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HOJE NO
"OBSERVADOR"
Cristas:
“O ilusionismo socialista chegou ao fim”
É a segunda moção de censura do CDS contra António Costa. Para Assunção Cristas, "o Governo está esgotado e o primeiro-ministro perdido". Parte das críticas da líder centrista foram apontadas à saúde.
À hora marcada, Assunção Cristas apareceu no púlpito para
explicar os motivos da moção de censura e também a escolha do
calendário, a seis meses das próximas legislativas: “O Governo não governa, está manietado”.
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A CAMINHO DA MOÇÃO |
Depois do anúncio surpresa da moção de censura, esta sexta-feira em conferência de imprensa, a líder do CDS fez duras críticas ao Governo,
ao primeiro-ministro e aos partidos da esquerda, que apoiam o
executivo. Falou de “uma deriva ideológica da esquerda”, acusou António
Costa de ter colocado “o partido à frente do país” e de fazer “escolhas setoriais em vez de investir no interesse nacional”.
“O Governo está esgotado e o primeiro-ministro perdido”,
declarou Cristas, dizendo que o executivo “cria problemas, mas que é
incapaz de encontrar soluções”. Os adjetivos, esses, foram vários: um Governo “desorientado, desconcertado, sem ambição e sem programa”.
Um dos alvos preferenciais do discurso da líder do CDS, e que também
está vertido no texto da moção de censura avançado pelo Observador, são
os problemas no setor da saúde: “Este é o governo dos serviços públicos mínimos e da carga fiscal máxima”, atirou.
A presidente do CDS sublinhou a “má resposta” que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) dá à população.
E apontou para a sustentabilidade do SNS, referindo que “a dívida a
fornecedores e credores disparou quase mil milhões de euros em três
anos”.
A posição do Governo relativamente à ADSE também mereceu críticas por
parte de Assunção Cristas. Depois das notícias dos últimos dias, que
deram conta de que vários hospitais privados rasgaram os acordos que
tinham com o subsistema de saúde, Assunção Cristas defendeu que a esquerda deixou a ADSE “chegar a um estado de rutura” e colocou os ”interesses dos beneficiários” em “segundo plano”.
As críticas à forma como o Governo gere o setor da saúde foram mais longe, com Cristas a afirmar que “a ideologia não pode estar acima da saúde dos portugueses”, nem pode ser uma “arma de negociação partidária”, referindo-se também aos partidos da esquerda.
Na
declaração para justificar a moção de censura avançada pelo partido,
Cristas acusou o Governo de apostar “nas meias verdades” e “na tradição da velha escola socrática”. Afirmou que “cresceram os impostos indiretos e as cativações”, e referiu os “mínimos históricos” de Portugal em termos de investimento público. Apontou aquilo que diz ser a “má gestão”, o “excesso de promessas” e o “sentimento de engano que se instalou” na sociedade, e que levou a um nível de “insatisfação social crescente” e a uma “contestação que não pára de crescer”.
Assunção Cristas defendeu também que “o que corre bem” não é mérito do Governo: “O que corre bem no país é apesar do Governo e não graças ao Governo”. E declarou que o “ilusionismo socialista chegou ao fim”.
A seis meses das próximas legislativas, a presidente do CDS acusou o Governo de eleitoralismo ao afirmar que “o único futuro em que pensam é o de outubro”
e que “se este Governo e os partidos que o suportam já só pensam nas
próximas eleições, então Portugal não pode ficar à espera”.
Nova moção de censura tem chumbo garantido
O debate onde o texto da moção vai ser discutido no Parlamento ficou
marcado para a próxima quarta-feira. Na quinta-feira, está agendado o
debate quinzenal com o primeiro-ministro.
Esta é a segunda vez que o CDS de Assunção Cristas apresenta uma moção de censura.
E, tal como a primeira, dificilmente será aprovada. A primeira moção de
censura dos centristas ao Governo aconteceu em outubro de 2017, depois
dos incêndios que provocaram dezenas de vítimas mortais, e foi baseada
nas falhas do Estado e na forma como o Governo lidou com os
acontecimentos.
A moção de censura apresentada esta sexta-feira
pelo CDS vai ter vida curta, já que ao Partido Socialista juntam-se os
votos contra já anunciados de Bloco de Esquerda e PCP.
* O ilusionismo socialista afirma-se na razão directa do obscurantismo democrata cristão.
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