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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS/
/DA MADEIRA"
Crianças portuguesas encabeçam acção judicial contra países poluidores
em tribunal europeu
Uma
campanha internacional foi lançada hoje para financiar uma ação
judicial inédita junto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos contra
países poluidores, interposta em nome de seis crianças portuguesas do
distrito de Leiria, gravemente afetado pelos incêndios deste verão.
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A
iniciativa foi lançada pela organização sem fins lucrativos Global
Legal Action Network (GLAN), que assume como missão “promover os
direitos humanos através de ações judiciais inovadoras”, apoiada por uma
equipa de juristas em Londres, especialistas em direito do ambiente e
das alterações climáticas.
A campanha
(https://www.crowdjustice.com/case/climate-change-echr/) foi lançada
numa plataforma de financiamento coletivo (’crowdfunding’) dedicada
apenas a questões jurídicas.
O diretor, Gearóid Ó Cuinn, disse à
agência Lusa que a organização já tinha um grupo de trabalho sobre as
alterações climáticas e que se debruça sobre o facto de as atuais
políticas serem “completamente inadequadas para conseguir o corte das
emissões”.
Este verão, um membro da organização -- um português
que esteve em Portugal de férias, no distrito de Leiria - apercebeu-se
de que muitas conversas se centravam no impacto dos incêndios florestais
e na influência das alterações climáticas.
Surgiu então a
oportunidade de iniciar uma ação, associando seis crianças portuguesas,
dos 08 aos 14 anos, que serão os primeiros litigantes.
“O caso
português encaixa perfeitamente”, sublinhou, referindo, porém, que
espera que se juntem outros litigantes, nomeadamente da Escandinávia.
Neste
país, já foi considerado que o agravamento das taxas de suicídio poderá
também estar relacionado com as alterações climáticas.
Em vez de
enfrentar processar apenas um país, a organização quer abrir uma ação
contra os maiores emissores de gases com efeito de estufa (GEE) de entre
os 47 países que aderiram à Convenção Europeia dos Direitos do Homem
(CEDH).
“Os maiores emissores de GEE de entre os 47 países que
ratificaram a CEDH são coletivamente responsáveis por cerca de 15% das
emissões globais de GEE. Além disso, estes países detêm uma proporção
significativa das reservas mundiais conhecidas de combustíveis fósseis”,
refere o texto da campanha.
A iniciativa conta com membros da
sociedade de advogados Garden Court Chambers, especialistas em questões
relacionadas com os direitos humanos, entre os quais Marc Willers.
“Este
caso pretende continuar os sucessos alcançados por litígios sobre
mudanças climáticas em todo o mundo até agora”, afirmou o advogado, a
propósito de casos como o da Holanda, onde um tribunal local ordenou o
Governo a reduzir as emissões de gás com efeito de estufa no país em 25%
até 2020.
A decisão foi tomada na sequência de uma ação iniciada
por um grupo de cidadãos com a ajuda da organização não-governamental
Urgenda.
No caso da atual ação, a meta final é angariar 350 mil
libras (cerca de 385 mil euros) para “cobrir os custos de preparação e
também de uma campanha de sensibilização da opinião pública”, mas o
objetivo inicial é conseguir pelo menos 20.000 libras (cerca de 22.600
euros).
“É difícil financiar litígios e muitas pessoas não
percebem o valor de uma ação jurídica, sobretudo na área ambiental.
Queremos mostrar que a ideia tem interesse público e jurídico”, vincou
Gearóid Ó Cuinn.
Desde o início do ano arderam em Portugal 209
mil hectares nos fogos rurais, tendo o distrito de Leiria sido um dos
mais afetados, nomeadamente Pedrógão Grande.
Em junho, o fogo que deflagrou neste concelho provocou 64 mortos e mais de 200 feridos, queimando 53 mil hectares de floresta.
* Uma bela iniciativa, desejamos que vá o mais longe possível.
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