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IN "EXAME INFORMÁTICA"
25/02/19
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O que acontece às baterias?
Serão as baterias dos carros elétricos um problema ambiental? Sérgio Magno, chefe de Redação da Exame Informática, revela o que está em jogo
Têm sido uma “arma” usada por quem ataca os veículos elétricos: “as
baterias acabam no lixo sem qualquer controlo”. Uma ideia tantas vezes
repetida e partilhada nas redes sociais que, como tantas outras “fake
news”, acaba por convencer quem não se dá o trabalho de estudar
minimamente a matéria. É verdade que boa parte das
baterias que usamos nos nossos gadgets acaba algures a campo aberto. Há,
até, estudos que apontam para que menos de 10% destas baterias,
incluindo as “pilhas”, são efetivamente recicladas. Um problema quem tem
vindo a ser combatido, mas que urge resolver porque têm consequências
negativas para o ambiente, sobretudo relacionadas com a contaminação do
solo com metais pesados.
Mas isto não significa que o mesmo aconteça com as baterias “de
tração” usadas nos veículos elétricos. Na verdade, as baterias usadas
nos veículos elétricos têm taxas de reaproveitamento enormes devido a
várias razões. Para começar, na Europa como, imagine-se, na China, as
marcas automóveis são responsáveis pela recolha e tratamento das
baterias em conformidade com apertadas leis de proteção ambiental. No
Japão acontece algo semelhante com exigências muito apertadas sobre
praticamente todas as peças dos automóveis, incluindo as baterias.
Mas
mesmo sem considerarmos a legislação, observemos o que acontece na
prática. Embora o histórico ainda seja reduzido, todas as marcas que
comercializam carros elétricos têm recuperado estes componentes após
terem serem utilizados nos veículos. Eu próprio já o verifiquei em
carros elétricos que sofreram acidentes graves, que chegam às sucatas já
com a bateria removida.
A
razão de isto acontecer é simples: as baterias usadas têm um valor
comercial elevadíssimo! Depois de serem usadas durante vários anos nos
automóveis ainda têm, regra geral, uma capacidade energética acima dos
60 ou 70 por cento. O que significa que podem ser usadas, em sistemas
estacionários para, por exemplo, estabilizarem redes elétricas ou
guardarem energia produzida por fontes renováveis. Baterias usadas da
BMW já estão em centrais de energia elétrica e em redes de carregamento;
baterias usadas da Nissan já estão em sistemas de armazenamento de
energia solar (recentemente foi anunciado um projeto deste tipo para o
Teatro Camões em Lisboa); a Tesla recicla, com registos pormenorizados,
os vários elementos das baterias para criar novas baterias; o mesmo
acontece com os híbridos da Toyota… Ainda antes da reciclagem, as
baterias são usadas, no mínimo, durante 10 a 20 anos.
Depois há
uma série de processos que podem ser realizados para recuperar os
materiais raros (e caros) das baterias, com taxas de reciclagem totais
acima dos 95%. Várias empresas estão a desenvolver processos para
atingir uma economia circular no que concerne a baterias, com
aproveitamento quase integral dos diversos elementos.
Se há
garantia que o mesmo vai acontecer quando os elétricos tiverem uma quota
de vendas muito superior? Teremos de esperar para ver, mas, mesmo
considerando razões puramente economicistas, tudo indica que sim.
IN "EXAME INFORMÁTICA"
25/02/19
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