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IN "i"
25/10/19
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Ladies and gentlemen, ei-lo:
o Governo Viagra
Ao saber das particularidades do novo Governo tive
automaticamente a sensação de estarmos perante uma entidade que,
manifestamente sofrendo de uma clara disfunção prática originária,
passou a procurar acautelar a sua hipotética boa imagem e prestação
futura a toque de excitantes laboratoriais.
Preocupa-me, no entanto,
sempre ter ouvido dizer que a demasiada utilização de fármacos,
especialmente os libidinosos, pode danificar a máquina, sobretudo quando
esta é a máquina do Estado, já tão patologicamente atingida e
danificada por hipertensões várias e crónica arritmia cardíaca.
Acresce
ainda que sendo eu dos que entendem que a saúde é sempre a mais
importante bênção que se pode ter na vida, preocupa-me também o aspeto
económico ligado a certos luxos. Bem sei que será defeito meu e dos que
como eu pensam.
Distintamente, um socialista é muito mais descomplexado
com o dinheiro, sobretudo porque, como se disse um dia, o socialismo só
acaba quando acaba o dinheiro dos outros. Como, externamente, a coisa
ainda não estagnou de todo, o motor lá vai carburando a toque de
comprimido. A grande novidade, que a mim me deixou surpreso, está no
recurso ostensivo a acompanhamento de luxo, e aqui é que a minha
preocupação atinge o clímax sensorial. Cheira-me que este cocktail de
estimulantes, aliado ao reforço de companhia apresentado, pode ser
demasiado varonil para o miocárdio estatal. É aguardar e ver, mas
cuidado com os enfartes.
Mas há mais curiosidades no Executivo: vejamos
os nomes de alguns ministérios e os títulos de alguns ministros. Ah e
tal, fulano x, ministro de Estado e do peixe frito. Se fosse só do peixe
frito, ninguém ligava, mas como é também de Estado, a excitação é tal
que quase já nem é preciso comprimido. Mas há mais: Ministério do
Ambiente e Ação Climática. Apenas o nome é capaz de, por si só, criar
uma qualquer protuberância nos cidadãos. E que tal Ministério da
Economia e da Transição Digital? Fiquei banzado, tal a classe e o
afrodisíaco perfume que deste nome emanam. Já dizia Bocage: “ Foge, cão,
que te fazem Barão! Mas para onde, se me fazem Visconde?”
Maravilhoso,
este odor que, a contrastar com o passar das décadas, não se dilui e se
mantém fétido no imaginário da classe governante nacional, que açambarca
títulos muito antes de os merecer. Vá, mas depois desta mais
descontraída e luxuriante caracterização, que decerto ninguém levará a
mal porque o melhor remédio para uma desgraça é ter sentido de humor,
falemos como deve ser. A sério? É este o Governo do nosso país? São
estas caras as caras novas e fulgurantes, capazes de promover as tão
badaladas reformas estruturais apregoadas pelo PS? É preciso um Governo
na casa dos 70 membros para colocar um país no suposto rumo certo? É
assim que julgam dignificar a política e o Estado junto das pessoas?
Então os serviços públicos não têm dinheiro para nada mas vamos gastar
balúrdios a mudar a chancelaria dos envelopes e papelada ministerial
porque é mais chique dizer que se come foie gras de canard ao invés de
fígado de pato? É oficial: os últimos quatro anos já foram politicamente
miseráveis, mas agora atingimos o nível zero do provincianismo bacoco e
abimbalhado.
IN "i"
25/10/19
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