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HOJE NO
"OBSERVADOR"
"OBSERVADOR"
Ex-presidente da entidade das contas
dos partidos lamenta “pontos críticos”
no financiamento
A ex-presidente da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos lamentou a aprovação do diploma sobre o financiamento, reiterando que se mantêm "pontos críticos".
A ex-presidente da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos
(ECFP) lamentou esta sexta-feira a aprovação do diploma sobre o
financiamento partidário, antevendo processos de fiscalização mais
difíceis e reiterando que se mantêm “pontos críticos”.
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O
Parlamento aprovou, em votação final global, o diploma que altera o
financiamento dos partidos políticos com maioria absoluta de 192
deputados, mantendo a isenção do IVA limitada à divulgação da mensagem
política.
O diploma foi aprovado com os votos favoráveis do PSD, PS, BE, PEV e
PCP, os votos contra do CDS-PP e PAN e a abstenção dos deputados eleitos
pelo PS Helena Roseta e Paulo Trigo Pereira.
Em declarações à
Lusa, Margarida Salema, docente na Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa, lamentou a aprovação do diploma com apenas uma alteração ao
decreto que tinha sido vetado e sustentou que se mantêm “pontos
críticos”.
A jurista, que esteve à frente da ECFP entre 2009 e
2017, considerou particularmente crítico que tenha acabado o limite aos
montantes obtidos através de angariação de fundos e que tenha sido
“retirado o poder regulamentar” à Entidade das Contas e Financiamentos
Políticos para estabelecer regras de apresentação da contabilidade
partidária anual, considerando que isso tornará mais complexo e difícil a
análise das contas.
Contudo, o principal ponto crítico, advertiu,
é a manutenção da norma que “permite uma aplicação retroativa da lei” a
processos pendentes, seja no Tribunal Constitucional, seja a aguardar
julgamento noutros tribunais.
Margarida Salema sublinhou que no
Tribunal Constitucional “pendentes de julgamento estão 24 processos, o
mais antigo de 2009”, sendo que alguns dos quais já têm pareceres feitos
ao abrigo da lei anterior.
“Os pareceres vão ser transformados em
decisões?”, questionou, referindo-se ao novo modelo de fiscalização
aprovado hoje, que prevê que a ECFP passa a ter a competência de
apreciar as contas e de aplicar coimas por violação da lei do
financiamento.
No atual modelo, a ECFP realiza auditorias e emite
pareceres técnicos que envia ao Tribunal Constitucional, órgão que
decide sobre a legalidade e irregularidade das contas, enviando depois
os acórdãos para o Ministério Público que promove a aplicação das
coimas.
No modelo aprovado esta sexta-feira, a ECFP decide sobre a
legalidade das contas, pode aplicar coimas e o TC só é chamado a
intervir se os partidos apresentarem recurso por discordarem das
decisões.
O diploma regressa a Belém para promulgação ou veto com
uma única alteração aprovada, do CDS-PP: a manutenção do regime de
reembolso do IVA por despesas com a atividade partidária tal como está
na lei em vigor.
O Presidente da República manifestou-se
satisfeito com o resultado da votação, considerando que as alterações
introduzidas pelo parlamento à lei do financiamento dos partidos foram
além do que ele próprio tinha proposto quando vetou o diploma.
* Não descortinamos porque o P.R. está satisfeito, os partidos continuam paulatinamente a distanciar-se de quem neles vota, por isso a abstenção tem os valores que tem. Não há inocência no trabalho dos partidos, premeditadamente talvez lhes convenha o afastamento dos eleitores, a capacidade de manobra é maior.
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