HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Violação e ausência de menstruação:
a vida das militares da Coreia do Norte
Relatos de uma antiga soldado norte-coreana revelam a vida desconhecida das militares daquele que é o quarto maior exército do mun
Lee So Yeon dormiu, durante dez anos, no
chão de um quarto que dividia com outras vinte mulheres. Ao lado do
colchão, mantinha - como as colegas - um conjunto de gavetas onde
guardava os uniformes e, por cima delas, duas fotografias emolduradas.
Uma do primeiro líder da Coreia do Norte, Kim Il-sung, e outra de Kim
Jong-il, antecessor de Kim Jong-un.
Mais
de quinze anos depois de ter abandonado o Exército, Lee So Yeon recorda
em pormenor esses tempos. Em entrevista à britânica BBC, contou que
dormia num colchão feito de casca de arroz, onde se infiltravam "todos
os odores corporais" e lamentou a falta de condições sanitárias.
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"Como
mulher, uma das coisas mais difíceis era a falta de condições para
tomar banho como deve ser. Não havia água quente. Ligavam uma mangueira a
uma nascente e a água saía por lá". Às vezes, além da água, saíam sapos
e cobras.
Lee So Yeon foi a primeira
mulher da família a representar o Exército norte-coreano. Fê-lo em 1990
(tinha 17 anos), quando a fome devastou o país, motivada pela ideia de
que teria garantia, pelo menos, uma refeição por dia. Como ela,
milhares.
Os treinos árduos e as
escassas refeições foram fazendo-se sentir nos corpos das
soldados."Depois de seis meses ou um ano de serviço, já não nos
menstruávamos, por causa da má nutrição e do ambiente stressante",
relatou.
A ausência de menstruação é um tópico de
que também fala Juliette Morillot, autora francesa do livro "Coreia do
Norte em 100 perguntas" que, há pouco tempo, visitou um campo de treinos
na Coreia do Norte.
"Uma das jovens
com quem falei, que tinha 20 anos, disse-me que treinava tanto, que já
não tinha menstruação há dois anos", disse. Outras contaram-lhe que,
dada a falta de casas de banho privativas, não era raro terem de fazer
as necessidades, a céu aberto, em frente aos homens.
Lee
So Yeon aponta o dedo ao Exército, que acusa de não ter conseguido dar
resposta às necessidades íntimas das mulheres, que muitas vezes se viram
obrigadas a reutilizar pensos higiénicos.
Desde
2015 - quando o serviço militar (com duração de sete anos) passou a ser
obrigatório para todas as mulheres - que o governo norte-coreano
estimula a distribuição de produtos de higiene e cosmética na maioria
das unidades. Isso faz com que as empresas norte-coreanas desses ramos
possam competir com marcas internacionais.
Além
das rotinas de treinos semelhantes à dos homens - as delas eram um
pouco mais curtas do que as deles -, as mulheres estavam a cargo das
tarefas domésticas do dia-a-dia, como limpar e cozinhar.
Tanto
Morillot como Yeon dizem que a cultura machista e patriarcal ainda está
muito viva na Coreia do Norte e a ex-militar conta que, durante o tempo
em que esteve no Exército, entre 1992 e 2001, muitas mulheres foram
violadas por militares seniores.
Apesar
de estar prevista, na lei norte-coreana, a punição de até sete anos de
prisão para crimes de abuso sexual, "na maior parte das vezes, ninguém
está disponível para testemunhar, por isso os homens saem sem punição",
diz a escritora.
Lee So Yeon saiu do
Exército quando tinha 28 anos. No ano seguinte, depois de ter estado
presa por tentativa de fuga, conseguiu escapar para o sul da península.
* E a comunidade internacional aceita que um país destes exista desta maneira. As "bocas" são eficientes mas a eficácia é "ZERO".
* E a comunidade internacional aceita que um país destes exista desta maneira. As "bocas" são eficientes mas a eficácia é "ZERO".
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