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A complexidade e a globalização dos negócios criaram, nas últimas décadas, por um lado, uma necessidade crescente de harmonização contabilística entre os países, de forma a permitir que a informação financeira gerada seja, cada vez mais, entendível por todos, como uma espécie de linguagem universal; por outro lado, o uso, por parte dos contribuintes, de mecanismos, cada vez mais elaborados e refinados, que visam evitar, diminuir ou diferir o pagamento de impostos, forçaram os sistemas fiscais a adaptar-se, através da criação de regras gerais e específicas anti abuso, que foram, sistematicamente, crescendo em complexidade, aumentando a quantidade e complexidade das obrigações contabilísticas e fiscais a que estes profissionais têm de te ter capacidade para dar resposta.
Todavia, na minha perceção, esta situação de quase equilíbrio entre a oferta e a procura, começa a estar ultrapassada e a oferta apresenta os primeiros sinais de incapacidade de dar resposta à procura, começando a surgir ofertas de emprego nesta área para as quais não há quaisquer candidatos. Não será, pois, exagero assumir que Contabilista Certificado, num futuro muito próximo, será uma profissão com elevada procura no mercado, para a qual, consequentemente, devido à escassez de oferta, os níveis salariais terão tendência a subir.
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Contabilistas Certificados
procuram-se…
Não será, pois, exagero assumir que Contabilista Certificado, num futuro muito próximo, será uma profissão com elevada procura no mercado, para a qual, consequentemente, devido à escassez de oferta, os níveis salariais terão tendência a subir
Numa época em que
muito se fala e escreve sobre a empregabilidade dos cursos superiores e
na sua capacidade de resposta às necessidades do mercado de trabalho no
escopo dos profissionais que formam, apraz-me escrever sobre uma
profissão cuja atividade é preponderante para o “bom caminho” das contas
públicas, pois é através dela que grande parte dos impostos, que
suportam a despesa pública, são cobrados – profissão, que, pode ter,
também, um papel de relevo em áreas como a do cumprimento fiscal, bem
como da evasão e fraude fiscal: Os Contabilistas Certificados.
A complexidade e a globalização dos negócios criaram, nas últimas décadas, por um lado, uma necessidade crescente de harmonização contabilística entre os países, de forma a permitir que a informação financeira gerada seja, cada vez mais, entendível por todos, como uma espécie de linguagem universal; por outro lado, o uso, por parte dos contribuintes, de mecanismos, cada vez mais elaborados e refinados, que visam evitar, diminuir ou diferir o pagamento de impostos, forçaram os sistemas fiscais a adaptar-se, através da criação de regras gerais e específicas anti abuso, que foram, sistematicamente, crescendo em complexidade, aumentando a quantidade e complexidade das obrigações contabilísticas e fiscais a que estes profissionais têm de te ter capacidade para dar resposta.
Assim, referindo-me,
em concreto ao caso Português, esta profissão tem atravessado, nos anos
mais recentes, grandes desafios, que têm exigido da parte dos
profissionais que se encontram no ativo uma grande capacidade de
adaptação, exigindo-se, também, às instituições de ensino superior, que
preparam os novos profissionais para o mercado de trabalho, a
flexibilidade e adaptabilidade necessárias para que os cursos acompanhem
as exigências, cada vez maiores, deste mercado de trabalho com
características tão peculiares – inevitavelmente, o nível de
complexidade e exigência do ensino desta profissão aumentou
consideravelmente nas ultimas décadas.
Assim,
o nível de exigência que, inevitavelmente, está associado aos cursos
que dão acesso à profissão de Contabilista Certificado, bem como o
obstáculo que para muitos licenciados se torna o processo de inscrição
na sua Ordem profissional, “travou”, ao longo das últimas duas décadas, o
número de entradas de novos Contabilistas Certificados no mercado de
trabalho, contribuindo para que, a pouco e pouco, os Contabilistas
Certificados se viessem a tornar uma profissão com uma população
tendencialmente envelhecida.
Dados
recolhidos para a minha tese de doutoramento em 2013, apresentados na
Figura 1, permitem verificar que, já à data, cerca de 45% dos
profissionais no ativo tinham 50 anos ou mais e só se encontravam 16%
dos profissionais no ativo no escalão de 35 anos ou menos. Importa
salientar que após a recolha destes dados já decorreram 6 anos, sendo,
na minha opinião, legítimo (não obstante não tenha dados estatísticos
que a suportem), supor que o envelhecimento associado à profissão de
Contabilista Certificado, durante este período, tenha aumentado.
O diminuto numero de
novas entradas na profissão, que não consegue compensar o numero de
“saídas” por reformas, falecimentos, ou outros motivos, tem estado, nos
últimos anos a ter um impacto positivo nos níveis de empregabilidade dos
recém-licenciados provenientes de cursos de contabilidade, com o
mercado de trabalho a absorver, nos casos que vou tendo conhecimento,
toda a oferta de jovens licenciados disponível (inclusivamente de recém
licenciados que não conseguiram aceder, ainda, à inscrição na Ordem dos
Contabilistas Certificados).
Todavia, na minha perceção, esta situação de quase equilíbrio entre a oferta e a procura, começa a estar ultrapassada e a oferta apresenta os primeiros sinais de incapacidade de dar resposta à procura, começando a surgir ofertas de emprego nesta área para as quais não há quaisquer candidatos. Não será, pois, exagero assumir que Contabilista Certificado, num futuro muito próximo, será uma profissão com elevada procura no mercado, para a qual, consequentemente, devido à escassez de oferta, os níveis salariais terão tendência a subir.
Não
posso deixar de terminar esta crónica referindo que discordo em
absoluto daqueles que profetizam a «morte» desta profissão, devido às
capacidades das novas tecnologias, mormente, no que concerne à
integração automática de um conjunto alargado de informação nos
programas de contabilidade – por exemplo, a partir do e-faturas. Só
posso classificar esse avanço como excelente, pois liberta os
Contabilistas Certificados que o fazem (acresce que esse nem deveria ser
o seu trabalho) de um trabalho moroso e rotineiro e sem valor
acrescentado, para se dedicarem a ser uma mais-valia dentro das
organizações. Neste ponto, para que melhor se compreenda o que acima
referi, vou-me socorrer das palavras da Srª Bastonária da Ordem dos
Contabilistas Certificados, a qual refere que Contabilista Certificado
se preconiza como “…uma profissão especializada e com atores dinâmico,
interventivos e qualificados…” (Paula Franco, In Editorial da Revista
«Contabilista» de Dezembro de 2018).
IN "VISÃO"
14/03/19
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