HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Governo retira proposta de devolver
dois anos e 9 meses a professores
Fenprof
considerava o encontro desta manhã "o mais importante do ano" mas saiu
de reunião com ministro com balanço "francamente negativo". Sindicatos
admitem alargar greves a exames e regresso às aulas
O
ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, confirmou ao final desta
tarde que o governo tirou da mesa das negociações a devolução de dois
anos, nove meses e 18 dias de tempo de serviço congelado aos
professores, acusando os sindicatos de terem inviabilizado a negociação.
Sem esta proposta, disse, "fica tudo como estava". O que significa que
os professores não irão beneficiar de qualquer reposicionamento nas
carreiras motivado por esse tempo.
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"A
partir do momento que as organizações sindicais não avançaram e não
deram nenhum passo depois de o Governo ter dado um passo não existem
condições neste momento para se proceder a um acordo e irmos para a
negociação formal", disse o ministro.
Ao
início da tarde, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, saiu
visivelmente descontente da reunião na Avenida 24 de Julho, tendo
acusado Tiago Brandão Rodrigues de não só não se aproximar do tempo de
serviço congelado que os docentes exigem ver devolvido - nove anos,
quatro meses e dois dias - como de inclusivamente ter "chantageado" os
sindicatos com a ameaça de retirar a proposta do governo, caso esta não
fosse aceite por estes como ponto de partida negocial.
Da
parte da tarde foi ouvida a Federação Nacional de Educação, FNE, com o
líder desta organização, João Dias da Silva, a repetir as acusações de
"intransigência" ao governo. Em relação ao tempo de serviço, contou, o
Ministério terá mesmo dito que só aceitaria dar início a uma negociação
"pormenorizada" sobre a forma como este será reposto se os sindicatos
aceitarem desde já a oferta colocada pelo governo em cima da mesa. Algo
que acabou por ser implícitamente reconhecido pelo ministro.
Greves aos exames e ao regresso às aulas em equação
Recorde-se
que a exigência da devolução integral do tempo de serviço congelado já
deu origem a vários protestos dos professores, nomeadamente uma
manifestação nacional que juntou cerca de 50 mil pessoas em Lisboa.
Os
docentes invocam um princípio de entendimento, assinado em novembro com
os ministérios da Educação e das Finanças, que contemplava a devolução
"do tempo de serviço" congelado, sem referir frações desse mesmo tempo,
para além de uma resolução aprovada na Assembleia da República - votada
favoravelmente pelo próprio PS. apontado para devolução de "todo" esse
tempo.
Para a segunda quinzena deste
mês, caso não surja acordo entretanto, estão previstas greves às
reuniões de avaliação, abrangendo desde o Pré-escolar ao décimo ano de
escolaridade.
As greves a exames, bem
como às avaliações dos alunos finalistas do secundário, tinham ficado de
fora no pré-aviso de greve emitido na semana passada pelos sindicatos.
Mas face ao desenrolar da reunião desta segunda-feira, com Mário
Nogueira a acusar mesmo o ministro Tiago brandão Rodrigues de
"chantagem", os sindicatos já admitem uma paralisação mais ampla,
abrangendo desde os exames nacionais às aulas e a tarefas burocráticas
como o lançamento de notas.
Já João
Dias da Silva revelou que a FNE irá ainda "colocar à consideração" dos
restantes sindicatos a realização de uma greve no regresso ás aulas, em
setembro: "Não estamos disponíveis para começar o ano letivo caso se
mantenha esta intransigência", avisou.
* Palmas para o sr. ministro da Educação, um excelso acrobata da palavra.
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