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"JORNAL DE NOTÍCIAS"
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Alterações climáticas podem secar
metade do sul europeu
As
alterações climáticas podem levar ao aumento das regiões secas no sul da
Europa, atingindo metade da área total, e o número de meses secos pode
ultrapassar os sete por ano, em algumas zonas.
As
consequências negativas das mudanças do clima podem ocorrer "na região
do Mediterrâneo, onde as zonas secas podem aumentar de 28% para 49% da
área nos casos mais extremos", relativamente ao período de referência de
1971 a 2000, refere um estudo do Helmholtz Centre for Environmental
Research (UFZ) - centro para investigação ambiental Helmholtz, publicado
esta segunda-feira.
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O número de meses
secos por ano também vai crescer significativamente no sul da Europa e,
"no caso de um aquecimento de três graus Celsius (ºC), assumimos que vai
haver 5,6 meses secos por ano, até agora eram 2,1", segundo Luis
Samaniego, cientista do UFZ especialista em hidrologia e um dos autores
principais do trabalho.
"Para algumas regiões da Península Ibérica, projetamos que a seca possa mesmo prolongar-se mais do que sete meses", acrescentou.
De
acordo com o grupo, que envolveu também cientistas dos Estados Unidos,
da Holanda e do Reino Unido, além dos do UFZ, se o aquecimento global
atingir 3º, na Europa as regiões secas vão aumentar de 13% para 26% do
total da área, na comparação com o período de referência.
Se
a subida da temperatura global for limitada a 1,5ºC, como ficou
referido no Acordo de Paris contra as alterações climáticas, alcançado
em 2015, as regiões secas podem ser limitadas a 19% do total da área.
Segundo
as contas dos cientistas, com exceção para a Escandinávia, as secas
mais prolongadas na Europa vão durar mais três a quatro vezes que no
passado e mais de 400 milhões de pessoas podem ser afetadas.
Outro
investigador que participou no estudo, Stephan Thober, refere que "um
aumento de 3ºC também significa que a água no solo desce 35 milímetros a
uma profundidade de dois metros", o que corresponde ao défice de água
registado durante o período de seca, no verão de 2003, em grande parte
da Europa.
Se ocorrer o cenário da
subida de 3ºC, os casos de seca daquela intensidade e extensão podem ser
duas vezes mais frequentes e tornar-se o normal em várias partes da
Europa.
"No futuro, as secas poderiam
mesmo ultrapassar este estado normal e o impacto na sociedade e na
economia seria severo", aponta o estudo.
Se
a subida da temperatura for 1,5ºC, segundo os cientistas, só se iriam
registar 3,2 meses de seca por ano, na região do Mediterrâneo, e haveria
uma descida da água no solo de cerca de oito milímetros.
Os
investigadores dizem que outras regiões da Europa não serão tão
afetadas como o Mediterrâneo, mesmo que a temperatura suba 3.ºC.
Nas
áreas atlânticas, continentais e alpinas, "as áreas secas vão aumentar
em menos de 10% da área total", explica o matemático Stephan Thober.
Nos
países bálticos e na Escandinávia, os aumentos de precipitação
previstos devido às alterações climáticas podem mesmo levar à redução
das áreas afetadas pela seca em cerca de 3%.
Os
cientistas do UFZ salientam que os efeitos do aquecimento global podem
ser reduzidos em parte com alguns ajustamentos tecnológicos que, no
entanto, são caros.
* Estamos tramados.
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