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Parlamento Europeu diz que vai analisar a informação revelada pelo Observador
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HOJE NO
"OBSERVADOR"
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Desvio de fundos no PS
Ana Gomes confirma que
a sua assinatura foi falsificada
Eurodeputada socialista diz que nunca assinou documentação do Parlamento Europeu que está na origem do alegado desvio de mais de 20 mil euros. Funcionário do PS é suspeito do desvio e da falsificação.
A eurodeputada Ana Gomes confirmou ao Observador que a sua assinatura
que consta de documentação do Parlamento Europeu (PE) terá sido
falsificada. Está em causa documentação relacionada com as viagens de
eleitores entre 2014 e 2016 que, tal como a investigação do Observador revelou em exclusivo, terá levado ao desvio de cerca de 20 mil euros em dinheiro vivo
em subsídios financiados com fundos públicos europeus. José Alberto
Pereira Alves, funcionário da Delegação do PS no Parlamento Europeu é o
principal suspeito do alegado desvio de fundos e da alegada falsificação
da assinatura de Ana Gomes.
“A minha assinatura não é
aquela. Parece uma boa montagem mas a minha assinatura não é aquela que
está nos documentos que me enviou”, afirmou a eurodeputada ao
Observador. Em viagem na Georgia em representação do Parlamento Europeu,
só esta sexta-feira foi possível à eurodeputada entrar em contacto com o
Observador para confirmar a alegada falsificação de assinatura.
Estão em causa dois documentos do PE a que o Observador teve acesso,
intitulados “Visita de grupo ao Parlamento Europeu convidado por um
deputado”. Trata-se de um formulário que confirma o número de visitantes
que são convidados e a sua origem, assim como os contactos do
responsável da Delegação Socialista no PE por esse grupo: o próprio José
Alberto Alves Pereira. Este funcionário da Delegação do PS é o único
responsável pela organização das viagens de eleitores, que custam cerca
de 500 mil euros por ano — valor este que é financiado a 100% com fundos
públicos europeus do PE.
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Confrontada com estes dois documentos (um com a data de 11 de julho de
2016 e outro com data de maio de 2016), Ana Gomes foi taxativa: “Não
me recordo de alguma vez ter assinado aqueles documentos. Os meus
assistentes confirmaram-me que nunca me deram aquela documentação para
assinar. Se eu tivesse assinado algo, teriam sido os meus
assistentes a darem-me os papéis para eu assinar. E não o sr. José
Alberto — pessoa de cujo trabalho e prestabilidade no apoio aos
eurodeputados do PS só tenho bem a dizer”, afirma, referindo-se a Alves
Pereira.
Existe ainda a suspeita, tal como o Observador revelou, de que as
assinaturas dos eurodeputados Liliana Rodrigues (tesoureira da Delegação
do PS) e Ricardo Serrão tenham sido igualmente falsificadas.
Confrontados com essa questão, os dois reagiram de forma diferente.
O eurodeputado açoriano afirmou reconhecer a sua assinatura e
acrescentou que se recordava de ter assinado aqueles formulários, mas a
resposta de Liliana Rodrigues foi diferente: “De momento, não estou em
condições de afirmar com toda a segurança que reconheço a assinatura,
pelo que isso requer uma peritagem”.
Recorde-se que o caso do
alegado desvio de fundos de cerca 20 mil euros em dinheiro vivo que terá
sido protagonizado por José Alves Pereira está a ser investigado pelo
DIAP de Lisboa, depois de ter sido denunciado à Procuradoria-Geral da
República em fevereiro de 2018.
Carlos Zorrinho, chefe da
Delegação do PS no PE, confirmou ao Observador que o Conselho de
Administração da Delegação “deliberou mandar executar com carácter de
urgência uma auditoria independente aos factos enunciados e de cujas
conclusões serão tiradas as devidas consequências”.
Para já, e até à
conclusão da auditoria, “fica o referido funcionário suspenso de todas
as atividades que se relacionem com o processo financeiro da Delegação,
designadamente da gestão operacional e financeira das subvenções para a
deslocação dos grupos de visitantes”, lê-se na resposta escrita enviada.
Confrontada
com esta decisão, Ana Gomes diz que vai “aguardar pelas conclusões da
auditoria urgente que foi determinada”. E concluiu: Trata-se de uma
questão grave que tem de ser esclarecida o mais rápido possível”.
Parlamento Europeu diz que vai analisar a informação revelada pelo Observador
Fonte oficial do Parlamento Europeu reagiu igualmente esta
sexta-feira à investigação do Observador através de uma declaração
genérica que não responde às perguntas específicas que o nosso jornal
enviou ao gabinete do presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani,
no dia 21 de novembro — sete dias antes da publicação da investigação
sobre o desvio de 20 mil euros alegadamente protagonizado por José Alves
Pereira.
Através do gabinete de imprensa da delegação em Lisboa, a
porta-voz Marjory Van Den Broecke afirmou, numa declaração escrita em
inglês, que “quando o Parlamento Europeu recebe informação fundamentada
de mau uso dos fundos públicos, analisa essa informação. Se se verificou
algum erro ou equívoco, e se o dinheiro alegadamente desviado é
reembolsado, o caso fica resolvido.
Se o Parlamento Europeu tem
fortes indicações de fraude, é obrigado a informar a OLAF — o
departamento da União Europeia que combate a fraude com subsídios
europeus. Após uma investigação aprofundada, a OLAF pode
reencaminhar o caso para as autoridades nacionais competentes”, afirmou a
porta-voz.
Além de ter informado o gabinete de Antonio Tajani de
toda a informação que veio a revelar no dia 28 de novembro, o Observador
perguntou especificamente se o Parlamento Europeu tencionava abrir uma
investigação interna às suspeitas de desvio de fundos e de falsificação
da assinatura dos eurodeputados do PS — suspeitas que são imputadas a
José Alves Pereira — e se tencionava informar as autoridades judiciais
portuguesas e belgas sobre as suas conclusões.
* Nem bêbada ou drogada ANA GOMES cometia uma desonestidade, é a nossa convicção.
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