HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
PJ fez 45 buscas no âmbito
da investigação à UTAD e aos
convénios luso-brasileiros
A Procuradoria-Geral Distrital do Porto disse esta sexta-feira que foram realizadas 45 buscas, por 80 elementos da Polícia Judiciária (PJ), na investigação que envolve a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e visa os convénios luso-brasileiros.
Em comunicado publicado na sua página na internet, a procuradoria
esclareceu que a PJ investiga "factos suscetíveis de consubstanciar,
para além do mais, crimes de peculato e crime de participação económica
em negócio, praticados no âmbito de cooperação entre a UTAD e entidades
brasileiras, tendo em vista a realização de doutoramentos e mestrados
por parte de alunos brasileiros nesta instituição".
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O ISCO |
No âmbito deste inquérito foram realizadas, durante todo o dia de
hoje, 22 buscas domiciliárias com pesquisas informáticas, 23 buscas não
domiciliárias também com pesquisas informáticas, sendo 22 em empresas e
outros locais relacionados com os suspeitos e uma na UTAD, em Vila Real.
A procuradoria informou ainda que, "por ora, não existem arguidos constituídos".
O processo encontra-se a correr termos na Secção de Inquéritos da Procuradoria da República da Comarca de Vila Real
Já
esta tarde, a UTAD esclareceu que a ação policial resultou de uma
participação da academia relacionada com os convénios luso-brasileiros.
A
academia liderada pelo reitor António Fontainhas Fernandes disse, em
comunicado, que a "ação policial faz parte de uma investigação em curso
que resultou de diversas participações formalizadas pela própria
universidade, na sequência das reportagens emitidas no âmbito do
programa "Sexta às 9" sobre os chamados "convénios luso-brasileiros".
Em
outubro de 2016, a RTP, no âmbito do programa "Sexta às 9", emitiu duas
reportagens sobre os acordos de cooperação luso-brasileiros,
denunciando que o dinheiro das propinas pagas pelos alunos brasileiros
nunca chegou à UTAD.
As reportagens envolviam ainda
professores da universidade num esquema paralelo que terá captado o
dinheiro das propinas e revelaram que, alegadamente, milhares de euros
foram parar a contas bancárias no Brasil ligadas aos docentes da
academia que estavam diretamente envolvidos na coordenação dos
protocolos.
No comunicado de hoje, a UTAD adiantou que a
reitoria e a administração "estão a colaborar, desde o início, com a
investigação em curso a qual diz respeito a factos ocorridos antes da
sua entrada em funções, facultando todos os elementos solicitados pela
Polícia Judiciária".
A UTAD acrescentou que "ninguém da
atual reitoria, em particular o reitor ou a administradora da
universidade, são arguidos no processo".
Aquando das
reportagens da RTP, o reitor reagiu às notícias, em comunicado enviado à
agência Lusa, afirmando que estavam "a ser tomadas medidas internas de
correção e de responsabilização pelas falhas detetadas".
Acrescentou
ainda que foram solicitadas "à RTP provas documentais a fim de permitir
o bom conhecimento e valoração da respetiva matéria, bem como a
respetiva junção ao processo de inquérito que corre termos no Ministério
Público do Tribunal Judicial de Vila Real".
Na altura
referiu também que, no início do seu mandato, em julho de 2013, e
perante os atrasos no pagamento dos compromissos financeiros por parte
de empresas brasileiras, encetou um conjunto de medidas.
Entre
aquelas estavam a contratação dos serviços de uma empresa de auditoria
externa para efetuar um levantamento exaustivo da situação e propor
medidas para regularização das dívidas, e o cancelamento junto da
Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) do
funcionamento dos cursos nos moldes anteriores.
O reitor
esclareceu, igualmente, que já tinha sido instaurado um processo de
inquérito na sequência de uma denúncia anónima e que foi participada ao
Ministério Público.
* Como uma casa de educação pode ser um covil de corrupção.
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