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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Lava Jato chega à Igreja Católica.
Ex-padre confessa desvio milionário
Braço direito do cardeal do Rio de Janeiro, e homem forte da organização católica Pró-Saúde, confessou ter participado num desvio de pelo menos 50 milhões de reais dos cofres do Estado brasileiro.
É a primeira vez que o gigante caso de corrupção brasileiro
Lava Jato chega à Igreja Católica. O ex-padre Wagner Augusto Portugal,
que foi braço direito do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, confessou
(através do sistema de delação premiada) ter participado num desvio de
52 milhões de reais (12,5 milhões de euros) através de fraude numa
organização católica na área da saúde, a Pró-Saúde. O caso, que remonta a
2013, é revelado pela revista brasileira Época e insere-se na Operação S.O.S, uma das ramificações da operação Lava Jato.
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VIGARISTAZINHO |
Wagner
Augusto Portugal, que já tinha sido expulso da Igreja por
“desobediência”, é agora um dos principais colaboradores da Operação
S.O.S, tendo confessado uma série de ligações até aqui desconhecidas.
Segundo a investigação daquela revista, o agora ex-padre era o homem
forte da Pró-Saúde, e era bastante próximo do cardeal do Rio de Janeiro,
D. Orani Tempesta. Foi através dessa relação que o caso foi revelado.
Tudo por o antigo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que
está preso e condenado a penas de quase 200 anos, ter prestado um
depoimento a denunciar o envolvimento do cardeal do Rio num esquema de
corrupção via Pró-Saúde. “Não tenho dúvida de que deve ter havido
esquema de propina com a OS (organização social) da Igreja Católica, da
Pró-Saúde. Não tenho dúvidas. O Dom Orani devia ter interesse nisso, com
todo respeito ao Dom Orani, mas ele tinha interesse nisso”, disse em
tribunal.
A Pró-Saúde, segundo a revista Época, é uma das maiores
entidades de gestão de serviços de saúde e administração hospitalares do
Brasil. Os contratos com a administração da Pró-Saúde no Rio de Janeiro
chegaram a representar 50% da faturação nacional da organização, que
cresceu de 750 milhões de reais, em 2013, para 1,5 mil milhões, em 2015.
Segundo a Época, os crimes apurados pela Operação S.O.S que envolvem
aquela entidade católica vão desde a formação de quadrilha, organização
criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, constrangimento ilegal com
arma de fogo e corrupção ativa e passiva.
No ano passado, as investigações da Lava Jato, na ramificação da
Operação S.O.S., visaram a organização criminosa comandada pelo
ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, o que levou à prisão de 21 pessoas,
entre elas o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes e os empresários
Miguel Iskin e Gustavo Estellita. A operação tinha como objetivo
aprofundar a investigação sobre as fraudes ocorridas na Secretaria de
Estado de Saúde do Rio com a contratação da Pró-Saúde.
Os
investigadores, na altura, suspeitavam de crime de peculato na medida em
que uma entidade católica e filantrópica como a Pró-Saúde não pode
auferir lucros.
* A igreja católica é imbatível no que toca a fornecer à sociedade uma extensa lista de corruptos e criminosos.
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