HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Quase dois terços dos funcionários públicos sem progredir em janeiro
Quase dois terços dos funcionários públicos não vão ter qualquer
acréscimo salarial no próximo ano, apesar do descongelamento das
progressões na carreira em janeiro, disse o dirigente da FESAP, José
Abraão, em entrevista à agência Lusa.
.
.
“Nem toda a gente
vai ter uma mudança de posição remuneratória por consequência do
descongelamento” das progressões na carreira em 2018, afirmou o
secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública
(FESAP), estrutura afeta à UGT.
Segundo
o dirigente sindical, “há quase dois terços dos trabalhadores da
administração pública que não têm qualquer aumento salarial, qualquer
progressão na carreira” no próximo ano, ou seja, dos cerca de 680 mil
trabalhadores do Estado, mais de 60% ficarão com o salário que tinham em
2009, último ano em que houve aumentos.
Fora
dos acréscimos salariais que serão aplicados por consequência do
descongelamento das progressões estão, por exemplo, os contratos
individuais de trabalho, nomeadamente nos hospitais EPE, que não têm uma
carreira definida, ou funcionários públicos que não reuniram as
condições nos últimos anos para ter direito à progressão, explicou.
De
acordo com a lei, a progressão na carreira é obrigatória sempre que os
funcionários somem 10 pontos na avaliação de desempenho, que vão
acumulando ao longo dos anos. E nem todos os trabalhadores acumularam os
pontos necessários durante os anos do congelamento (de 2011 a 2017).
“Não
é bom que se passe a ideia de que os trabalhadores da Administração
Pública vão ver melhorada de forma significativa a sua vida e o seu
rendimento, bem pelo contrário” sublinhou o líder da FESAP.
“Há
centenas de milhares de trabalhadores que, mantendo os seus salários,
vão ver subir o preço da água, da energia, das telecomunicações, por
consequência da inflação, do seu dia a dia, e nem isso vão ver reposto”,
acrescentou, lembrando que a FESAP propôs aumentos salariais de 2,5%
para o próximo ano, que não foram aceites pelo Governo.
O
sindicalista lembrou ainda que o descongelamento das carreiras será
feito de forma faseada o que significa que em janeiro, quem tiver
direito à progressão, recebe apenas 25% do acréscimo salarial, o que irá
traduzir-se “em aumentos salariais de 4 euros, de 7 euros, de 8 euros”.
“Vão receber
25% daquilo a que têm direito, quer estejam em posições remuneratórias
certas, quer estejam em posições remuneratórias virtuais ou intermédias,
carreiras inalteradas, gerais, subsistentes ou especiais”, especificou
José Abraão.
Embora
sublinhe que a estrutura sindical “valoriza o descongelamento”, José
Abraão considerou que “a melhoria salarial é de tal maneira
insignificante que a maior parte dos trabalhadores nem a vai sentir”,
sobretudo numa altura em que deixa também de existir o duodécimo do
subsídio de Natal, que volta a ser pago por inteiro a partir de 2018.
Nas
primeiras posições da tabela remuneratória única da administração
pública, a diferença entre uma posição e outra (a progressão), é de
cerca de 50 euros, por isso, “na melhor das hipóteses, em janeiro,
muitos destes trabalhadores vão receber 12,5 euros”, segundo as contas
do sindicalista.
Por
sua vez, haverá "provavelmente quem tenha 150, 200 euros, mas mesmo
assim o pagamento faseado dá 50 euros em janeiro para aqueles que têm
salários mais elevados e que também ganharam o direito à progressão",
acrescentou.
José
Abraão disse ainda ter dúvidas sobre como será feito o descongelamento
para os trabalhadores que acumularam mais de dez pontos na avaliação de
desempenho nos últimos anos e que terão direito a duas progressões.
De
acordo com o sindicalista, a questão será discutida na próxima reunião
com a secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, Fátima
Fonseca, marcada para dia 18 no Ministério das Finanças.
“Tudo
isto deixa-nos alguma preocupação quanto à necessidade do ano de 2018
poder ser de facto o momento de virar de página”, concluiu José Abraão.
* A pobreza continua.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário