09/04/2019

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HOJE NO 
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
FMI corta previsão de crescimento
 de Portugal para 1,7% em 2019

O Fundo está ligeiramente mais pessimista quanto à evolução da economia portuguesa e da Zona Euro. No entanto, a taxa de desemprego continuará a cair e 2020 será um ano de recuperação.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) baixou a previsão de crescimento da economia portuguesa em 2019. No World Economic Outlook, publicado esta terça-feira, 9 de abril, o FMI prevê que Portugal cresça 1,7%, menos uma décima do que na última previsão (novembro de 2018). A economia da Zona Euro também vai crescer menos.
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Ao cortar a previsão para Portugal, o Fundo junta-se ao Banco de Portugal e à Comissão Europeia, que também antecipam um crescimento de 1,7%. Entre as principais entidades que fazem previsões, apenas o Conselho das Finanças Públicas é mais pessimista ao esperar 1,6%.

Para 2020 a expectativa é a de que o ritmo de crescimento do PIB continue a abrandar para os 1,5%, ao contrário do que acontecerá no conjunto da Zona Euro. Já em 2018 a economia portuguesa desacelerou face a 2017, passando de um crescimento de 2,8% para 2,1%.

Apesar da travagem económica em Portugal, o mercado de trabalho continuará a melhorar. O FMI antecipa uma descida da taxa de desemprego de 7,1% em 2018 para 6,8% em 2019 e 6,3% em 2020.

Contudo, o Fundo reforça a convicção de que as contas correntes do país vão continuar ligeiramente negativas, um desafio já identificado em relatórios passados. Depois de registar -0,6% do PIB em 2018, o saldo das contas correntes deverá fixar-se em -0,4% em 2019 e -0,5% em 2020.

Recentemente, em entrevista ao Negócios, o número dois do FMI, David Lipton, aconselhava o Governo português a reorientar os gastos públicos para apostar mais no investimento em saúde, educação e infraestruturas, mantendo um excedente orçamental primário.

Na semana passada, em entrevista à RTP, a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, aconselhou Portugal a manter o rumo a longo prazo "sem relaxar ou aproveitar os seus louros e pensar que o mais difícil está feito". Lagarde alertava também para o impacto do Brexit nas exportações portuguesas.

FMI volta a cortar previsão da Zona Euro
Em outubro do ano passado, o Fundo previa um crescimento de 1,9% na Zona Euro em 2019. Uns meses depois, em janeiro deste ano, a previsão baixava para 1,6%. Mas o FMI não se ficou por aqui: na atualização de hoje há um novo corte da previsão de crescimento do PIB para 1,3%.

Confirma-se assim que, tal como já antecipa a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, 2019 seja o pior ano desde o início da recuperação da economia europeia. A concretizar-se, será o crescimento mais baixo desde 2014, o primeiro ano da recuperação económica depois da crise das dívidas soberanas.

"A Zona Euro travou mais do que o esperado devido a uma combinação de fatores que pesou na atividade [económica] nos países, incluindo o enfraquecimento do sentimento dos consumidores e das empresas; os atrasos associados com o novo sistema de emissões nos veículos diesel na Alemanha; a incerteza da política orçamental, o aumento dos juros soberanos e o abrandamento do investimento em Itália; e os protestos nas ruas que criaram disrupção nas vendas do retalho e pesaram na despesa de consumo em França", resume o Fundo Monetário Internacional.
No entanto, o FMI prevê que a economia da Zona Euro volte a acelerar no próximo ano para 1,5% e que a taxa de desemprego continue a baixar de 8,2% em 2018 para 8% em 2019 e 7,7% em 2020.

Já a inflação deverá afastar-se do objetivo de 2% do Banco Central Europeu (BCE): depois de 1,8% em 2018, a previsão é que trave para os 1,3% em 2019 e 1,6% em 2020.

O World Economic Outlook prevê que 70% das economias desacelerem em 2019. O crescimento mundial deverá baixar de 3,6% para 3,3% em 2019, menos duas décimas do que em janeiro.

* Quando a economia europeia espirra, Portugal agarra uma pneumonia, nada de foguetes.

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