dia da Igualdade
Salarial assinala-se simbolicamente em 08 de novembro, porque marca o
número de dias em que as mulheres não são pagas face ao que é o seu
rendimento.
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“Havendo uma disparidade de 14,8% de rendimento em desfavor das
mulheres, fazendo as contas, são 54 dias por ano que as mulheres teriam
de trabalhar a mais para atingirem os rendimentos dos homens. Ou, de
outro modo, os homens poderiam deixar de trabalhar no dia 08 de novembro
e as mulheres teriam de continuar até ao fim do ano para receberem o
mesmo salário”, referiu.
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Além disso, existe um problema de tetos de vidro, ou seja, profissões às
quais “as mulheres praticamente não ascendem”, como cargos de chefia ou
de direção.
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Sobre este fenómeno, a presidente da CITE apontou que o país não só se
apercebeu do problema, como reagiu e tentou combater através da criação
de quotas em cargos diretivos a serem preenchidas por mulheres.
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“Para além do teto de vidro, temos as chamadas paredes de vidro, ou
seja, nós temos a segregação vertical e a segregação horizontal, o que
significa que há mulheres que quando escolhem profissões,
tendencialmente escolhem profissões que são a extensão do cuidado da
casa e das tarefas domésticas”, explicou.
Joana Gíria deu como exemplo as profissões ligadas à área da saúde ou da
educação, nas quais, quando as mulheres estão presentes, ganham
salários mais baixos “porque a sociedade entende que essas tarefas lhe
são naturalmente mais fáceis de desempenhar” e, por isso, não valoriza o
trabalho feito.
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De acordo com a responsável pelo CITE, a realidade nacional, tal como a
de todo o mundo, ainda é a de cargos de chefia sobretudo ocupados por
homens, que têm igualmente acesso às remunerações mais elevadas.
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Joana Gíria sublinhou que haver um fosso salarial baixo não é
necessariamente um sinal positivo, dando como exemplo a Roménia, o país
da Europa com o fosso salarial mais baixo, mas à custa do facto de as
mulheres serem pouco representativas no mercado de trabalho. Ou, por
oposição, o caso de alguns países nórdicos com fossos salariais
“altíssimos, porque as mulheres trabalham a tempo parcial e os homens
não”.
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As estatísticas europeias, da responsabilidade do Eurostat, apontam para
as mulheres terem, em média, salários 16% mais baixos do que os dos
homens, um valor que sobe ligeiramente para os 16,3% no caso português.
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Joana Gíria esclareceu que a diferença deste valor para com os 14,8% das
estatísticas nacionais tem apenas a ver com diferentes formas de
apuramento de dados, já que para o Eurostat contam os salários brutos,
por hora, de empresas com mais de 10 trabalhadores, enquanto Portugal
tem em conta a média de salários de homens e mulheres de todas as
empresas.
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Para a presidente da CITE, tanto a promoção da igualdade salarial, como a
promoção de mulheres a cargos de topo “são medidas fundamentais” para
se encontrar “o equilíbrio”, destacando também que “uma das medidas mais
bem conseguidas até agora foi a criação da licença parental
partilhada”.
* A igualdade é apenas virtual.
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