HOJE NO
"DINHEIRO VIVO"
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Passageiros portugueses sem
solução para regressar a casa
Regulador britânico fretou aeronaves para garantir regresso dos passageiros ‘lesados’ da Monarch. Mas as viagens só têm como destino o Reino Unido
Quatro dias depois do fecho súbito de
operações, os portugueses que viajaram com a Monarch Airlines para fora
do país ainda estão sem solução para regressar a casa. O regulador da
aviação civil britânico alugou 30 aviões para retirar do estrangeiro 110
mil passageiros em viagem, mas estes voos só têm como destino o Reino
Unido.
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A MARCA DA VIGARICE |
À espera estão dezenas de portugueses que, para já, têm apenas
como opção comprar um bilhete noutra companhia para um regresso
imediato, apurou o Dinheiro Vivo.
“A medida não faz discriminação de nacionalidade e repatria para o Reino
Unido todos os passageiros da Monarch.
O regresso a Portugal é uma
questão que ainda não está resolvida”, admitiu ao Dinheiro Vivo, fonte
oficial da embaixada britânica em Lisboa, que está a trabalhar em
coordenação com o Ministério dos Transportes de Theresa May.
Sem dar indicação de quantos portugueses em
viagem podem ter sido surpreendidos pela falência da companhia aérea
low-cost, a embaixada realça que “o número de não britânicos afetados
não é sequer comparável aos restantes 110 mil britânicos” e confirma que
“estão a ser feitos contactos entre o regulador da aviação do britânico
(CAA) e o regulador português, a ANAC,” para encontrar uma medida de
apoio que permita trazer estas pessoas para Portugal.
“A solução encontrada deu prioridade aos cidadãos britânicos porque se
entendeu que o principal ramo de atividade da companhia seria levar
britânicos para o sul da Europa”, reforça ainda a responsável,
sublinhando que “não chegaram a ser ponderadas as duas vias da viagem
[saída do Reino Unido com portugueses e regresso de Portugal com
ingleses] porque se tentou aproximar o repatriamento da data dos
bilhetes dos passageiros”.
Contactada, a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) confirma que
está a acompanhar a situação e remete mais esclarecimentos para o
comunicado enviado esta segunda-feira, após o anúncio de falência do
grupo britânico.
Nesta nota, o regulador português apela a que os cidadãos nacionais “com
título de transporte da companhia aérea Monarch Airlines que se
encontrem fora de Portugal e pretendam regressar” enviem informação
relativa ao voo de regresso para um email criado para o efeito –
passageirosmonarch@anac.pt – de forma a que a ANAC possa acompanhar o
caso.
A solução de repatriamento dos passageiros não-britânicos poderá passar tanto pelo frete de aeronaves ou, se o número de pessoas não o justificar, pela distribuição dos viajantes por outras transportadoras. Certo é que deverá seguir a linha do mecanismo de repatriamento para o Reino Unido – ser gratuita para quem viaja.
As preocupações nacionais estão longe de ficar por aqui. Além dos 110
mil passageiros já em viajar, a falência súbita da Monarch afetou ainda
outras 350 mil reservas já previstas para os meses de inverno. Em
Portugal, os maiores efeitos vão sentir-se no Algarve onde a companhia
aérea é a quarta mais importante, com 60 voos semanais. Era também a
única que assegurava um transporte regular para cinco cidades britânicas
no Inverno, lembra João Soares, hoteleiro e representante da Associação
da Hotelaria de Portugal (AHP) no Algarve.
No aeroporto de Faro fazem-se as contas para tentar colmatar os 165 mil
lugares que a Monarch vai deixar vazios no Inverno. O Dinheiro Vivo sabe
que a ANA está ativa a tentar encontrar novos operadores que possam vir
a ocupar o vazio deixado, uma ideia reforçada ontem num encontro sobre
rotas aéreas de Inverno, que teve lugar no aeroporto de Faro.
Entre as soluções mais imediatas está um reforço da operação das
companhias easyJet e Ryanair. E há ainda a expectativa de que a
britânica Jet2 confirme o interesse já mostrado na operação da falida
Monarch.
A equipa de Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, assume
que está “a acompanhar a situação e avaliar impacto, procurando
encontrar soluções para garantir manutenção da capacidade aérea para o
Algarve no inverno”. Acrescenta ainda que está pronta para receber
“todos os contributos” do setor, numa altura em que ainda se tenta
perceber quais as consequências reais do cancelamento da operação.
* E o apoio do governo português às vítimas da Monarch? ZERO.
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