HOJE NO
"OBSERVADOR"
Candidatura à EMA:
relatório identifica dois
pontos fracos no Porto
O relatório que analisa as 19 cidades candidatas a acolher a EMA aponta dois problemas ao Porto. Comissão da Candidatura Nacional desvaloriza e garante que vai esclarecer as duas questões em breve.
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Mais de metade dos 890 funcionários da Agência Europeia do Medicamento (EMA) vê com agrado a mudança para o Porto,
segundo o relatório agora divulgado pela agência. As condições de
assistência médica, segurança social e acesso ao mercado de trabalho
para as famílias receberam a avaliação máxima.
Por outro lado, o
relatório de avaliação identifica dois pontos fracos: a falta de ligações aéreas diretas do Aeroporto Sá Carneiro e a falta de informação em relação aos edifícios propostos
para albergar a estrutura. “Duas pequenas questões que achamos que
podemos esclarecer e transformá-las em verde”, explica ao Observador o
ex-secretário de Estado da Saúde e membro da Comissão da Candidatura
Nacional à EMA.
As candidaturas das 19 cidades europeias a acolher
a EMA foram avaliadas em relação aos edifícios propostos para acolher a
estrutura, às acessibilidade, às escolas internacionais disponíveis
para acolher os filhos dos muitos funcionários, às condições do mercado
de trabalho para que as famílias se integrem na cidade, assistência
médica, segurança social e ao número de agências europeias já presentes
no país.
De acordo com os relatórios, Amesterdão, Barcelona, Copenhaga, Milão e Viena são preferidas pelos funcionários da EMA: mais de 65% escolheram viver nestas cidades. O Porto empata com Bona, Bruxelas, Dublin e Lille.
Entre 50% a 65% dos funcionários disseram estar dispostos a viver
nestas cinco cidades. No fundo da lista estão Atenas, Bucareste,
Helsínquia, Estocolmo, Malta, Bratislava, Sófia, Varsóvia e Zagreb.
Onde o Porto se sai pior é nos edifícios propostos para acolher a Agência e nas ligações aéreas.
“Má conexão” para outras capitais, pode ler-se no relatório, uma vez
que a oferta “depende consideravelmente de uma ponte aérea via Lisboa, o
que aumenta significativamente o tempo de viagem”. Por outro lado, as
ligações e os transportes públicos entre o aeroporto e a cidade têm
“excelente qualidade”.
Em relação às três sedes propostas —
Palácio dos Correios, nos Aliados, Palácio Atlântico, na Praça D. João
I, ou um novo edifício na Avenida Camilo Castelo Branco –, o Atlântico é
o edifício com mais avaliações a cor de laranja escuro, a pior entre
quatro categorias (a mais positiva fica a verde). O relatório da agência
aponta que “a capacidade para 1300 estações de trabalho não está
assegurada”. Mas, sobretudo, as más avaliações devem-se à falta de
informação sobre vários detalhes técnicos nos três edifícios.
“Vamos
apresentar um estudo em 3D e demonstrar que a dúvida de ter os
edifícios prontos a tempo não se justifica”, explica ao Observador
Eurico Castro Alves, membro da Comissão da Candidatura Nacional à EMA em
representação da Câmara Municipal do Porto. “A própria Comissão
Europeia veio dizer que confirma que Portugal vai cumprir com o
calendário.”
O ex-secretário de Estado da Saúde e ex-presidente do
Infarmed desvaloriza os dois pontos onde Portugal se sai pior no
relatório porque, garante, as informações corretas vão chegar brevemente à EMA.
“Os edifícios vão cumprir com as adaptações necessárias”, sublinha,
remetendo mais detalhes para uma conferência de imprensa que terá lugar
na Associação Comercial do Porto, na terça-feira, 10 de outubro,
acompanhada da divulgação de um relatório da consultora Ernst &
Young, “que coloca o Porto no top 5” das cidades candidatas.
Quanto
às ligações aéreas, “é falsa questão”, afirma, baseando-se “num estudo
feito que demonstra que qualquer agência do medicamento está à distancia
de menos de 4h e com voos diretos”. Eurico Castro Alves destaca os
“mais de 80 voos diretos” de e para o Porto e a rapidez de ligação entre
o centro da cidade e o aeroporto. “São 15 minutos de carro. Em Londres a EMA fica a uma distância de duas horas de carro.”
Na
categoria da descentralização, o Porto não tem nenhuma agência
europeia, mas Lisboa já é sede de duas agências europeias, a da
Segurança Marítima e o Observatório Europeu da Droga e da
Toxicodependência.
Eurico Castro Alves mostra-se “muito satisfeito” com as conclusões do relatório porque Portugal surge “no grupo dos elegíveis”.
“São duas pequenas questões que achamos que podemos esclarecer e
transformá-las em verde.” Na sexta-feira começam as discussões dos
países membros e, dentro de duas semanas, o representante diplomático
português terá três minutos para apresentar a candidatura portuguesa e
esclarecer as dúvidas levantadas pelo relatório.
Uma vez defendidas as 19 candidaturas, começam as negociações para a angariação de votos.
“É uma votação dos 26 países e agora há aqui alguma gincana
diplomática. Sei que os nossos diplomatas e o Ministério dos Negócios
Estrangeiros estão a fazer um trabalho espetacular, empenhadíssimo”,
elogia Eurico Castro Alves.
A EMA terá de deixar o Reino Unido em
março de 2019, devido ao Brexit. A cidade escolhida será conhecida em
novembro. Para Portugal, a instalação da EMA no Porto pode representar a
entrada “de mais de 1000 milhões de euros”, sublinha o ex-secretário de
Estado da Saúde.
* Neste país os diversos poderes instituídos resumem os seus mais importantes duelos a duas cidades, Lisboa e Porto. Contribui para isso a falta de estratégia política de todos os governos para construir polos de atracção noutras cidades enchendo-as de betão e recusando-lhes infraestruturas. Uma opção miserável.
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