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ONTEM NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Patriarcado partilhou apelo ao voto no Basta.
"Foi uma imprudência"
"Foi uma imprudência"
Página do Patriarcado de Lisboa no Facebook partilhou post com um gráfico em que se relacionava as posições dos partidos políticos com a "defesa da vida". DN questionou a diocese e a publicação foi entretanto retirada.
Patriarcado de Lisboa partilhou nesta quarta-feira na sua página do Facebook um post
que associa a coligação Basta, o Nós Cidadãos e o CDS à "defesa da
vida" e onde se lê um apelo ao voto nestas três forças políticas, com
duas hashtags muito claras: #euvotoprovida (eu voto pró-vida) e #avidaem1lugar (a vida em primeiro lugar). O post - um gráfico elaborado e publicado originalmente pela Federação Portuguesa pela Vida - aponta que estas são as únicas forças políticas que defendem "a vida".
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Depois de contactado pelo DN, pelas 19.00 desta quarta-feira, o
gabinete de comunicação de D. Manuel Clemente disse que a publicação ia
ser retirada (o que aconteceu entretanto), admitindo ter sido uma
"imprudência".
O post original é uma partilha de
um gráfico elaborado pela Federação Portuguesa pela Vida, que define
como posições de "defesa da vida" seis pontos: "Vida por nascer";
"rejeição eutanásia"; "liberdade de educação"; "oposição ideologia de
género"; "proibição barrigas de aluguer"; e "combate à prostituição".
O DN questionou o gabinete de comunicação do Patriarcado
sobre este apelo ao voto em partidos que têm um discurso contrário à
doutrina social da Igreja e ao que tem dito o Papa Francisco, por
exemplo em matéria de refugiados, migrantes e de acolhimento dos
estrangeiros. O DN quis ainda saber se critérios como a defesa de
políticas que promovem a exclusão social, a pobreza e o desemprego não
são contrárias à defesa da vida.
O gabinete de
comunicação limitou-se a confirmar que a publicação ia ser retirada,
"por não ter ficado claro" que o Patriarcado não se reverá em todas
estas posições. "A única coisa que defendemos em matéria de defesa da vida é a que está" na carta pastoral dos bispos portugueses, divulgada a 2 de maio, sobre as eleições deste ano.
O post
esteve visível mais de duas horas, com comentários a questionar a sua
publicação e outros a elogiar as "três opções" que os católicos têm para
votar. É esta a posição do Patriarcado, questionou de novo o DN. Do
lado do Patriarcado, a resposta foi a mesma: "Admitimos que foi
uma imprudência. Para o Patriarcado, é essencial que toda a gente tenha a
possibilidade de discernir o seu voto." Isso significa apontar o voto
em partidos que contrariam a doutrina social da Igreja, insistiu o DN.
"Para não criar qualquer dúvida, retiramos o post e remetemos a posição do Patriarcado para a Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa."
O post
em causa é da responsabilidade da Federação Portuguesa pela Vida (FPV),
que explica que "foi feito um questionário aos candidatos ao Parlamento
Europeu de cada partido" e que "o quadro está de acordo com as
respostas dadas" por cada partido.
PS, Bloco de Esquerda e
PAN são os três partidos que, no entendimento da FPV, devem ser
riscados da opção de voto dos católicos: são contra todos os critérios
definidos de "defesa da vida". A CDU (cujo símbolo é omitido)
tem alguns pontos "nem a favor nem contra", incluindo contra a
eutanásia. No Parlamento, os dois parceiros da CDU votaram de modo
diferente: o PCP rejeitou a morte assistida, ao contrário do PEV, que
até apresentou uma iniciativa legislativa.
Também o PSD e o Aliança merecem mais dúvidas do que garantias, de acordo com a avaliação deste movimento.
A um comentário que aponta o facto de o Aliança ser contra a
eutanásia, partilhando um texto de Santana Lopes, em que o líder deste
partido se manifesta contra a morte medicamente assistida, a FPV explica
que "a resposta da Aliança foi que não podiam responder", pelo que
colocaram o partido "nem a favor nem contra" na avaliação sobre a
posição do partido.
O Patriarcado partilhou a imagem
dizendo que "a Federação Portuguesa pela Vida reuniu, em gráfico, as
posições, acerca da defesa da vida, dos diferentes partidos políticos
que se candidatam às próximas eleições europeias".
Em
1974, logo depois do 25 de Abril, os bispos portugueses tomaram a
decisão de não apoiar a criação de um partido cristão e defenderam que
nenhum partido se podia arvorar como único representante da Igreja
Católica, apesar de ao longo dos anos da democracia alguns reivindicarem
essa matriz. "A palavra de ordem era preparar os cristãos para a pluralidade democrática, portanto partidária", recordava em 2009 o então cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.
A nota pastoral dos bispos portugueses, que agora o Patriarcado invoca, avisa logo no seu primeiro ponto que "toda a vida humana tem igual valor",
defendendo o "direito à vida na sua gestação", "na fase do seu
crescimento", "por parte de jovens comprometidos", "nas relações
familiares", "da parte dos idosos" e o "direito a viver até ao fim". Ou
seja, rejeita-se, na linha oficial da Igreja Católica, o aborto e a
eutanásia.
Mas o texto dos bispos portugueses também
define categoricamente que são "inaceitáveis as correntes inspiradas no
'nacionalismo de exclusão' que vêm ganhando força em vários países",
completando: "Não estamos imunes a um clima de medo e desconfiança em
relação aos estrangeiros, bem como o perigo de os encarar como
concorrentes a postos de trabalho ou ameaça ao nosso nível de vida,
esquecendo que muitos de nós buscam o mesmo estatuto e nível de vida
noutros países." E os bispos citam Francisco, quando o Papa
disse sobre as migrações, no Dia Mundial da Paz, em 2018, que "alguns
consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a olhá-las
com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um
futuro de paz".
Neste documento defende-se ainda o "direito à vida na sua componente
económica", reiterando que "a pobreza conduz à violação dos direitos
humanos", ou "na sua componente demográfica", onde se define a
necessidade de combater "a precariedade do trabalho" e um "mínimo de
estabilidade laboral".
Estes critérios (entre outros,
definidos no texto da Conferência Episcopal) são esquecidos pelo gráfico
simplista da Federação Portuguesa pela Vida. E este gráfico
esquece ainda partidos candidatos ao Parlamento Europeu, como por
exemplo o Partido Democrático Republicano (PDR), a Iniciativa Liberal ou
o Livre.
Segundo um comentário dos administradores da página, "o
Basta e o Nós Cidadãos, tal como o Aliança, foram incluídos porque
responderam ao questionário que foi enviado a todos os partidos
concorrentes às eleições europeias". Os que não o fizeram não foram
incluídos.
* A igreja católica continua a dar tiros nos pés e como sempre a tentar enganar as pessoas. Quando refere que "a pobreza conduz à violação dos direitos
humanos" é uma aldrabice, é "a riqueza que conduz à violação dos direitos
humanos" porque os pobres são violados pelos ricos e a igreja católica sendo rica viola os pobres, mesmo quando se entretém a brincar à caridadezinha.
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