06/06/2018

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HOJE NO 
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Aldeias têm 450 oficiais 
atentos à chegada do fogo

Programa "Aldeia segura, pessoas seguras", criado este ano, em reação aos incêndios do ano passado, está a ser dinamizado em 600 povoações do país, estando identificados 310 locais de refúgio.

Silvério Teixeira, subchefe da PSP aposentado, foi o primeiro oficial de segurança local de uma aldeia em Portugal. Desde 9 de abril que tem a seu cargo a segurança dos moradores de Vale Florido, em Ansião. Volvidos quase dois meses, há centenas de nomes que se juntam ao de Silvério pelo país fora. O programa "Aldeia segura, pessoas seguras" já conta com 450 oficiais de segurança designados.

A iniciativa, lançada pelo Ministério da Administração Interna, está a ser implementada pelos municípios e juntas de freguesia, sobretudo nos locais onde o risco de incêndio é maior (189 concelhos e 1049 freguesias), sob a orientação da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), que desenvolveu um guia de implementação do programa.

600 povoações
Os guardiões têm sido escolhidos entre moradores das aldeias. É gente da terra que todos conhecem, capazes de mobilizar os vizinhos, de precaver comportamentos de risco, de informar em caso da aproximação das chamas e de tomar as rédeas da evacuação para um abrigo ou até da povoação em situação extrema. Esta missão de grande responsabilidade é um ato voluntário.

Neste momento, contam-se 600 aglomerados envolvidos no programa. Além da designação de um oficial de segurança local, esta iniciativa contempla, também, a elaboração de planos de evacuação, a criação de refúgios coletivos dentro das localidades e a sinalização de caminhos de fuga.

Em resposta ao JN, o Ministério da Administração Interna dá conta de que começou a ser distribuída a "sinalização necessária à identificação dos percursos de evacuação e dos locais de refúgio" pelos 189 municípios com 1049 freguesias de maior risco de incêndio. As 650 mil habitações naquelas freguesias receberão uma informação com medidas de autoproteção contra incêndios.

Além da nomeação dos oficiais de segurança, cerca de 250 aldeias já dispõem de plano de evacuação e foram identificados 310 locais de abrigo coletivos. A ANPC e os autarcas têm optado por edifícios de uso coletivo, como capelas ou sedes de associações locais.

Sino dá o alerta
Por exemplo, na aldeia da Gestosa, em Vinhais, os 107 moradores dispõem de dois refúgios: a casa do povo e as instalações da associação cultural e recreativa local. Os espaços estão dotados de condições para abrigar os residentes, incluindo água e comida. O alerta é dado pelo toque do sino a rebate e caberá ao oficial de segurança local garantir que todos saem de casa, mesmo quem se encontra acamado.

A mecanização da evacuação para o refúgio em situação de emergência tem sido testada através de simulacros. Um dos últimos decorreu na aldeia de Vilar de Suente, no Soajo, Arcos de Valdevez (ler reportagem ao lado). O Ministério da Administração Interna indica que foram realizados 50 simulacros até agora. Seis mil pessoas participaram, ainda, em 125 ações de sensibilização.

* Entretanto convém não esquecer que este ano já arderam mais de mil hectares.

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