ESTA SEMANA
NA "SÁBADO"
Juiz justifica violência doméstica
com traição de mulher
"O adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem", lê-se num acórdão do Tribunal da Relação do Porto.
Foi perseguida e sequestrada pelo amante. Ao descobrir da relação
extraconjugal, o marido separa-se dela, ameaça-a de morte e agride-a com
uma moca com pregos. Tanto o amante como o marido são condenados a pena
suspensa por violência doméstica. Qual a justificação do Tribunal da
Relação do Porto? "O adultério da mulher é um gravíssimo atentado à
honra e dignidade do homem".
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Segundo o acórdão, a que o Jornal de
Notícias teve acesso, a Relação do Porto arrasa a mulher que traiu o
marido e tenta justificar as penas de prisão suspensas citando a Bíblia e
o Código Pena de 1886. "O adultério da mulher é um gravíssimo atentado à
honra e dignidade do homem. Sociedades existem em que a mulher adúltera
é alvo de lapidação até à morte. Na Bíblia, podemos ler que a mulher
adúltera deve ser punida com a morte", lê-se.
No documento, composto por duas dezenas de páginas, são usadas oito
frases para manter as penas suspensas do marido e do amante, fixadas
pelo Tribunal de Felgueiras, e que levou o Ministério Público a recorrer
para a Relação. Contudo, a Relação critica a "formalidade do recurso"
do MP, dizendo que não respeitou as regras de formulação.
Além
disso, a Relação justifica ainda as penas suspensas com o Código Penal
de 1886. "Ainda não há muito tempo que a lei penal punia com uma pena
pouco mais que simbólica o homem que, achando a sua mulher em adultério,
nesse acto a matasse", lê-se no acórdão. "Com estas referências
pretende-se apenas acentuar que o adultério da mulher é uma conduta que a
sociedade sempre condenou e condena fortemente (e são as mulheres
honestas as primeiras a estigmatizar as adúlteras) e por isso vê com
alguma compreensão a violência exercida pelo homem traído, vexado e
humilhado pela mulher", justificam os desembargadores.
* Citar a Bíblia e o código penal de 1886 revela a existência de julgadores do tempo da Inquisição apesar de estarmos no século XXI, só falta apedrejar a vítima. PORRA!!!
Esta mulher sequestrada e agredida é tão vítima da justiça portuguesa como são as vítimas dos incêndios, será que o sr. Presidente a vai consolar e dar um beijinho?
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