HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Engenheiro da Brisa acusado de 120 crimes de corrupção em expropriações
MP acusa sete pessoas e cinco empresas de esquema criminoso nas expropriações de terrenos para as autoestradas do Douro Litoral. Terão amealhado mais de oito milhões de euros com os crimes de burla e corrupção.
Um antigo diretor da Brisa é uma das sete pessoas acusadas pelo DIAP
do Porto de crimes de corrupção e de burla, que aconteceram no âmbito
das expropriações do agrupamento de Auto-Estradas do Douro Litoral, que
inclui a A43, a A41 e a A32. Há cinco empresas também acusadas num
processo em que o Ministério Público (MP) reclama aos arguidos um total
de oito milhões de euros, valor que terão conseguido com os crimes. O esquema
passava pela aquisição de terrenos por arguidos, antes das
expropriações, que depois eram valorizadas, de forma exponencial, pelo
funcionário da Brisa. Por um terreno que
valia 3800 euros, a Brisa chegou a pagar mais 87 mil euros, diz a
Procuradoria-Geral Distrital do Porto (PGDP).
.
O principal
acusado é um engenheiro, funcionário da Brisa na altura dos factos, que
está acusado da prática de 120 crimes de burla e 120 crimes de corrupção
passiva. A outro dos arguidos são imputados 76 crimes de burla
e outros tantos de corrupção ativa, enquanto os restantes cinco estão
acusados, cada um, de 44 crimes de burla e 44 crimes de corrupção ativa.
Entre estes arguidos estão elementos ligados a duas sociedades de
imobiliário.
De acordo com a acusação, divulgada hoje pela PGDP, o
"agrupamento Auto-Estradas do Douro Litoral, de que faziam parte
diversas sociedades, entre elas a Brisa, foi nos anos 2007 e seguintes a
concessionária da conceção, projeto, construção, aumento de vias,
financiamento, conservação e exploração de vários lanços de autoestradas
situados no Norte de Portugal (A43, A41 e A32)", tendo sido neste
contexto que os crimes se concretizaram.
"A condução dos processos
expropriativos dos terrenos necessários à construção das autoestradas,
da responsabilidade de uma empresa do Grupo Brisa, foi atribuída por
esta entidade a um seu funcionário, passando este a liderar todo o
processo que culminava na celebração da escritura pública dos contratos
de expropriação amigável", explica a PGDP.
Expropriações sobrevalorizadas
No
essencial, o esquema de corrupção era este: "Os demais arguidos
previamente adquiriam as parcelas a expropriar aos respetivos
proprietários, pelo preço real ou superior, sabendo que posteriormente
seriam muito valorizadas pelo referido funcionário encarregado das
expropriações. De facto, aproveitando-se da confiança que aquela empresa
nele depositava, o mencionado funcionário da Brisa estabelecia
arbitrariamente o valor dos terrenos a expropriar, sobrevalorizando-os
de forma exponencial, atribuindo-lhe, por exemplo, fictícia capacidade
construtiva", revela o MP.
Num dos casos, concretiza a acusação, "o
terreno, pelos critérios legais, tinha o valor de 3239,50 euros e a
Brisa pagou 87 615,00 euros, correspondente a um prejuízo de 84 375,50
euros".
Na mesma acusação, diz a PGDP, "o Ministério
Público reclama dos arguidos o pagamento ao Estado de mais de oito
milhões de euros correspondente às vantagens dos crimes".
Esta acusação motivou, em abril, a Operação Ventos do Norte, da
Diretoria do Norte da Polícia Judiciária, que efetuou buscas
domiciliárias. Foram apreendidas a um dos arguidos quantias em dinheiro
no valor de 66 mil euros e um automóvel avaliado em 65 mil euros. Nenhum
dos arguidos está detido preventivamente. O inquérito foi iniciado em
2013, após uma denúncia às autoridades.
* Em Portugal a corrupção é pão com manteiga, dava para matar a fome a todos os sem abrigo do país.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário