HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Aldeias têm 450 oficiais
atentos à chegada do fogo
Programa
"Aldeia segura, pessoas seguras", criado este ano, em reação aos
incêndios do ano passado, está a ser dinamizado em 600 povoações do
país, estando identificados 310 locais de refúgio.
Silvério
Teixeira, subchefe da PSP aposentado, foi o primeiro oficial de
segurança local de uma aldeia em Portugal. Desde 9 de abril que tem a
seu cargo a segurança dos moradores de Vale Florido, em Ansião. Volvidos
quase dois meses, há centenas de nomes que se juntam ao de Silvério
pelo país fora. O programa "Aldeia segura, pessoas seguras" já conta com
450 oficiais de segurança designados.
A iniciativa, lançada pelo Ministério da
Administração Interna, está a ser implementada pelos municípios e juntas
de freguesia, sobretudo nos locais onde o risco de incêndio é maior
(189 concelhos e 1049 freguesias), sob a orientação da Autoridade
Nacional de Proteção Civil (ANPC), que desenvolveu um guia de
implementação do programa.
600 povoações
Os
guardiões têm sido escolhidos entre moradores das aldeias. É gente da
terra que todos conhecem, capazes de mobilizar os vizinhos, de precaver
comportamentos de risco, de informar em caso da aproximação das chamas e
de tomar as rédeas da evacuação para um abrigo ou até da povoação em
situação extrema. Esta missão de grande responsabilidade é um ato
voluntário.
Neste momento, contam-se
600 aglomerados envolvidos no programa. Além da designação de um oficial
de segurança local, esta iniciativa contempla, também, a elaboração de
planos de evacuação, a criação de refúgios coletivos dentro das
localidades e a sinalização de caminhos de fuga.
Em resposta ao JN, o Ministério da
Administração Interna dá conta de que começou a ser distribuída a
"sinalização necessária à identificação dos percursos de evacuação e dos
locais de refúgio" pelos 189 municípios com 1049 freguesias de maior
risco de incêndio. As 650 mil habitações naquelas freguesias receberão
uma informação com medidas de autoproteção contra incêndios.
Além
da nomeação dos oficiais de segurança, cerca de 250 aldeias já dispõem
de plano de evacuação e foram identificados 310 locais de abrigo
coletivos. A ANPC e os autarcas têm optado por edifícios de uso
coletivo, como capelas ou sedes de associações locais.
Sino dá o alerta
Por
exemplo, na aldeia da Gestosa, em Vinhais, os 107 moradores dispõem de
dois refúgios: a casa do povo e as instalações da associação cultural e
recreativa local. Os espaços estão dotados de condições para abrigar os
residentes, incluindo água e comida. O alerta é dado pelo toque do sino a
rebate e caberá ao oficial de segurança local garantir que todos saem
de casa, mesmo quem se encontra acamado.
A
mecanização da evacuação para o refúgio em situação de emergência tem
sido testada através de simulacros. Um dos últimos decorreu na aldeia de
Vilar de Suente, no Soajo, Arcos de Valdevez (ler reportagem ao lado). O
Ministério da Administração Interna indica que foram realizados 50
simulacros até agora. Seis mil pessoas participaram, ainda, em 125 ações
de sensibilização.
* Entretanto convém não esquecer que este ano já arderam mais de mil hectares.
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