HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Hospitais deixaram mais 307 milhões
por pagar até Julho
Os pagamentos em atraso no sector público voltaram a aumentar e a culpa é dos hospitais, de acordo com o relatório pós-avaliação da Comissão Europeia. Apesar de o acesso a cuidados de saúde ter melhorado, a viabilidade financeira continua em terreno negativo.
Não há forma de estancar as dívidas nos hospitais. Os pagamentos em
atraso na administração pública voltaram a aumentar ao longo deste ano -
até Julho, o montante de compromissos por pagar cresceu 249 milhões de
euros, para um total de 1,1 mil milhões de euros. E se no ano passado
este indicador estabilizou, ele voltou a crescer este ano e
"inteiramente" por responsabilidade dos hospitais públicos, de acordo
com o último relatório de avaliação pós-programa da Comissão Europeia, divulgado esta sexta-feira.
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"Depois
de uma estabilização alargada em 2016, em comparação com o final de
2015, com 900 milhões de euros em atraso devido a uma regularização
significativa de pagamentos em Dezembro, os pagamentos em atraso no
sector público voltaram a aumentar num total de 249 milhões de euros
para 1,1 mil milhões de euros até ao final de Julho de 2017", lê-se no
relatório de Bruxelas.
Este aumento geral deve-se
"inteiramente ao aumento em 307 milhões de euros dos hospitais públicos
(EPE)", que levaram o ‘stock’ de dívida do Serviço Nacional de Saúde a
"ultrapassar os 850 milhões de euros no final de Julho" deste ano. Os
técnicos da Comissão Europeia dizem que o "planeamento e o controlo
orçamental continuam a ser um desafio nos hospitais públicos".
O
acesso a cuidados de saúde – e a respectiva qualidade – até tem estado a
melhorar, lê-se no referido documento, mas não tem acontecido o mesmo
na sustentabilidade financeira do SNS. Isto mesmo depois de se terem
implementado "diversas medidas para aumentar a eficiência e
sustentabilidade do sector da saúde", entre as quais a centralização das
compras de bens e serviços através dos Serviços Partilhados do
Ministério da Saúde (SPMS), o alargamento da comparticipação de
genéricos, a redução dos preços dos medicamentos, a redução das listas
de espera e o aumento das Unidades de Saúde Familiar (USF).
Problemas orçamentais na saúde não se resolvem com imposto sobre refrigerantes
Ao
mesmo tempo, o "acesso a cuidados primários de saúde e a medidas de
prevenção continua a aumentar". No entanto, apesar de a "reforma
hospitalar" estar em curso, "o grande aumento dos pagamentos em atraso
ao longo do ano evidencia um fraco planeamento e controlo orçamental",
comenta a Comissão Europeia. O relatório recorda que o Governo aprovou
um imposto sobre as bebidas açucaradas, que deve render 80 milhões de
euros este ano, mas diz que não chega.
A taxa "tem como
objectivo resolver o problema de sustentabilidade do SNS", mas, apesar
de "ajudar a reduzir o stock de pagamentos em atraso", o uso "de
dotações no final do ano e da receita do imposto sobre bebidas
açucaradas" não "ataca os factores que estão por detrás desta tendência
de subida" dos pagamentos em atraso. Bruxelas deixa uma sugestão: será
necessário "uma orçamentação mais rigorosa e equilibrada", "controlos
mais apertados" e "uma aplicação mais efectiva da lei dos compromissos".
Os
hospitais e os metros de Lisboa e Porto são, de acordo com a Comissão
Europeia, as áreas do sector empresarial público onde "prevalecem
resultados operacionais negativos elevados".
Dados do SNS mostram que situação piorou em Agosto
De acordo com os dados do portal do Serviço Nacional de Saúde,
os pagamentos em atraso cifravam-se em 550 milhões de euros em Dezembro
de 2016 e desde então não pararam de subir. Se em Julho o valor se
cifrava em 855 milhões de euros, em linha com o que afirma a Comissão
Europeia, no mês de Agosto a situação voltou a piorar e já estavam 907
milhões de euros em atraso.
A dívida total a fornecedores
externos ao SNS também não parou de subir desde Dezembro de 2016. No
final do ano cifrava-se em 1,57 mil milhões de euros, mas em Agosto já
tinha ultrapassado os dois mil milhões de euros - precisamente 2,02 mil
milhões de euros.
No final do ano passado, o Governo fez um pagamento de cerca de 200 milhões de euros de dívidas a diversos fornecedores, incluindo corporações de bombeiros, através de um plano de regularização de dívidas em atraso.
Recentemente, a indústria farmacêutica e os hospitais privados pediram ao Governo um programa de regularização de dívidas na saúde.
* Grandes gestores...
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