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IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
19/05/18
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ofutebolédetodos
No início de março, escrevi nesta coluna:
"O futebol em Portugal cresceu como uma doença, um cancro nacional,
lamentável e triste, digno de dó e de um constrangido encolher de
ombros, como quem espreita pela janela de um hospício". Enganei-me.
É
muito pior do que isso. Visto pela televisão, que é o campo onde agora
os jogos são disputados - os gritos valem mais do que um golo - a
vergonha alheia transformou-se em rejeição. Já não é constrangimento, é
repugnância.
Também é preciso sublinhar
que a violência no futebol não nasceu esta semana, nem é um exclusivo
português. A lista de episódios de demonstração bárbara de agressividade
relacionada com o pontapé na bola é longa e triste. E não consta que o
maior jogo do Mundo tivesse sido alguma vez disputado, apoiado e seguido
apenas por gentlemen de fraque e flor na lapela, enquanto tomam um chá
em relvado inglês. Nem que estivesse imune ao crime, à corrupção e ao
desvio de dinheiro. Não chegaram cá as notícias sobre os hooligans
ingleses ou russos, o "Calciocaos" ou os casos de corrupção na FIFA?
E
é por isso que só por incúria e falta de coragem, ou mais concretamente
por covardia, é que os envolvidos, responsáveis, autorizados,
autorizadores e demais assobiadores para o ar profissionais deixaram, ou
quiseram, que em Portugal se chegasse a este ponto.
Ao ponto do suborno, em que uns sequestram para si esta alegria do desporto, que devia ser de todos.
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
19/05/18
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